Amazon começa demissão em massa de 10 mil funcionários
A Amazon começou nesta terça-feira, 15, uma demissão em massa que pode cortar até 10 mil funcionários dos escritórios da empresa nesta semana. A informação foi divulgada pelo jornal americano Washington Post e pelo site Business Insider, que tiveram acesso a e-mails de empregados que foram convocados para reuniões com líderes e gestores da empresa. Ainda não há informações sobre como funcionários no Brasil serão afetados pelo corte ou quantas pessoas já foram demitidas pela empresa nesta terça.
Na reunião, funcionários afetados foram informados que teriam 60 dias para se realocarem em vagas da própria empresa e, caso não fosse possível ocupar outro cargo interno, a Amazon ficaria responsável por pagar um período de salário, como um seguro desemprego. Ainda não foi possível saber quantos meses de benefícios seriam oferecidos pela empresa — a companhia também não se manifestou a respeito das demissões.
O site Business Insider também teve acesso a um e-mail enviado pela empresa, em que a reunião foi marcada em caráter “obrigatório” para os funcionários. O Estadão tentou contato com a empresa mas ainda não obteve resposta.
De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que conversaram com o jornal New York Times na última segunda-feira, 14, o corte deve afetar a área de dispositivos da Amazon, recursos humanos e vendas. Setores de aparelhos com a assistente de voz Alexa também devem ser reduzidos. Ao todo, cerca de 3% da área corporativa da Amazon pode ser afetada no corte, número que exclui funcionários terceirizados e de armazéns da empresa.
Durante a pandemia de covid-19, a Amazon se viu pressionada a dobrar a sua força de trabalho em apenas dois anos, com o aumento dos serviços de comércio online e de nuvem.
Agora, a empresa tem enfrentado uma diminuição no ritmo de faturamento em um cenário de alta de inflação e da taxa de juros em todo o mundo. No último relatório financeiro da Amazon, divulgado no final de outubro, a companhia registrou queda de 9% nas vendas do terceiro trimestre, se comparado com o mesmo período do ano passado, e apresentou uma expectativa de pouco crescimento para o período de festas de fim de ano. Tradicionalmente, os últimos meses do ano são os mais lucrativos para a empresa, puxados pelas vendas de Black Friday e Natal.
No mesmo dia em que compartilhou o relatório, as ações da empresa tiveram queda de de cerca de 19% após o fechamento do mercado. “Obviamente, há muita coisa acontecendo no ambiente macroeconômico”, disse o CEO Andy Jassy no comunicado à imprensa. “E vamos equilibrar nossos investimentos para serem mais simplificados sem comprometer nossas principais apostas estratégicas de longo prazo.”
Ainda, de acordo com a agência de notícias Bloomberg, a empresa já começou a reduzir iniciativas em desenvolvimento, como o robô de entregas em domicílio, chamado Scout. Outros produtos do portfólio também saíram de linha após pouco sucesso de público, como o Amazon Glow, dispositivo de projeção e videochamada para crianças.
A Amazon também deu uma pausa nas contratações e fez corte de funcionários de abril a setembro. A empresa afirmou aos investidores que não está mais com planos de expansão e que tem incertezas em relação aos consumidores.
Crise nas gigantes
Somente em 2022, grandes empresas como a Meta, holding do Facebook, Instagram e WhatsApp, e o Twitter fizeram demissões em massa para cortar gastos frente ao cenário econômico atual. Na última semana, a Meta anunciou a demissão de cerca de 11 mil pessoas.
Antes da gigante comandada por Mark Zuckerberg, o Twitter, agora sob o comando de Elon Musk, fez um corte de cerca de 3,7 mil pessoas nos escritórios de todo o mundo. Para o CEO da Tesla, a justificativa era menos relacionada à crise e mais relacionada à forma como o Twitter deve seguir a operação com o novo CEO. Ainda assim, problemas na captação de receita em publicidade e menor número de usuários monetizáveis foram fatores importantes para as demissões. Os dois cortes tiveram impactos em escritórios no Brasil.