Ambulatório da Santa Casa devolve autoestima a pacientes
ATM (Disfunção da Articulação Temporomandibular), luxações de disco, apneia do sono, deformidades dentofaciais, fraturas mandibulares e de ossos da face em geral são tratadas pelo ambulatório de buco-maxilo da Santa Casa de Misericórdia de Marília. O serviço especializado, referenciado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), tem contribuído para restaurar a qualidade de vida de pacientes que moram nos municípios da DRS IX (Direção Regional de Saúde) de Marília. O atendimento é eletivo, ou seja, agendado a partir de encaminhamento dos municípios.
Desde o início de 2013, o ambulatório já realizou 477 procedimentos cirúrgicos. Em sua maioria, são operações ortognáticas (correção das deformidades esqueléticas da região buco-maxilo-facial) e reconstrução parcial da mandíbula para enxertos ósseos. Os atendimentos podem ser realizados tanto na própria sala de procedimentos do ambulatório quanto no centro cirúrgico, de acordo com a complexidade de cada caso.
O bombeiro Bruno Baldinoti, 20 anos, desconhecia a possibilidade de um tratamento pelo SUS, assim como também desconhecia os riscos futuros do posicionamento inadequado de sua mandíbula. “Uma professora um dia me alertou que era possível tratar e que poderia haver um agravamento, caso eu não cuidasse. Consegui o encaminhamento e fui atendido na Santa Casa por uma equipe muito profissional. O resultado foi excelente”, disse.
O cirurgião Cláudio Maldonado Pastori, responsável pelo serviço no hospital mariliense, explica que a intervenção buco-maxilar pode ser necessária em decorrência de um acidente, um trauma ou mesmo devido a deformidades congênitas ou adquiridas. O tratamento é indispensável para a saúde. Quem tem uma mordedura errada, por exemplo, pode desenvolver um problema digestivo como consequência.
Embora o objetivo principal seja restabelecer as funções da estrutura facial, como a mastigação e a respiração, o tratamento acarreta automaticamente em resultados estéticos. Pastori lembra que a especialidade tem avançado, porém alerta que nem todos têm a oportunidade de passar por esse tipo de procedimento, principalmente pelo SUS.
“Em Marília podemos nos considerar privilegiados. Ainda há, infelizmente, muita desinformação. Nas regiões menos assistidas do país a população enfrenta falta de sensibilidade dos gestores, que encaram o tratamento bucomaxilo uma intervenção meramente estética, desconsiderando a questão da mastigação e os transtornos decorrentes da perda das funções dos ossos da face”, disse o cirurgião.
O ambulatório de buco-maxilo na Santa Casa se faz ainda mais necessário, segundo Pastori, pela inexistência de uma rede de atenção odontológica avançada nos municípios. A maioria dos consultórios da rede pública, que geralmente funcionam nos postos de saúde, atende as demandas básicas. Os usuários mais carentes não conseguem realizar tratamentos de maior custo, que demandam equipamentos mais sofisticados e cirurgiões. Marília é uma exceção. O serviço prestado no hospital é complementar ao CEO (Centro Especializado Odontológico), mantido pelo município.
A coordenadora de negócios do hospital, Márcia Mota, afirma que apesar dos esforços para atender a todos, a demanda tem superado o investimento dos municípios. “Muitas vezes atendemos fora do que foi pactuado, para não deixar o paciente sem tratamento”, relata.