Ameaçado no cargo, presidente do Twitter tenta se defender
Jack Dorsey, presidente executivo e cofundador do Twitter, tentou pela primeira vez uma defesa pública de seu trabalho e de sua permanência no cargo nesta quinta, 5, durante uma sessão de perguntas e respostas promovida pelo Morgan Stanley. Segundo a Bloomberg, a gestora de investimentos Eliott Management planeja substituir o executivo por considerar que sua liderança traz prejuízo ao valor das ações da empresa – a Eliott é liderada por Paul Singer, megadoador de recursos para campanhas do Partido Republicano, dos Estados Unidos.
Sem ser questionado diretamente sobre a ofensiva da Eliott, Dorsey diz que vai rever os planos de passar seis meses morando na África. Culpo a epidemia de coronavírus, mas deixou no ar que existem outros fatores forçando a mudança de planos. “Eu preciso reavaliar meu plano de trabalhar da África por conta do COVID-19 e de todo o resto que anda acontecendo”, falou. “Eu cometi um erro e deveria ter dado mais contexto sobre a decisão”, completou.
Dorsey também é diretor da Square, empresa de pagamentos online, e anunciou no ano passado um plano de morar e trabalhar na África durante uma parte do ano. A atenção dividida seria o motivo alegado por Singer para pedir a troca – Dorsey é o único presidente executivo de duas empresas com valor de mercado acima de US$ 5 bilhões.
Esse não foi o único momento de defesa do executivo, que tentou explicar a suposta estagnação e lentidão da empresa para apresentar novidades. “Algumas pessoas falam sobre a lentidão de desenvolvimento do Twitter. A expectativa é ver mudanças na superfície, mas as mudanças mais impactantes estão acontecendo debaixo da superfície”, falou. Ele tratava do uso de inteligência artificial para oferecer conteúdos melhores aos usuários.
Comparada a rivais, porém, o Twitter realizou poucas mudanças em sua plataforma – nos últimos anos, dobrou o número de caracteres, enquanto Facebook e Snapchat experimentavam com aplicativos, marketplaces e ferramentas, como stories. Coincidentemente, na quarta, 4, o Twitter lançou em caráter experimental no Brasil uma espécie de stories.
Criticado também por abandonar produtos ao longo da história, Dorsey se defendeu. “Cinco anos atrás, tivemos que recomeçar e isso demora para ser construído. Éramos uma companhia que estava tentando fazer muitas coisas”, falou. O executivo é criticado por ter desativado o Vine, plataforma de vídeos curtos que poderia ter ocupado o espaço do TikTok ou do Snapchat.
Isso tudo teria reflexo nas ações da empresa. Desde maio de 2015, as ações da empresa desvalorizaram 6,2%, enquanto as do Facebook subiraram 121%. Dorsey disse que espera completar a construção de um novo servidor de anúncios ainda na primeira metade de 2020 para permitir melhor performance de propagandas na plataforma.
As declarações parecem não ter animado os investidores. Na manhã desta sexta, 6, as ações da empresa apresentavam queda de cerca de 5,5% num contexto de queda geral para as empresa de tecnologia afetadas pelo coronavírus.