Agrotóxico ameaça criação de bicho da seda em Tupã
Os criadores de bicho da seda na região de Tupã e Bastos (distante cerca de 100 quilômetros de Marília) – principais produtoras do Estado – estão enfrentando a perda de produção por causa do uso de agrotóxico pelos vizinhos da plantação.
O bicho da seda é muito sensível e não resiste às contaminações. Nas duas regiões, a atividade praticamente parou há três meses, com um prejuízo de R$ 200 mil aos produtores.
Três criações já foram perdidas. Cada ciclo deveria durar quase um mês, mas as larvas estão morrendo no dia seguinte em que chegam aos barracões. Produtores com mais de 40 anos de prática nunca tinham passado por uma situação com essa intensidade, sem ter o que fazer.
O problema está acontecendo por causa do que os técnicos chamam de deriva dos defensivos agrícolas. Isso quer dizer que, quando são aplicados pesticidas em uma cultura, o vento e a temperatura transportam esse produto químico até a lavoura vizinha. Neste caso, até as amoreiras que servem de alimento para o bicho da seda foram contaminadas.
É imperceptível, não dá para ver qual folha está com resíduo dos agrotóxicos. O problema só é identificado quando as larvas apresentam sintomas de contaminação: falta de apetite, cabeça grande e corpo enrugado.
As folhas da amoreira só poderão ser usadas com segurança para alimentar as lagartas após 20 dias, se chover o suficiente para lavar as plantas. Se não, será preciso podar e, só depois de dois meses, dá para ter alimento para o bicho da seda.
O reflexo dessa dificuldade no campo vai chegar até a indústria de fios de seda, até porque não é um problema que tem sido registrado só no Estado de São Paulo, mas também no Paraná e em Mato Grosso do Sul.