Alckmin passa pela Região em clima de pré-campanha
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) passou por cidades da região de Marília nesta quarta-feira (11) para entregar obras – inclusive atrasadas –, anunciar convênios com municípios e dar mais alguns passos no plano de visitar todas as cidades paulistas até o final do ano, a contar do início de seu mandato em 2014.
O clima, apesar das negações do governador, já é de pré-campanha. Pelo menos duas autoridades que usaram o microfone levantaram a bandeira de sua candidatura para presidente no ano que vem. “Isso veremos em 2018”, minimizou o tucano, atento a legislação que proíbe declarações nesse sentido antes da hora.
Questionado se deixaria o partido caso João Dória (PSDB) fosse escolhido como candidato, o governador foi veemente: “jamais, ajudei a fundar o PSDB”. João Dória é prefeito de São Paulo eleito com apoio decisivo do governador e vem deixando claro que também almeja a presidência.
Depois de passar por Piratininga (distante 103 quilômetros de Marília), onde fez a entrega de obras da SP-225 com um ano de atraso, o governador chegou em Vera Cruz (15 quilômetros de Marília) por volta do meio dia.
Ali, o Marília Notícia acompanhou a visita onde o tucano celebrou a formatura da Escola de Moda e da Escola de Beleza e assinou parcerias para infraestrutura urbana e aquisição de veículos e equipamentos.
Mal estar
Em Vera Cruz subiram no palanque junto com Alckmin inúmeros políticos, inclusive o prefeito de Marília Daniel Alonso (PSDB), que deixou o local antes do fim da cerimônia, minutos depois de ter sido alfinetado em fala do deputado estadual Abelardo Camarinha (PSB).
Em uma cena constrangedora, Camarinha fez um discurso contra a corrupção e indiretamente criticou a atuação de Daniel na Educação de Marília.
Vale lembrar que entre as dezenas de processos que responde, Camarinha é acusado pelo Ministério Público Federal por crimes cometidos em licitações de merenda escolar no município quando foi prefeito. De acordo com o MPF, Camarinha chegou a receber 10% do valor do contrato em propinas e continuou a receber a metade dessa quantia quando foi sucedido por Bulgareli.
Após falar sobre as crianças, Abelardo Camarinha abordou também indiretamente a questão dos servidores aposentados sem cestas básicas em Marília. Incomodado, Daniel se retirou do local.
Além de Alonso, o também deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) foi outro a abandonar o palanque antes da hora. Ambos não tiveram a oportunidade de usar o microfone, já que a cerimônia era realizada em Vera Cruz, comandada pela prefeita Renata Devito (PSDB).
Apesar de ser tucana, Devito é fervorosa e antiga aliada do grupo político de Camarinha. Inclusive teve cargo na Prefeitura de Marília quando Vinícius foi o chefe do Executivo.
Segurança Pública
O governador foi questionado pela reportagem do MN sobre a Delegacia Seccional de Polícia de Marília não ter recebido nenhum policial civil entre os 588 nomeados nos últimos dias.
Na visita que fez ao município em julho deste ano, Alckmin foi questionado sobre o déficit nos quadros da polícia judiciária e afirmou que em breve chegariam reforços, o que não ocorreu.
Desta vez a resposta veio novamente em forma de promessa. O chefe do Executivo estadual afirmou que “praticamente todos” os aprovados em concursos da Polícia Civil que aguardam para serem convocados, deverão ser nomeados até o final de outubro.
“Todo mundo que está sendo esperado ser chamado no concurso público, nós vamos chamar”, prometeu, assim como a realização de novo concurso logo em seguida. Sobre o número concreto de policiais que devem ser alocados em Marília, disse não saber. “Isso não é o governador que decide. É a Polícia Civil, que estuda e define”.
Ensino
Alckmin anunciou esforços para trazer polos da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) para a Região e disse que em algumas décadas 50% do ensino superior será feito na modalidade EAD (Ensino à Distância).
Alckmin negou que o desmonte da Unesp (Universidade Estadual Pauslita) em Marília e em todo o Estado tenha ligação com essa reorientação para o EAD. A universidade sofre com severo desfalque de professores.
“A USP (Universidade de São Paulo), Unesp e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) têm recurso carimbado. Não depende de Univesp. O que acontece é que tem um percentual fixo [de repasse]. Você investe 30% [do orçamento estadual] em educação. 20% na educação básica que tem quase 4 milhões de alunos. 10%, metade disso, vai para 200 mil alunos, que são do ensino superior”, disse o governador.
Ele completou também que a situação da Unesp deve melhorar ainda em 2017 com a retomada da economia e aumento da arrecadação estadual com ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias), de onde saem os recursos para a universidade.
Agenda
Depois de Vera Cruz, Alckmin também tinha programações na parte da tarde nas cidades de Lutécia (distante 58 quilômetros de Marília), onde seria assinado convênio de infraestrutura para o município, e em Cruzália (141 quilômetros de Marília), para firmar parceria em reforma e ampliação de centro comunitário.
A assessoria de Alckmin explicou que Marília não estava na lista de cidades visitadas nesta quarta-feira, pois a agenda não permitiu.
“Além disso o governador esteve em Marília recentemente e planeja visitar os 645 municípios do Estado até o fim do ano. Mas se for preciso, ele volta pra Marília antes de 2018”, explicaram os assessores.