“Acabou o futebol, ninguém assume a bronca na Seleção”, diz Jorginho
Jogar na Seleção Brasileira não é nada fácil para um jogador nos dias atuais, mas era ainda mais difícil entre 1982 e 1986, quando o Brasil tinha muitos craques. Um mariliense conseguiu esse feito. Jorge Putinatti foi ídolo do Palmeiras, mas também jogou no Corinthians, Santos, Grêmio e Fluminense. Defendendo as cores do seu país, jogou ao lado de Sócrates, Zico, Junior e tantos outros.
Mesmo alcançando tanto sucesso, que o levou para a Seleção Brasileira, viveu um período de seca de títulos no Palmeiras, algo impensável nos dias atuais, com o time acumulando taças. Ainda assim é considerado um dos ídolos históricos do clube da capital e tem sua foto eternizada no Palmeiras.
Ele também ficou marcado por uma foto para a revista Placar, segurando um porquinho nos braços, em uma época que o apelido era usado de forma pejorativa pelos rivais para provocar os palmeirenses. Sua coragem fez com que a torcida assumisse o apelido, cantado até hoje nas arquibancadas do Palestra Itália.
Atualmente, Jorginho Putinatti está atuando como chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Esportes, ajudando como pode o esporte da cidade. Ele atendeu a equipe do Marília Notícia para contar um pouco de sua trajetória no esporte, que o fez famoso em todo o Brasil.
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MN – Você é daqui de Marília? Nascido em Marília?
Jorginho – Sou de Marília.
MN – Sua infância foi onde?
Jorginho – Minha infância aqui em Marília foi no Palmital. Era o último caminho que chegava até lá, onde tinha a Papelamar. E foi onde eu comecei a jogar foi no Ferroviário, o único campo que tinha para baixo da Filantrópica. Então meus amigos eram todos da Filantrópica, ali na Papelamar, Palmital. Jogava bola ali e estudava no Zancopé, onde o pessoal da Filantrópica também estudava. Começou bastante coisa ali. Foi por ali que a gente começou a correr atrás da bola, nos anos 70.
MN – Você jogava em que posição?
Jorginho – No time, quando eu comecei, eu era meia. Sempre joguei de meia. A gente era franzininho, pequenininho, então de meia eu me dava até bem. Aí a gente foi crescendo. Eu tive um belo professor, que foi o seu Pupo Gimenes. Que hoje, Deus o tenha, faleceu. E pelo meu porte físico, pela minha habilidade no meio de jogar, eu não podia jogar ali no meio, pois os caras batiam muito, pegavam forte. Aí ele me jogou para a ponta. Então fazia um ponta falso e entrava por dentro. Jogava mais livre. Foi aí que me ajudou bastante nesse trabalho que eu fiz com o seu Pupo. Não só eu, como o time do ‘Maquinho’, na época, daquele time que ganhou a Copa São Paulo de 1979.
MN – Você tinha quantos anos naquela época?
Jorginho – Rapaz… 18, 17, né? Mas eu já estava no ‘Maquinho’ bem antes.
MN – Você entrou no ‘Maquinho’ com que idade?
Jorginho – 16 anos. 15 anos pra 16 anos, foi quando eu entrei no ‘Maquinho’. Naquela época a gente trabalhava. Eu perdi meu pai novo, quando eu tinha 10 anos. Era eu, mais duas irmãs e um irmão. Então eu tinha que trabalhar.
MN – Você fazia o quê?
Jorginho – Eu era office boy. Olhava as lojas, entregava, limpava. Às vezes tinha que entregar os presentes e eu ia entregar.
MN – No centro?
Jorginho – No centro. Uma loja chamada Vanitex, na época. Ela não existe mais, não. O prédio está lá. Com isso, aí eu ganhava algo que hoje seria em torno de uns R$ 80,00. Como eu jogava no ‘Maquinho’, eu não treinava e só ia lá pra jogar. Aí o seu Pupo e o seu Leandro, já falecidos, me convidaram para treinar com o time e me ofereceram pagar algo em torno de R$ 100,00. Eu ia ganhar mais para fazer o que eu gostava. Fui falar com a minha mãe. Foi a única que me apoiou e me deu a maior força. Fui para lá fazer o que eu gostava e o dinheirinho na mão da mamãe. Foi gostoso. Foi uma época boa.
MN – Naquela Copinha de 1979 você não chegou a jogar?
Jorginho – Não. Não cheguei a jogar. Essa safra nossa ali, nós estávamos três anos juntos. Nós tínhamos um time muito bom. O Luiz Silva, que foi destaque da Copinha, era meu reserva e ele era um craque de bola. O Jair, que fez outro gol. O nosso time era muito bom. Não tinha 20 a 18 jogadores. Então, era um grupo muito forte. Tinha a Copinha, mas a gente foi convocado para a Seleção Brasileira de Juniores. Fui eu, o zagueiro Márcio Rossini e o Paulo César, nosso goleiro. Com isso teve o Luiz Andrade, que era um belo goleiro também. Foi lá e ganhou. No lugar do Márcio teve o Júlio César, que faleceu também, além do Luiz Silva no meu lugar. Então, acho que o time ficou até mais forte, viu? O time ficou mais forte porque eles foram lá e ganharam.
MN – Eram todos aqui de Marília?
Jorginho – A maioria tudo aqui de Marília e região. Para você fazer um grupo, um time forte, é tempo. Você leva dois anos, um ano, para mostrar o que a gente mostrou no campeonato.
MN – Você já jogava algumas partidas com o profissional?
Jorginho – Nessa época eu já jogava no profissional. Eu ficava no banco. Às vezes eu viajava, ficava no banco. Eu já me desligava um pouco do time, desse time da ‘Copinha’. Me ajudou muito essa Seleção Brasileira também, pois eu fui chamado várias vezes depois, né? Com isso, os times grandes, na época a gente falava time grande. Começaram a ‘ficar de olho’ no Jorginho. Com isso, o Palmeiras veio e me buscou no MAC. O Luiz Tivo foi comigo também. O Jair foi comigo para lá também e o Reinaldo foi. Oportunidade de muita gente que jogou ali. Teve gente que saiu para outros times também. O Márcio Rossini foi para o Santos. O Paulo César foi para o Cruzeiro. Uns deram sorte e apareceram mais, outros menos.
MN – Em qual ano você foi para o Palmeiras?
Jorginho – Eu fui nesse ano de 1979. Eu também jogava já no profissional do MAC, em 77, 78, eu já era profissional do MAC, com a idade para jogar nos juniores. Então, quando acabou o campeonato do MAC, ia ter o campeonato igual a Copinha e eu tinha 17 anos, não tinha férias, não tinha nada. Era só jogar bola. Naquele tempo eu queria jogar bola. Queria jogar bola cedo, de tarde e de noite, né? Parece que a gente não cansava. Hoje, a gente subiu uma escada e já quer tomar água.
MN – E como foi para você ser contratado pelo Palmeiras?
Jorginho – Chegar no Palmeiras foi bem legal, porque o Neuri, o goleiro que jogava no MAC na época, ele conversou bastante com a gente. Ele contou que tinha a Luzia, que era uma senhora que acolhia os jogadores. Ela ajudava a procurar onde ia morar, onde tinha que morar. Naquele tempo era o seguinte. O Palmeiras queria você dentro de campo. Não queria saber se você dormia bem, comia bem, onde você estava morando. A maioria dos times grandes era tudo desse jeito. Essa senhora me ajudou muito. A gente conseguiu achar uma pensão, nós quatro morando nessa pensão e a coisa foi andando, foi andando, foi andando.
MN – E o que fez com o dinheiro do seu primeiro contrato com o Palmeiras?
Jorginho – Quando eu assinei o meu contrato lá, comprei um apartamento do Leivinho, lá pertinho. O meu dinheirinho já joguei ali dentro. Foi legal. Eu vivia de bicho. Meu salário eu deixei lá, o Palmeiras adiantou, comprei um apartamentinho e foi bom.
MN – Você jogou quantos anos no Palmeiras?
Jorginho – Eu joguei no Palmeiras até 1987. Foi bastante tempo. Em 1986 a gente perdeu o título para a Inter de Limeira e foi uma armação. Só quem jogou, estava lá dentro, sabe como foi. Eu conto isso aí e não é mentira. Não estou dando desculpa também. O Palmeiras tinha mais time para ganhar. O Inter também tinha um excelente time, fez um catado de jogadores de times grandes, mas a gente tinha mais time e mais força para ganhar dentro do Morumbi.
MN – O que que aconteceu?
Jorginho – O árbitro era o Dulcídio [Dulcídio Wanderley Boschilia]. Ele ligou para nós do Palmeiras e queria um Monza. Na época o Monza era o carro do ano. Nós estávamos há 17 anos sem ganhar o título. Aí o presidente, o Nelson Duque não quis dar o Monza para o Dulcídio. Ele era o cara mais gaveteiro que tinha no Brasil, em termos de juízes. Ele queria o Monza zero, mas o Palmeiras não quis dar para ele. A gente tentou também entrar no meio para ajudar a arrumar o dinheiro, podia pegar a renda da bilheteria do Morumbi, mas nós entramos em campo e ele foi para o lado do Inter. Quem está em campo sabe. Eu relava no cara, ele dava falta. Aí o cara chegava me chutando e ele mandava jogar. Você sentia mais ou menos como era o negócio. Eles também deram a sorte de fazer o gol logo no começo, depois fizeram o segundo gol, aí ficou mais difícil para nós. Não teve jeito. Naquele tempo existia muito isso.
MN – Quanto você ganhava naquela época?
Jorginho – Era pouca coisa. Eu saí daqui e fui emprestado para o Palmeiras, enquanto os outros que foram comigo, todos foram vendidos. Acho que o Pedro Pavão pediu mais alto no meu passe, por isso inicialmente aceitaram o empréstimo. Só depois que compraram meu passe. Em 1979 eu entrei no time e não saí mais, fiquei como titular, aí o Palmeiras quis comprar.
MN – Os salários eram altos?
Jorginho – A gente juntava dinheiro, pra você ter uma ideia, a gente juntava dinheiro o ano inteiro pra chegar no fim do ano, você comprar um terreninho e trocar de carro. Dava o seu e pegava outro carro. Eu só comprei esse apartamento do Leivinha na época que eu te falei, porque eles me adiantaram o dinheiro. Eu fiquei um ano e meio sem salário, dois anos mais ou menos. Vivia só com o dinheiro do bicho, que era a premiação por vitórias.
MN – Como era a negociação para renovação de contrato?
Jorginho – Você sentava numa sala pra negociar, não tinha empresário, tinha 12 ou 13 diretores do Palmeiras e você sozinho na ponta da mesa. Eles falavam que você podia ir embora se quisesse, mas sempre te lembrava que você estava no Palmeiras. Ofereciam aquilo que eles queriam e você acabava aceitando. Pra você sair eles tinham que te liberar, você não saía como hoje.
MN – Sem um empresário negociando era mais difícil então?
Jorginho – Na Seleção Brasileira de 86, que eu ia para a Copa, eu quebrei a perna. Fraturei a perna na Seleção e o meu contrato com o Palmeiras tinha acabado. O presidente era o Nelson Duque. Sabe o que ele falou pra mim? Você não está trabalhando aqui, então você vai receber INPS. Eu não vou renovar com você. Eu fiquei recebendo um ano do INPS.
MN – E como foi jogar na Seleção Brasileira principal naquela época?
Jorginho – Foi legal porque tinha muito craque. Em 1982 tinha craque demais. Eu era visto também para entrar nessa Seleção, mas tinha muito craque. Eu comecei a frequentar a Seleção um pouquinho no final de 82, pra 83. Fiz todos os jogos de 1983 e 1984, disputando Copa América, Eliminatórias. Fiz dois ou três gols pela Seleção Brasileira. Jogar com Sócrates, Zico, ficava fácil. Era fácil jogar com essas feras aí. Falcão. Mas em 1986 aconteceu esse problema da minha fratura e não fui para a Copa de 86 por causa disso.
MN – Como que era o técnico Telê Santana?
Jorginho – O Telê era um cara legal. Gente boa. Um cara bem parceiro, que deixava você jogar bola. Você gosta de jogar bola? Vai lá e joga. Faz só faz isso. Faz o que você sabe. O jogador brasileiro é muito criativo. Hoje o nosso futebol é o pior do mundo. É um dos piores. O cara pegou os botõezinhos da tela e jogou no canto. Então o cara tem que correr daquele jeito ali. O brasileiro é criativo. Eu morei sete anos no Japão. O japonês é copiador. Ele faz melhor do que você fez. Vai copiar, fazer melhor, mas falta criatividade.
MN – Você acha que o futebol brasileiro está em decadência?
Jorginho – Acabou o nosso futebol. Não tem ninguém para assumir a bronca. O Diniz que gosta dos caras brincando, tocando, mas ele abusa demais.
MN – Depois do Palmeiras para onde você foi?
Jorginho – Eu fui para o rival. Fui para o Corinthians.
MN – E como que foi?
Jorginho – Foi legal. Uma passagem boa. Só que fiquei quase 10 anos no Palmeiras e saí para o Corinthians. Eu briguei com o Nelson Duque em 1986, que perdemos por causa do Monza. Falei que não ia ficar mais no Palmeiras. Naquele tempo o passe ia pra Federação. Quem pagasse o passe, pegava o jogador. Aí ninguém me procurou por fora, só o Corinthians me procurou.
MN – E você foi bem recebido?
Jorginho – Fui bem recebido, mas fiquei um ano só. Pra mim foi bem legal. Começamos mal, depois fomos disputar a final com o São Paulo. Acabamos perdendo por detalhe de 2 a 1. No Corinthians foi uma passagem muito legal. Gostei também. A torcida é muito forte. Para jogar no Corinthians não é qualquer um. O cara tem que ter pegada mesmo. Tem que ter dois corações. Os caras cobram mesmo. Quando o time perdia me xingavam e falavam que eu era palmeirense. Eu era sempre culpado.
MN – Como decidiu sair do Corinthians?
Jorginho – O presidente Vicente Matheus falou que o Fluminense queria me contratar e decidi ir. Fiquei um ano lá no Rio de Janeiro. O jogo era um pouco diferente. Era um jogo mais cadenciado, por causa do calor e aquele Maracanã grande. Era mais tapa, mais toque de bola e não tinha tanta velocidade. Perdemos para o Vasco da Gama, que tinha Roberto Dinamite e o Romário começando. No Fluminense eu joguei com Romerito, Leomir.
MN – Vários jogadores aqui da região jogavam nos grandes clubes. Vocês tinham contato?
Jorginho – Tinha contato mais com o Márcio Rossini, que é daqui de Marília. Tinha vez que a gente vinha junto pra Marília. Depois fui para o Grêmio, em Porto Alegre.
MN – Qual foi a maior rivalidade que você presenciou em campo?
Jorginho – Acho que no Sul. Se você joga no Grêmio, tem que andar só de azul. Não pode colocar nada vermelho. Se você colocar uma coisa vermelha, os caras já vão te pegar. Nem carro vermelho podia ter. Era pegado mesmo. Palmeiras e Corinthians também tem uma rivalidade muito grande
MN – Como você vê as partidas com torcida única nos estádios?
Jorginho – Acho que perdeu um pouco a graça do futebol. Essa questão de torcida única ficou chato. Antes você pegava um clássico e hoje em dia o cara não sente mais nada. Antes uma torcida queria gritar mais que a outra Eu me sentia bem. Hoje você não pode fazer nada. É tudo robozinho.
MN – Depois do Grêmio você foi para qual equipe?
Jorginho – Passei pelo Grêmio e joguei no Guarani. Era um time bom. Depois eu voltei para Marília. Naquele tempo, com 28 anos já era velho, veterano, e eu estava com uns 29. Então o Santos me chamou. Quem não quer jogar no Santos? Eu queria também e fui jogar no Santos.
MN – Só faltou o São Paulo?
Jorginho – Só o São Paulo. O São Paulo eu queria, mas o São Paulo que não me queria, né? Lá atrás era o único time organizado. Tinha uma organização. Já tinha seu CT. Sabia o que queria. Já montando a base. Palmeiras, Corinthians e Santos patinavam. Ninguém trabalhava com base. Não se preocupavam. Queria o jogador lá dentro de campo e rendendo.
MN – Quem foi o técnico mais importante ou mais inteligente pra você?
Jorginho – O Telê foi o mais importante, inteligente. Ele deixava a gente jogar. Ele tinha um time na mão e falava quem era o titular, mas se não se esforçasse, outro entrava no lugar. Você tem que saber o que você está fazendo e se cuidar. Trabalhei muitos anos Com o Rubens Minelli. Também era um grande treinador, mas ele não deixava você bem à vontade.
MN – Você costuma ir em jogos do Palmeiras? Alguns torcedores ainda te reconhecem?
Jorginho – Quando eu vou ainda reconhecem. Tem uma foto minha lá também, junto com os craques.
MN – Você paga para entrar no Palmeiras?
Jorginho – Não, não pago. Eu tenho que avisar e os caras arrumam ingresso. Uma semana antes você fala que vai para São Paulo e precisa de ingresso, para assistir determinar jogo, que eles arrumam. Os veteranos tinham um camarote lá, mas a Leila não é muito fã dos veteranos. Ela cortou o camarote dos veteranos. Com o Paulo Nobre era mais fácil. A Leila não dá moral pra ninguém.
MN – Conta alguma história de ter sido reconhecido em São Paulo.
Jorginho – Um senhor me reconheceu em um restaurante e contou que tinha uma foto minha com o filho dele no colo, que tinha entrado como mascote na partida. Ele ligou para o filho, que foi lá me ver. Demorou um pouco, pois São Paulo é bem grande, mas esperei e fiz uma nova foto com ele. Hoje já é um rapaz formado, dentista. Isso é gostoso.
MN – Por falar em foto, conta como foi tirada aquela sua foto com um porquinho no colo para a revista Placar.
Jorginho – Começou comigo. O Corinthians soltava um leitãozinho no Murumbi nos jogos contra o Palmeiras. Tinha essa gozação do porco com os palmeirenses. O pessoal da revista Placar me chamou, pois era um líder dentro do Palmeiras, para fazer aquela capa com o porco. Fiquei pensando se a torcida ia aceitar aquilo, mas gostaram e o apelido foi assumido pelos torcedores.
MN – Como ficou o Palestra Itália depois que o estádio passou por reforma?
Jorginho – Está bem diferente. Está um monstro. Coisa de primeiro. Tem a sala do treinador, sala de tudo, sala até de refeição, sala pra você tomar um café com bolo, gatorade nos corredores, onde você vai tem gatorade. No meu tempo lá era aquela água que você apertava do bebedouro, que nem saía água direito. Chuveiro tinha que esperar esquentar. A diferença é muito grande. Acho que não só no Palmeiras, acho que em todos os clubes. O Santos, quando eu joguei no Santos, não tinha nada.
MN – Já para o final de carreira você jogou no XV de Piracicaba?
Jorginho – Eu estava parado e me chamaram para jogar o Paulista. A gente foi campeão do interior. Me destaquei nesse campeonato e depois me chamaram para jogar no Japão. Acabei ficando e se quisesse, estaria até hoje lá. O problema é que eu não sabia falar japonês. Joguei no Nagoya Grampus e com 35 anos eles mandaram eu parar. Fui treinar a molecada. Japão é outra história. Experiência de vida foi legal para caramba. É outro mundo lá. Qualidade de vida, segurança e respeito. É outro mundo.
MN – E então você voltou para Marília?
Jorginho – Voltei e montei minha escolinha aqui. Depois me separei e dividimos todas as coisas. Hoje estou aqui trabalhando com o Gastão na Secretaria Municipal de Esportes. Faço tudo que o pessoal precisa aqui na Secretaria. Já são dois anos aqui e me sinto muito bem. De vez em quando me chamam para jogar uma bolinha em partidas aqui pela região com ex-jogadores, mas não dá mais para ficar correndo. Brinco um pouco, revejo os amigos e rola aquela resenha depois.