Amoêdo diz que vai bancar entre 15% e 20% de sua campanha
Em visita a Curitiba, o candidato à Presidência do partido Novo, João Amoêdo, afirmou nesta terça-feira, 14, que vai tirar do próprio bolso de 15% a 20% dos gastos de sua campanha nas eleições 2018, que deve girar em torno de R$ 7 milhões. O valor total corresponde ao 10% do teto permitido para campanhas presidenciais no primeiro turno nas eleições 2018. Até então, ele é o mais rico entre os candidatos ao Palácio do Planalto: declarou patrimônio de R$ 425 milhões à Justiça Eleitoral.
Em tese, os bens de Amoêdo permitiriam que o candidato do Novo bancasse a própria campanha por inteiro, já que o teto de gastos – considerando primeiro e segundo turnos – é de R$ 105 milhões, ou seja, cerca de 1/4 do patrimônio dele. “Não faria nenhum sentido eu bancar integralmente a minha campanha porque claramente seria um projeto pessoal e tudo que a gente não quer no Novo é um projeto pessoal”, disse em coletiva de imprensa.
A campanha na capital paranaense é dedicada quase que exclusivamente ao público empresarial, do qual ele é mais próximo. Após a coletiva, ele almoçou com representantes do setor e lideranças partidárias. Depois, participou de reunião com líderes de cooperativas do Estado. À noite, ele participará de uma palestra em uma Universidade ao lado do ex-jogador e ex-treinador da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho, “embaixador” do Novo.
Questionado sobre o possível distanciamento do seu patrimônio da realidade da maior parte dos brasileiros, Amoêdo afirmou que o eleitor deve enxergá-lo de forma positiva, já que abriu mão de outras alternativas por um “dever cívico”. “O eleitor está acostumado a ver pessoas declarando patrimônios que não fazem sentido, e agora estão vendo uma pessoa que, com esse patrimônio, poderia ter ido para fora do Brasil, mas está trabalhando para melhorar o Brasil […]. As pessoas que fizeram sucesso têm que ser admiradas e não criticadas”, afirmou.
Ele disse que vai devolver os recursos obtidos pela legenda com os fundos eleitoral e partidário e defendeu que filiados e pessoas físicas financiem as campanhas. “É antidemocrático tirar dinheiro de alguém que está desempregado, para financiar a campanha do Geraldo Alckmin e do Guilherme Boulos. Além disso, o dinheiro está sendo distribuído majoritariamente para os partidos que tiveram maior número de investigações na Lava Jato”, apontou.
Além de acabar com o financiamento público eleitoral, Amoêdo defendeu uma reforma política com adoção do voto facultativo e distrital misto. Também voltou a afirmar que, caso seja eleito, irá privatizar as empresas públicas brasileiras e fará a reforma da Previdência. Ele defendeu ainda a manutenção das leis brasileiras sobre aborto e a criminalização das drogas.
O candidato do Novo disse que vai continuar cobrando das emissoras sua participação em debates com os demais presidenciáveis. Na semana passada, ele fez uma campanha nas redes sociais pressionando para que ele estivesse no embate promovido pela TV Bandeirantes. “Vou insistir nessa tese e espero que as emissoras pensem assim, de que teriam muito a ganhar, ganhariam financeiramente e estariam prestando um serviço público a população”, afirmou.
Juros
Ao comentar sobre seu patrimônio, distribuído principalmente em aplicações de renda fixa, Amoêdo disse que a política de juros adotada pelo Banco Central do Brasil é “adequada”. “Eu coloco na renda fixa porque acho que é uma aplicação conservadora e, neste momento, a última coisa que tenho é tempo para cuidar das minhas finanças pessoais”, disse.
Com a política de juros altos, Amoêdo consegue uma renda maior em suas aplicações, que somam hoje cerca de R$ 217 milhões. Outra parte de seu patrimônio está na participação em empresas, R$ 108 milhões, e investimento em fundos, R$ 55 milhões. O restante inclui imóveis e veículos, além de R$ 1 milhão e 100 mil na categoria destinada a joias e obras de arte.