Preço do boi favorece pecuaristas de Marília e assusta consumidor
“Em um mês o preço do contra-filé subiu cerca de 50%, os clientes estão trocando por frango e suíno”, afirma o dono de açougue em Marília, Alexandre Ponparoti. Por outro lado, os pecuaristas da cidade comemoram a alta.
O município é dono de um dos maiores rebanhos bovinos de São Paulo. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, a edição mais recente, a cidade é a terceira do Estado em número de cabeças de gado.
Foi apontada a existência de 97,9 mil bovinos em Marília pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, no ano retrasado. Em 2016, a quantidade era ainda maior, 116,5 mil cabeças.
Marília chegou a ter 135,5 mil bois, vacas e bezerros em 2014, quando se posicionou como o município com maior rebanho bovino do Estado no levantamento do IBGE.
Presidente do Sindicato Rural de Marília e pecuarista, Fernando Vilela, em entrevista ao Marília Notícia, diz que entre os fatores para a elevação do preço do boi gordo estão a seca e o aumento da exportação para a China, além de queimadas nos pastos da Austrália e outras questões internas e externas.
“Estávamos há quase sete anos com os preços do boi gordo praticamente estagnados. Nos dois últimos anos, na verdade, houve queda. Enquanto isso, subiu o preço de tudo. Acredito que em breve os valores devem se estabilizar”, fala Vilela.
O preço do boi gordo, na quinta-feira (21) chegou a R$ 227,40 por arroba, segundo um dos principais indicadores do mercado. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a alta foi de 11,8% em apenas um dia. Desde o começo do mês o aumento foi de 33,2%
O dono de açougue Alexandre Ponparoti, citado no começo desta matéria, afirma que o aumento dos preços pegou os clientes de surpresa. No final de outubro o preço do quilo do contra-filé, de acordo com ele, era de aproximadamente R$ 25 e agora está em R$ 36.
“Tem dia que eu ligo para o frigorífico para fazer pedido e eles me dizem que não têm tudo o que eu estou encomendando e que só podem entregar depois de alguns dias. Até então era pronta-entrega”, afirma Ponparoti.
Claudinei Golveia, outro dono de açougue há 40 anos na cidade, afirma que nunca viu os preços subirem tão rápido. “A venda de carne vermelha caiu de 20% a 30%. Um cliente na hora que viu o preço na balança deixou tudo para trás e saiu correndo”, conta.
De acordo com ele, esse período de fim de ano costuma ser marcado pelo aumento no consumo de carnes bovina. “Não sei como vai ficar desta vez”, completa.