Adoção de animais cai e abandono cresce em Marília
Durante a pandemia, Marília tem registrado queda nas doações de cães e gatos e aumento nos casos de abandono, segundo protetores de animais e membros de Organizações Não Governamentais (ONGs) ouvidos pela reportagem.
O crescimento na quantidade de animais errantes é um problema porque favorece a disseminação de zoonoses.
Também mostram – baixa nas adoções e alta na negligência – os números registrados pela empresa contratada pela Prefeitura de Marília, que faz a captura de animais errantes que necessitam de cuidados pelas ruas da cidade, a BG Zangrossi.
Levantamento feito a pedido do Marília Notícia revela que a quantidade de ocorrências atendidas pela empresa aumentou de 820 para 999 entre 2019 e 2020. No mesmo período, os animais apreendidos aumentaram de 537 para 877.
Neste ano, entre janeiro e setembro, a média mensal de atendimentos é de 93,44, ante 83,25 no ano anterior. Já a média mensal de animais apreendidos está maior do que 2019, mas abaixo de 2020.
A veterinária Thayrine Oshima, da BG Zangrossi, explica que só são recolhidos animais debilitados, que recebem tratamento e são colocados para adoção. Mas a profissional entende que o aumento nos casos de animais debilitados está ligado ao abandono.
De acordo com a veterinária, pets abandonados não sabem andar nas ruas e acabam atropelados, assim como alguns cães e gatos que já cresceram sem um lar.
“Infelizmente houve muito caso de abandono. Muitas pessoas ficaram desempregadas ou moravam de aluguel, e tiveram que se mudar para lugares que muitas vezes não aceitam animais”, aponta Thayrine.
De acordo com a veterinária, as feiras precisaram ser interrompidas por um bom tempo, o que fez cair o número de doações. Agora, são agendadas visitas ao canil e gatil para famílias interessadas em assumir a guarda de um animal, pelo (14) 9 9849-9364 [clique aqui para iniciar uma conversa].
Uma ativista da causa animal postou nas redes sociais um pedido de ajuda informando que “não está doando os animais. Adoção está difícil e, com isso, vou ter que adapta-los em outro local. Tenho que entregar a casa que eles estão”.
Ao Marília Notícia o diretor da ONG Spaddes, Gabriel Fernando Francisco, contou que recentemente teve que dar lar temporário ao Fred, cão cujo dono morreu vítima da pandemia e a família decidiu abandonar.
“Desde o início da pandemia começamos a receber várias denúncias de abandono”, conta. “Muitas pessoas se mudaram de residência e usam isso meio como uma desculpa, dizem que tiveram que soltar”, completa.
De acordo com o ativista, também aumentaram os casos de maus-tratos. A mesma opinião é compartilhada pela militante Dirce Mara Sentanin. De acordo com ela, “tem mais abandono do que doação”.
Fábio Alves Cabral, o Fábio Protetor, também entende que a necessidade de mudar para moradias com aluguel mais barato favoreceu o abandono. “Tem gente que mudou para apartamento e diz que não pode ter cachorro”.
Cabral acredita que a redução na renda familiar também dificulta a compra de ração, além de outros problemas relacionados ao tema. “As castrações são insuficientes. Estou com 80 cães no abrigo e 70 gatos”, lamenta.
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