Amistosos e Copa América nos EUA testam a base formada por Dorival
Dorival Júnior poderá ter uma rara oportunidade em seu reduzido ciclo até a próxima Copa do Mundo, em 2026. Caso consiga levar o Brasil até a final da Copa América deste ano, nos Estados Unidos, terá seu elenco à disposição por até 46 dias, tempo pouco comum para o trabalho de um técnico da seleção brasileira.
O período compreende não só a disputa do torneio de seleções mas também dois amistosos preparatórios, contra México e Estados Unidos. A primeira partida será neste sábado (8), às 21h30 (de Brasília) diante dos mexicanos, no estádio Kyle Field, no Texas. O jogo contra os norte-americanos será na quarta-feira (12).
Em um processo de reformulação da equipe, conforme prometeu quando assumiu o cargo, em janeiro, o comandante brasileiro levou para os compromissos somente quatro jogadores que disputaram a última Copa América, em 2019: o goleiro Alisson, os zagueiros Marquinhos e Militão e o meio-campista Lucas Paquetá.
A lista poderia ter mais um nome, mas o goleiro Ederson acabou cortado por lesão. Sua ausência reduziu o número de remanescentes da última Copa do Mundo, em 2022. São apenas 11, e nenhum deles foi capitão no Mundial do Qatar, função em que se revezaram Thiago Silva, Casemiro e Daniel Alves.
A procura por novos líderes é uma necessidade, já que a média do time é de 25,5 anos. Por outro lado, o plantel conta com nomes acostumados a grandes competições, como o trio do Real Madrid, formado por Éder Militão, Rodrygo e Vinicius Junior, que se juntou à seleção poucos dias após a conquista da 15ª taça da Champions League do time espanhol.
Apesar do histórico vencedor pela equipe, o camisa 7 ainda sonha com o primeiro troféu com as cores de seu país. “Não fui campeão ainda, não tenho nenhum título pela seleção, espero que seja agora”, disse Vinicius. “Nós estamos nos preparando muito bem para este momento. A geração vem muito forte para ganhar grandes coisas com a seleção.”
Há grande expectativa sobre como será novamente o entrosamento deles com o agora ex-palmeirense Endrick. O jovem de 17 anos, que vestirá a camisa 9 do Brasil na Copa América, vai se apresentar ao Real logo depois da competição.
Em março, quando Dorival fez os seus dois primeiros jogos à frente da seleção, o garoto foi o destaque na vitória sobre a Inglaterra, com o gol que definiu o placar de 1 a 0. E voltou a ter participação importante no empate com a Espanha, por 3 a 3, quando também deixou sua marca. Em ambos, saiu do banco de reservas.
Lucas Paquetá, atleta do West Ham, da Inglaterra, continua com moral na seleção, apesar de sua presença neste momento levar à equipe um problema.
O jogador brasileiro está sendo acusado pela FA (Football Association, a federação inglesa de futebol) de participar de um esquema no mercado de apostas esportivas.
Paquetá foi questionado sobre isso quando se apresentou à seleção e disse que não poderia comentar a respeito do caso por orientação de seus advogados.
“O que posso falar é que continuo fazendo o possível, cooperando. Meus advogados vão trabalhar em minha defesa, e a gente vai fazer o máximo para que tudo seja esclarecido no final disso tudo”, afirmou o meia, que se diz inocente.
Ao manter o atleta em seu plantel, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com o aval de Dorival, deu uma demonstração de confiança, ao mesmo tempo em que assumiu o risco de levar o assunto polêmico para o dia a dia da seleção.
De acordo com o jornal inglês The Sun, o comitê que avalia o caso aceitou um pedido feito pela defesa do jogador para ampliar o prazo para apresentação das provas da defesa. Estava estabelecido como limite o último dia 3. Até agora, novo prazo não foi definido.
A recomendação da FA, segundo o jornal, é que o brasileiro, em caso de condenação, seja banido do futebol “por toda a vida”.
Procurada pela reportagem, a assessoria do jogador disse que os advogados não podem comentar o caso porque o processo “requer sigilo de todas as partes”.
Nesta sexta-feira (7), Paquetá participou normalmente das atividades da seleção brasileira nos EUA. Ele ainda não sabe se será titular contra o México, pois Dorival Júnior pretende poupar alguns dos principais jogadores do elenco, sobretudo o trio que chegou do Real Madrid.
O Brasil estreará na competição no próximo dia 24, contra a Costa Rica. Pela primeira fase, no Grupo D, enfrentará também o Paraguai, no dia 28, e a Colômbia, no dia 2 de julho. A final do torneio está marcada para 14 de julho, em Miami.
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POR LUCIANO TRINDADE