Advogada diz que laudos sobre a morte do idoso são inconclusivos
A Polícia Civil deve voltar a investigar a morte do aposentado Donizeti Rosa, de 60 anos, que teve o corpo colocado em sacos plásticos e foi abandonado no Centro de Marília.
Os autos do processo – que corre em segredo de Justiça – retornaram para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), pois serão necessários laudos complementares para esclarecer se o idoso teve morte natural ou foi vítima de homicídio.
Com exclusividade, o Marília Notícia conversou com a advogada Alessandra Silva Damaceno, que trabalha no caso junto com a defensora Laís Rocha, como assessoras jurídicas das irmãs Wania Santos Silveira, de 52 anos, e Andrea Santos Silveira de Sousa, de 49 anos.
“Os autos ainda não foram conclusos, pois foram necessários laudos complementares. A perícia no cadáver não foi precisa em conseguir esclarecer a causa da morte. Se foi de causa natural ou não. Uma coisa é ser responsabilizada por ocultação de cadáver. Outra é responder pelas atrocidades imputadas a elas [irmãs] de forma ilegítima”, afirma a advogada.
Ao Marília Notícia, Alessandra revela ainda que as acusadas nunca foram cuidadoras do falecido, mas não informou detalhes de como toda a situação teria ocorrido e qual seria o grau de relação entre as irmãs e o idoso.
“Vamos aguardar a perícia e os laudos. Assim fecharemos com chave de ouro mais um caso com tamanha proporção. Nossa polícia tem todo o preparo e competência para nos auxiliar em condenar quem é de direito. Tenho certeza que haverá muita mudança nesse desfecho”, salienta Alessandra.
Para a advogada, é preciso cautela antes de qualquer acusação contra as irmãs. Ela cita o fato de as duas morarem há anos no edifício, para descartar qualquer premeditação em toda a situação.
“Às vezes, o que parece não é. Se fossem tão premeditadas como foi citado, concorda que, morando há anos no local, saberiam que estavam sendo filmadas? Vale a pena aguardar o desfecho. Eu e a doutora Laís Rocha estamos empenhadas em esclarecer tudo o que realmente ocorreu, mas até o presente momento não posso esclarecer detalhes”, finaliza a advogada.
O Marília Notícia chegou a encaminhar uma demanda à Delegacia de Investigações Gerais (DIG), responsável pelas investigações, para um posicionamento, mas não teve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue abeto para manifestação.
INQUÉRITO
Antes de retornar, o inquérito tinha sido concluído pela Polícia Civil no início de dezembro. Segundo a DIG de Marília, comandada pelo delegado Luís Marcelo Perpétuo Sampaio, o laudo necroscópico e a coleta de depoimentos de testemunhas, que tiveram contato tanto com a vítima quanto com as indiciadas, indicam que Rosa foi morto por meio cruel.
A polícia apenas aguardava o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para apontar qual ferimento foi decisivo para a morte do idoso.
As investigações tiveram início na manhã do dia 9 de novembro, no momento do encontro do corpo. Naquele mesmo dia foi possível estabelecer que o cadáver estava no prédio onde viviam a vítima e as suspeitas do crime, sendo arrastado pelas suspeitas até a rua Quatro de Abril. Os policiais civis apuraram que o apartamento por eles usado estava abandonado, onde foram localizados alguns documentos da vítima.
Os indícios obtidos com as investigações e as circunstâncias do fato possibilitaram a elaboração de uma representação, por parte da Polícia Civil, para a decretação da prisão temporária das suspeitas.
Wania e Andrea, que ficaram conhecidas como “irmãs do saco”, foram presas pela Polícia Militar (PM) no dia 10 de novembro, no Centro da cidade. A identidade da vítima só foi confirmada por meio da análise das impressões digitais.
A dupla foi detida e apresentada na DIG. Com as duas, foram apreendidos o documento pessoal e um cartão bancário da vítima.
Os policiais civis também descobriram que Donizeti Rosa era debilitado e não tinha condições mínimas de se defender. De acordo com a Polícia Civil, uma das suspeitas confessou ter agredido fisicamente a vítima pouco antes da morte e a mantinha amarrada no apartamento.
Para a polícia, a apreensão do cartão bancário da vítima com as irmãs, mesmo após o encontro do corpo, indica que elas tentariam continuar os saques de sua conta bancária, podendo, inclusive, causar prejuízos ao INSS, pois o falecido era aposentado.