Acusados de terror e morte na Fundação Casa são condenados
A Justiça de Marília condenou, em julgamento que terminou na madrugada desta quarta-feira (6), quatro dos seis envolvidos em um dos episódios mais violentos da história da Fundação Casa no interior paulista.
A pena mais alta foi de Cleberson Willian Veloso, acusado de ser um dos executores do agente Francisco Calixto, de 51 anos. O homem foi espancado e morto com um cabo de vassoura na garganta.
Veloso foi sentenciado a uma pena de 46 anos de prisão pela morte do servidor, por tentativa de homicídio de outros três funcionários e ainda corrupção de menores.
Johnatan Henrique Nogueira Dias, Daniel Vicente Silva de Souza e Mateus Rodrigo Bernardo Ramos foram condenados por tentativa de homicídio contra dois servidores. Johnatan também por corrupção de menores.
Daniel teve pena fixada em 15 anos; os demais, em 16 anos. Todos podem recorrer da decisão, que foi prolatada em juízo de primeira instância, em sessão do Tribunal do Júri.
Os réus Daniel Vicente Silva de Souza e Mateus Rodrigo Bernardo Ramos responderam por corrupção de menores, mas foram absolvidos pela Justiça.
NOITE DE TERROR
Segundo a denúncia, no dia 4 de outubro de 2016, às 20h58, ao fim das atividades esportivas e religiosas desenvolvidas por integrantes da Igreja Metodista, o agente de apoio socioeducativo Aguinaldo Donizete Consoni tentava recolher os adolescentes ao quarto, momento em que os menores – utilizando recurso que dificultou a defesa da vítima, em face da superioridade numérica e sem que esta esperasse o ataque – tentaram matá-lo, com socos e chutes.
A agressão foi interrompida pelo coordenador de equipe Celso Ferreira de Alencar, que partiu em defesa de Aguinaldo e lhe permitiu a fuga.
Os réus, previamente ajustados entre si e com a ajuda de outros internos – todos integrantes do módulo II da unidade -, deram início à rebelião.
Diante do ocorrido, com a intervenção, os acusados, acompanhados de outros, atacaram o coordenador de equipe com agressões. Quando a vítima já estava prostrada, os indiciados partiram em direção ao agente de apoio socioeducativo Clodoaldo Costa e também tentaram matá-lo, mas foram interrompidos de novo por Celso.
Mesmo gravemente ferido, Clodoaldo conseguiu escapar, os acusados tornaram a espancar Celso. Os ataques só pararam porque os demais internos quiseram deixar o módulo sentido ao I, para libertar os demais.
No módulo I, Cleberson Willian Veloso, em conjunto com dois adolescentes e Davi Rogério de Souza Cirilo – já condenado –, cercaram o agente Sady Portela Ormonde e exigiram que ele ajoelhasse. O homem foi agredido e teve o ouvido direito machucado por um objeto que foi introduzido, o que lhe provocou intenso sangramento.
Além disso, Cleberson e demais exigiam a entrega das chaves da unidade, para promover a fuga dos adolescentes do módulo I. Ao perceberem que Sady não estava com elas, os acusados ordenaram foram até a sala onde a vítima Francisco Carlos Calixto estava.
Ao notar que Calixto tinha sido brutalmente agredido e estava gravemente ferido, Sady foi até sala onde o colega estava. Os internos retornaram e o tiraram do local. Em ato contínuo, exigiram as chaves dos veículos e o ameaçaram de morte.
Enquanto Davi golpeava Sady na cabeça com um cabo de vassoura, Cleberson muniu-se de uma tesoura. Os ataques somente cessaram porque a vítima simulou a própria morte.
Os internos voltaram à sala onde Francisco agonizava, momento em que Sady ouviu Davi dizer aos demais “vamos lá, vamos acabar com aquele desgraçado”, referindo-se a Francisco.
No local, de forma cruel, os quatro agrediram a vítima até a morte, em intenso e atroz sofrimento físico e psicológico, além de introduzirem um cabo de vassoura em sua garganta.
Com o sangue de Francisco, quatro internos escreveram a inscrição “PCC” na parede do lado.
Além de Cleberson, são julgados na sessão de hoje: Daniel Vicente Silva de Souza, Johnatan Henrique Nogueira Dias e Mateus Rodrigo Bernardo Ramos.
Os acusados juntamente com adolescentes promoveram intensa e generalizada depredação de variados bens da unidade.
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