‘A partir de janeiro, é governo Ricardo’, afirma Mustafá sobre ser o escolhido de Alonso
O pré-candidato a prefeito pelo PL em Marília, Ricardo Mustafá, priorizou o contato direto com o eleitorado nas últimas semanas. As visitas ao comércio, a entidades e aos bairros da cidade estão na agenda diária e em suas redes sociais.
“Eu preciso ser visto. Sou uma pessoa de família, ficha limpa 100%, mas ainda pouco conhecido”, admite o pré-candidato. “Quando me conhecerem, virão comigo, não tenho dúvida”, garante.
Em entrevista ao Marília Notícia, o escolhido pelo prefeito Daniel Alonso (PL) como o nome da situação nega que sua pré-candidatura seja de continuidade ao governo atual. “A partir de 1º de janeiro, é governo Ricardo”, enfatiza.
Mustafá fala com franqueza sobre temas como promessas de campanha, orçamento municipal, campanha salarial de servidores públicos, secretariado e desafia os críticos ao atual governo reeleito, em que ocupou cargos de secretarias desde 2017 e, por último, a Procuradoria Geral do Município.
Aos 48 anos, Ricardo Mustafá está em sua terceira campanha eleitoral. Por duas vezes tentou uma cadeira da Câmara Municipal de Marília – em 2012 pelo PMDB (atual MDB) e em 2016 pelo PTB. Ficou como suplente no último, sem assumir.
Mustafá tentaria pela terceira vez em 2020, pelo PSD, mas desistiu após deixar a Secretaria da Saúde durante a pandemia. “Isso já havia sido definido antes. E acabei não me candidatando por motivos pessoais”, afirma.
Nascido em São José do Rio Preto, Ricardo Sevilha Mustafá vive em Marília desde os quatro anos de idade. É advogado e professor, casado e pai de dois filhos.
Confira abaixo entrevista completa com o pré-candidato:
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MN – Por que ser candidato a prefeito de Marília?
MUSTAFÁ – Eu sempre gostei de política. Saí duas vezes para vereador e iria para uma terceira, mas por motivos pessoais, não segui em frente. Eu sempre pensei: “Quem sabe um dia eu possa ser prefeito?” Se tivesse a oportunidade, eu me lançaria. Confesso que não esperava que fosse agora porque não tinha nada planejado. A situação acabou convergindo para o meu nome.
MN – O senhor já foi secretário em diferentes pastas do Governo Daniel e procurador geral do município. O suficiente para apresentar algo diferente à cidade?
MUSTAFÁ – Quem conhece minha pessoa, sabe do meu caráter. Sabe que o que tenho para Marília é uma proposta verdadeira, real, palpável, concreta. Não prometerei o que não posso cumprir. Por mais que doa, vou falar a verdade. Onde tenho andado, sinto que as pessoas veem a verdade no que eu falo. Não é apenas o discurso correto, é o único.
MN – Agora como pré-candidato a prefeito, qual sua visão do cargo de secretário para um eventual governo?
MUSTAFÁ – É um braço do prefeito. Ele recebe um norte e, dentro do seu orçamento, vai ter que dar prioridade ao que eu determinei. O secretário pode vir com uma boa ideia, mas não ser o momento adequado. Nunca engessarei um secretário, mas a decisão final precisa ser o que eu penso para a cidade. Dentro do orçamento, faça sua mágica. Mas eu oriento onde deve ser investido, seja na contratação de servidores, em reformas.
MN – Foi assim que procedeu quando foi secretário?
MUSTAFÁ – Secretário bom é aquele que traz solução, não problemas. Daniel sempre disse para mim: “você nunca me trouxe problemas, mas soluções”. Por isso que se diz na administração que “o Ricardo resolve”. Um exemplo é a questão do lixo. Olha como deixaram e o que nós fizemos. Pegamos a administração (em 2017) com dois caminhões para coleta na cidade inteira. À época, circulava e não parava para manutenção. Comigo, compramos quatro caminhões. O Daniel foi o prefeito que mais renovou a frota da Prefeitura.
MN – Em 2020, o senhor deixou a Secretaria da Saúde em plena pandemia para se candidatar vereador. Por quê?
MUSTAFÁ – A minha saída já havia sido definida bem antes, ainda quando assumi o cargo. Tinha planos de disputar as eleições novamente para vereador. Não tem nada a ver com a pandemia. Depois, acabei por desistir de minha candidatura por questões pessoais. É isso.
MN – O que o senhor tem de diferente dos outros pré-candidatos?
MUSTAFÁ – Escuto de outros pré-candidatos que pretendem trazer “mais saúde”, “mais educação”, “mais esporte” para cidade. Mas o que é mais? O que é possível fazer, concretamente? É simples falar assim. É muito discurso genérico, que a população quer ouvir, mas na hora que confronta, vê que a nossa proposta é melhor, sem dúvidas.
MN – Mas não há como negar problemas na administração pública, não? Na Saúde, por exemplo…
MUSTAFÁ – Precisa de mais médicos? Sim. Mas precisamos de mais especialistas na rede municipal. Temos clínicos gerais em todas as unidades. Não temos falta daquele que atende e encaminha. O que se precisa é de mais especialistas para diminuir as filas de atendimento. Resolve-se isso com concurso público.
MN – Caso confirme sua candidatura e seja eleito prefeito, o senhor terá um orçamento de R$ 1,7 bilhão. Como pretende gerenciar esse recurso?
MUSTAFÁ – Prefeito não tem um cheque em branco para gastar. O orçamento da cidade é superior a um bilhão de reais, mas é como se o gestor municipal tivesse tudo isso à sua disposição. No entanto, 58% já é comprometido com servidor público, 25% com a Educação e 15% com a Saúde. Soma-se tudo, dá 98%. Ou seja, o prefeito tem 2% para fazer o que quiser.
MN – O senhor conta com apoio das emendas parlamentares para governar?
MUSTAFÁ – Sim. Por isso são importantes as parcerias verdadeiras da [deputada estadual] Dani Alonso e do [deputado federal] Capitão Augusto. Em pouco mais de um ano, eles já trouxeram R$ 40 milhões para a cidade. Estamos com o PL, o maior partido do Brasil. Por isso digo que sou abençoado nesta campanha.
MN – O senhor foi indicado por um governo criticado pela manutenção da cidade. Como tem lidado com isso em sua pré-campanha?
MUSTAFÁ – A maior reclamação da cidade é de zeladoria. São dados, não estou supondo isso. É mato, buraco no asfalto. Prefeito não deixou de cuidar da cidade. Em visita a uma entidade, um senhor reclamou que a cidade estava cheia de buracos. Perguntei se era na rua dele, em outra próxima. Aí eu notei que era o que ele ouviu no rádio. Falta medicamentos? Sim, mas a impressão é de que não tem nada nas farmácias municipais.
MN – O governo Alonso não teve uma relação fácil com os servidores por ocasião das campanhas salariais nos últimos anos. O que a categoria tem a esperar de diferente com o senhor, caso seja eleito prefeito?
MUSTAFÁ – Nunca tive problemas com servidores. Quem me conhece sabe. Sempre trabalhei de portas abertas e nunca fui um cara de gabinete. Meu foco de trabalho é na rua. Ontem [quinta-feira última] fui conversar com o sindicato da categoria. Os servidores querem falar comigo. Isso demonstra um respeito recíproco. Reagendamos para falar com eles à noite. Só isso já mostra que nosso relacionamento é bom. O diálogo sempre será aberto.
MN – E quanto às campanhas salariais?
MUSTAFÁ – Não adianta pedirem 80 coisas para mim. Se conseguir resolver cinco, dez, já está bom. É necessário entender que daquilo que não consiga resolver, vou expor meus motivos, sejam aceitos ou não. Isso é diálogo.
MN – A exemplo de outros pré-candidatos, o senhor tem intensificado o “corpo-a-corpo” com o eleitorado…
MUSTAFÁ – O meu foco agora é a rua, ir para os bairros, conversar com as pessoas no comércio. Se eu pudesse, passaria pela cidade inteira. Eu preciso ser visto. Eu sou uma pessoa de família, ficha limpa 100%, mas ainda pouco conhecido. Tenho bons predicados para pleitear um cargo público de prefeito. Quando me conhecerem, virão comigo, não tenho dúvida.
MN – Em que pesam os ônus do governo Alonso na condição de indicado pelo prefeito?
MUSTAFÁ – As pessoas precisam entender que o governo Daniel termina em 31 de dezembro de 2024. O governo do Ricardo, se Deus quiser, dia 1º de janeiro de 2025. Vamos pensar para frente. O que deu errado com Daniel não vamos repetir ou corrigir e o que foi bom vamos melhorar.
MN – Não seria um eventual governo de continuidade?
MUSTAFÁ – Não. Isso já está bem estabelecido. A partir de 1º de janeiro, é governo Ricardo. Daniel já terá ficado para trás. Falar que o Daniel foi mau prefeito, não fez nada para a cidade é mentira. Lanço esse desafio aos críticos. Compare apenas quatro anos de governo Daniel com o anterior. Já é o suficiente.
MN – A convenção partidária do PL em Marília já tem data? O vice já foi escolhido?
MUSTAFÁ – Ainda não definimos a data. Quanto vice, também nada. Não estou escondendo o jogo. Há algumas conversas em andamento, mas não tenho preferência. O perfil que precisamos é que tenha pensamento alinhado com o nosso, que agregue à campanha e ao nosso futuro governo.
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