Aprovação de contas da Saúde é adiada novamente
A aprovação das contas de setembro da Saúde em Marília foi postergada mais uma vez pelo Comus (Conselho Municipal da Saúde), em reunião realizada entre a tarde e a noite de quarta-feira (30), na Associação Feminina de Marília Maternidade/Gota de Leite.
As contas ainda não foram aprovadas devido a compra suspeita de 450 tablets por cerca de R$ 1 milhão pela Secretaria Municipal da Saúde – o valor estaria acima do praticado no mercado, entre outros detalhes “estranhos”.
Em reunião do Conselho de 26 de outubro levantou-se a questão e foi adiada a aprovação das constas do mês anterior. O Ministério Público também investiga o caso.
Agora novamente a aprovação foi jogada para frente – provavelmente para reunião prevista para 14 de dezembro.
A presidente do Comus, Virgínia Maria Pradella Balloni, disse em entrevista ao Marília Notícia que os conselheiros ainda não têm condições de se posicionar em relação ao assunto.
Um funcionário foi enviado pela Prefeitura para prestar esclarecimentos aos conselheiros, mas não foi suficiente para resolver todas as dúvidas deles.
“A questão é complexa, queremos documentos para que especialistas escolhidos pelo Comus possam nos ajudar a entender melhor o caso. Os membros do Conselho têm vários questionamentos”, disse Virgínia.
ENTENDA
O Comus quer explicações devido a uma compra suspeita envolvendo suposta influência do ex-secretário da pasta e vereador mais votado para o próximo mandato na Câmara, Danilo Bigeschi (PSB) e seus familiares.
A Prefeitura gastou cerca de R$ 1 milhão na compra de 450 tablets para agentes de campo da rede básica – cerca de R$ 2.350 cada equipamento – em 8 de setembro. A empresa que venceu a licitação tem o nome fantasia W3 Telecom.
Membros do Comus informaram ao Marília Notícia que o valor de mercado dos aparelhos é de aproximadamente R$ 1.200 – quase metade do valor pago.
Além disso, os conselheiros estranharam o pagamento à vista da compra, haja vista a dificuldade financeira pela qual a Saúde passa, inclusive com atrasos nos salários de servidores.
Outro fator que chama a atenção na aquisição dos equipamentos eletrônicos é o vínculo da empresa com o ex-secretário da Saúde, Danilo Bigeschi. O proprietário seria seu cunhado. Tudo será investigado.
OUTRO LADO
Questionado pelo MN, Bigeschi disse que não tem qualquer relação com o caso. “Desculpe mas não tenho relação alguma com o caso, desconheço qualquer irregularidade e meus advogados já vão acionar os que estão expondo meu nome e minha imagem sem fundamento legal. As ações indenizatórias serão doadas a instituições de caridade.”, disse.
“Estão usando de má-fé insistindo no equívoco novamente, eu não era secretário desde março e a licitação foi realizada em junho”, disse após publicação desta matéria no MN. O texto foi editado após a observação.
Essa foi a primeira vez que Danilo se manifestou ao MN apesar de questionado em pelo menos outras três ocasiões.
Convidado a dar uma entrevista para a reportagem, respondeu que “minha obrigação é somente prestar explicações aos órgãos responsáveis, o que já foi feito no mês passado”. No entanto, ele não explicou quais órgãos seriam esses.
A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que fornecerá todos os documentos e todas as informações solicitadas pelo Comus.
Recentemente, a empresa que vendeu os tablets enviou a seguinte nota ao MN:
“A KAO SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES, que atende pelo Nome Fantasia de W3 TELECOM, empresa que exerce suas atividades com o foco exclusivo na comercialização de bens e serviços a empresas e grupos econômicos, universidades, hospitais e prefeituras, com sede há mais de 10 (dez) anos na cidade de Marília, vem realizando suas atividades empresariais normais, tanto nesta comarca como na Capital do estado e em clientes por todo o Brasil, o que certifica a expertise para a realização de suas atividades com reconhecida eficiência, vem a público esclarecer que: 1. Participou do PREGÃO PRESENCIAL N.° 135/2016, tendo apresentado melhor proposta de preço e qualificação técnica para a prestação dos serviços contratados, sendo vitoriosa no certame; 2. Nunca foi procurada por qualquer pessoa, instituição pública ou privada, ou ONG para dar quaisquer esclarecimentos sobre o processo licitatório que participou e ganhou. A empresa tem seus telefones divulgados para seus clientes, cadastros em fornecedores e website (www.w3telecom.com.br), inclusive no serviço de auxílio à lista da Embratel com o nome KAO SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA; 3. Que a contratação, além da compra dos tablets consistem nos serviços de manutenção dos aparelhos e suporte técnico aos usuários, cujos serviços estão à disposição da Prefeitura Municipal de Marília desde o dia 01/08/2016. Desconhecemos quaisquer ilegalidades na referida contratação e permanecemos á disposição do Conselho Municipal de Saúde e a imprensa para os esclarecimentos que se fizerem necessários”.