Aliado de Leite retoma comando do PSDB-SP e defende candidaturas próprias
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, anunciou que a cúpula do partido decidiu nomear o prefeito de Santo André (SP), Paulo Serra, para comandar a legenda no estado de São Paulo. O prefeito de Ribeirão Preto (SP), Duarte Nogueira, por sua vez, foi nomeado para presidir a federação PSDB-Cidadania no estado.
O cargo estava vago desde sexta (8), quando Perillo interveio no PSDB-SP e destituiu o ex-deputado e ex-secretário Marco Vinholi da presidência estadual. Antes dele, Serra era quem comandava o partido provisoriamente. Procurado pela reportagem, Vinholi diz não ter sido informado da nomeação de Paulo Serra nesta quarta-feira (13).
Segundo Serra, a nova executiva nomeada por Perillo deve ficar à frente do PSDB-SP ao menos até 2025, sem previsão de uma nova convenção antes disso.
Com a decisão, Perillo pretende colocar fim a mais uma novela que se arrasta no tucanato paulista, dividido entre o grupo de Paulo Serra, que é ligado ao governador Eduardo Leite (PSDB-RS), e Vinholi, ligado aos ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia agora ambos fora do PSDB.
No último dia 6, Vinholi foi eleito presidente do PSDB-SP em uma reunião do diretório estadual que foi contestada por uma ala do partido com o argumento de que parte dos membros não foi sequer convocado. Para aliados de Vinholi, o que aconteceu foi uma tentativa de Serra de postergar a reunião, que teve quórum apesar disso.
Perillo, então, acolheu duas representações, uma delas formulada pelo ex-senador José Aníbal, atual presidente municipal do PSDB na capital paulista, e destituiu Vinholi.
Em nota, Perillo diz que as nomeações de Serra e Duarte foram feitas em “comum acordo com a maioria do partido em São Paulo”. “Vamos retomar nosso trabalho de reconstrução no partido no estado e tenho certeza que teremos excelentes resultados eleitorais neste ano em São Paulo”, completa.
À reportagem Paulo Serra afirma não acreditar que Vinholi recorra da decisão, já que houve muito diálogo, inclusive da parte de Perillo, e que o ex-deputado indicou nomes para a composição da executiva. “A construção que foi feita é coletiva”, diz.
Como antecipou a Folha de S.Paulo, a intervenção de Perillo para destituir Vinholi foi uma das razões que levou o ex-governador Rodrigo Garcia a pedir a desfiliação do PSDB na segunda (11).
Paulo Serra diz que Rodrigo “era um grande quadro, com muito preparo e um grande gestor”, mas que sua saída não foi surpresa, dado que ele decidiu se afastar da vida pública para conduzir um escritório de advocacia. “Para mim não causou surpresa, porque ele já havia dito da distância dele da política, então foi só a concretização.”
A sete meses da eleição municipal, Serra tem o desafio de organizar um partido diminuído e fragmentado pela derrota eleitoral em São Paulo em 2022 e pela série de conflitos internos. Na capital paulista, o PSDB ainda não decidiu se vai lançar um candidato próprio ou se vai apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que era vice de Bruno Covas (PSDB), ou a deputada Tabata Amaral (PSB).
“Isso é um tema sensível, que ainda vai ter muito debate e discussão. A regra geral é lançar candidatura nas cidades importantes, que é o que eu vou defender, mas dentro de um critério de competitividade”, diz Paulo Serra, acrescentando que Aníbal é que estará à frente da decisão.
“A gente entende que, pelo Ricardo ter sido vice, ele tem uma ligação [com o partido] e a participação de quadros na atual gestão”, completa.
Sem nomes competitivos para apresentar, boa parte do PSDB, inclusive a bancada de vereadores, defende a aliança com Nunes, que manteve os quadros do PSDB em sua gestão. Aníbal, porém, é tido no partido como um entusiasta de Tabata.
A respeito das eleições no estado, Serra afirma que o PSDB já tem cerca de 50 a 70 pré-candidatos em diversas cidades. “Nosso prazo é curto, mas estamos criando uma força-tarefa. A perda do governo [em 2022] e esse imbróglio e incertezas que o partido viveu fazem com que não haja mais um vigor quantitativo, mas temos quadros de qualidade.”
Serra diz querer dobrar a quantidade atual de prefeitos em São Paulo, que é de cerca de 20. Em 2020, o PSDB elegeu 172 prefeitos e chegou a 238 em 2022.
No longo prazo, ele mira a construção da candidatura presidencial de Leite em 2026. Questionado sobre querer concorrer ao Governo de São Paulo, Paulo Serra responde que é cedo para pensar nisso.
No dia 25 de fevereiro, o PSDB-SP conseguiu um entendimento e apresentou uma chapa única na eleição do novo diretório estadual. Em seguida, porém, começaram as divergências a respeito de quem comandaria a executiva, com Vinholi e Serra cotados para o posto.
Vinholi foi presidente do PSDB-SP de 2019 a novembro de 2023, período em que o partido esteve a serviço do projeto presidencial de Doria, que não deu certo.
Com a ascensão de Leite para o comando do PSDB nacional em 2023, Vinholi acabou sendo retirado do cargo por uma intervenção do gaúcho, que nomeou seu aliado Serra provisoriamente o que acirrou a divisão no tucanato paulista e levou às disputas atuais após a eleição do novo diretório.