‘A limpeza pública é a cara do governo’, diz secretário Mário Rui

Sob novo governo desde 1º de janeiro, Marília passou por uma faxina em seus espaços públicos. Praças roçadas, árvores podadas, arbustos retirados. No Paço Municipal, a nova fachada ganhou um jardim colorido.
A “operação faxina” na cidade mobilizou centenas de braços sob a orientação presente do secretário de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Mário Rui. “A limpeza pública é a cara do governo”, afirmou ao Marília Notícia.
Em entrevista concedida no acanhado gabinete de secretaria, Mário Rui conta qual lugar escolheu para começar seu trabalho à frente da pasta, o desafio da reforma do Terminal Urbano, que deve ser entregue em dezembro.
Na parede, ele expõe com orgulho a carta de renúncia do prefeito Vinicius Camarinha (PSDB) ao cargo de deputado estadual após eleição a prefeito de Marília. “Ele assumiu essa cidade como uma missão, da qual estou junto”, justifica.
Em quase uma hora de conversa, Mário Rui fala sobre rotinas de sua nova etapa na vida pública e confidencia alguns achados e o episódio em que resolveu se disfarçar de coletor para conferir pessoalmente o serviço terceirizado da coleta de lixo.
Ex-assessor parlamentar do prefeito em exercício, Rogério Alexandre da Graça, o Rogerinho (PP), Mário Rui comenta quais seriam suas pretensões políticas além de ocupar o primeiro escalão do governo Vinicius.
Mário Rui Andrade de Moura de 51 anos é casado, pai de seis filhos e acabou de ser avô pela segunda vez neste sábado (13). Mariliense, é filho de policial militar – o cabo Moura, já falecido – e da assistente social Tereza Andrade de Moura, fundadora do projeto assistencial Barracão (atual Cáritas Diocesana).
“Quantas vezes vi minha mãe acolhendo garotada da rua para dormir em casa”, recordou Mário. Ex-office boy da Cúria Diocesana, aos 11 anos, fez carreira profissional na área administrativa e de vendas pela Unilever. O secretário que protege o verde é corintiano e formado em Ciências Sociais.
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MN – Em 2024, o senhor era assessor parlamentar e de confiança do então vereador Rogerinho, eleito vice-prefeito na chapa de Vinicius. Houve alguma surpresa no convite para ser secretário?
Mário Rui – Na verdade, foi uma surpresa, uma grande alegria quando o prefeito Vinicius Camarinha, me convidou para assumir a secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos. Como você bem disse, eu estava na assessoria do Rogerinho, na Câmara Municipal. Antes, havia sido chefe de gabinete do vereador Maurício Roberto. Eu também desenvolvo um trabalho de prestação de contas eleitorais. Participei da equipe do prefeito de prestação de contas da última eleição dele como deputado estadual e ali nós começamos um trabalho mais ligado, mais direto. Por isso, acredito eu, o prefeito teve um pouco de visibilidade do meu trabalho. Quando ele me convidou, prometi duas coisas: trabalho e lealdade. Acho que isso seja o básico. Eu acho que o nosso trabalho esteja sido visível nas ruas.
MN – Em que aspectos a experiência como assessor parlamentar tem contribuído em sua atuação como secretário municipal?
Mário Rui – Preciso dizer primeiramente que o Rogerinho é uma pessoa extremamente profissional no que ele faz. É uma pessoa que ele tem um comprometimento muito grande com o trabalho. Enquanto estive na assessoria dele, ele sempre me exigiu bastante. Diante dos anseios que chegavam para gente da população, ele pedia que a gente trabalhasse para ir atrás de uma solução. Eu tenho certeza de que o trabalho desenvolvido na Câmara me ajudou muito a ter uma visão da necessidade da população em diversas áreas, seja na área de infraestrutura ou de zeladoria, que é o que nós fazemos. Penso que ter ficado no Legislativo durante oito anos contribuiu para que eu pudesse ter uma noção de quais são as necessidades da população.
MN – E quanto aos vereadores? Como é estar do ‘outro lado’ no atendimento dos requerimentos legislativos?
Mário Rui – A Câmara recebe demandas de todo mundo. Ciente de como é a vida de um vereador e dos anseios da população que chegam até o seu gabinete, o prefeito orientou a todos os nossos secretários que abrissem as portas das secretarias para a população. Inclusive, para os vereadores. Aqui na secretaria agimos de imediato para que os pedidos que chegam do Legislativo sejam encaminhados. Nem sempre a gente consegue atender a todos, mas é dada uma devolutiva. É isso que nós temos feito.

MN – O que encontrou ao assumir esta secretaria em seu primeiro dia de trabalho como secretário?
Mário Rui – Nós estivemos aqui no dia 1º de janeiro, literalmente. No dia 2 foi ponto facultativo e, no seguinte, começamos o trabalho nas ruas. Nós encontramos uma secretaria deficitária em questão de equipamentos com uma frota sucateada, sem equipamentos para executar o serviço. Isso precisa ser dito. Quando eu cheguei, senti a equipe um pouco apreensiva e desmotivada. Fizemos três reuniões. A primeira foi com o pessoal dos serviços. Eu trouxe uma palavra de tranquilidade do prefeito, que iria honrar o pagamento deles. De fato, isso ocorreu. No mesmo dia nós conseguimos reverter a apreensão da equipe em motivação.
MN – A zeladoria foi a primeira ação percebida pela população no início deste governo municipal. Como sua secretaria tem conseguido dar conta da manutenção da limpeza dos espaços públicos municipais?
Mário Rui – Os problemas da cidade a gente já conhecia. Regaçamos as mangas e desde o primeiro dia fomos trabalhar. Nós começamos a limpar pela nossa casa, o Paço Municipal. Havia mato na calçada, era coisa feia aquela praça Saturnino de Brito. A pedido do prefeito, fizemos uma força-tarefa naquela região central do Ganha Tempo e na avenida das Esmeraldas. Nós eliminamos mais de 50 pés de boldo. Não que sejamos contra, nada disso, mas nós encontramos faca e droga escondido numa operação de limpeza. O que queremos dizer é que a limpeza pública é a cara do governo. O prefeito, uma cidade bem cuidada, e assim está sendo feito.
MN – Apesar do trabalho da secretaria, áreas de preservação ambiental e terrenos baldios continuam acumulando lixo…
Mário Rui – Nós temos mapeado 108 áreas no município de descarte irregular de entulho, de lixo, de material volumoso. Constantemente, diariamente, nós trabalhamos. Nós limpamos pela manhã e à tarde a população vai e descarta qualquer material. Nós temos três ecopontos, certo? A população não tem como dizer que não tem onde descartar os materiais. Mais recentemente, passamos a ter a coleta seletiva e a Operação Cata-Treco, que foi originariamente idealizada pela Secretaria Municipal da Saúde. A doutora Paloma (Libânio, secretária da Saúde) nos chamou para que a gente desse o apoio logístico. Vimos que era muito mais fácil e efetivo. O problema é cultural. Nós precisamos conscientizar a população que a sujeira que descarta não afeta somente o outro, mas ela mesma. Porque essa sujeira acaba indo para uma área de nascente, de preservação. Isso gera um impacto ambiental que traz consequências para todos nós.
MN – Como tem sido feita a fiscalização do serviço terceirizado de coleta e destinação do lixo urbano da cidade?
Mário Rui – Quando eu assumi a secretaria havia o problema do lixo que estava com a coleta atrasada. E fui pessoalmente, na rua, andar atrás do caminhão de lixo para ver como estava sendo feita a coleta de lixo, de verdade. Cobrei, pessoalmente, o gerente da empresa, ao ponto de o dono da empresa vir aqui sentar comigo na secretaria. Nós vimos aonde estavam acontecendo os problemas, apontamos e rapidamente conseguimos uma solução. Hoje não ocorrem mais. Eu mesmo montei no caminhão de lixo aqui. Fui até a empresa. Ninguém sabia que eu era o secretário. Fui como um coletor de lixo qualquer. Vi como é feito o processo de pesagem, acompanhei tudo.
MN – Isso ocorreu no começo da gestão?
Mário Rui – Sim, e não fui uma vez só não. Fizemos a pesagem em outra balança e fomos confrontar com a pesagem lá. Fizemos o que nós tínhamos que ter feito. Nós tínhamos algumas dúvidas de como era o processo. Então, fomos para sanar qualquer dúvida. Cada caminhão vai lá, passa pela balança que emite um ticket que tem o peso que ele entrou. O caminhão vai, descarrega, volta, passa na balança de novo, pesa vazio, gera uma tara e a gente tem o resultado. Cada motorista traz o ticket pesado. Como é empresa terceirizada, acontece a mesma coisa. Eles enviam, inclusive, a pesagem semanalmente. Tem uma equipe que confere todos os tickets com a planilha que é lançada. O ticket tem que bater tanto na empresa que faz a coleta quanto no destino. Então, é assim que é feita a conferência.

MN – Além da Saúde, como a pasta tem atuado em parceria com outras secretarias?
Mário Rui – Na verdade, a Secretaria do Meio Ambiente e Serviços Públicos acaba sendo um apoio a todas as demais. Nós apoiamos a Educação, que tem uma equipe que faz a capinação. A gente vai lá e recolhe o resíduo que eles geram. Em alguns casos, executamos o serviço de poda, roçagem, capinação, supressão, pintura de guia. É um trabalho bem invisível, as pessoas não percebem isso. Fato é que gente não via as pessoas trabalhando na cidade. Hoje, aonde você vai, tem algum serviço acontecendo. Isso faz com que a secretaria consiga entregar o resultado que o prefeito nos pede. A zeladoria da cidade é uma das pautas mais importantes. É devolver à população aquilo tem por direito.
MN – O prefeito tem organizado reuniões mensais com o secretariado onde todos falam e são cobrados. Como o senhor avalia esse modelo de gestão?
Mário Rui – E eu penso que tem sido muito importante. Cada secretário monta sua apresentação para mostrar o que fez. O escopo dessa apresentação é mostrar o trabalho que fez, o que achou de solução e quais as dificuldades, além projetar os trabalhos futuros. Nisso, o prefeito faz o papel dele. Quando ele tem necessidade de cobrar, ele cobra como faz todo líder, como todo gestor deve fazer. Mas ele nos dá a oportunidade de apresentar o fazemos, o que permite enxergar o que os nossos colegas secretários estão fazendo, quais as soluções que eles têm buscado para os problemas que têm da sua pasta. Isso cria integração um com o outro. O prefeito falou que a gente pode até não gostar um do outro, mas precisamos trabalhar juntos… Graças a Deus, nós secretários estamos trabalhando em sinergia.
MN – A reforma do Terminal Urbano provocou alguns transtornos iniciais, já implantou algumas melhorias e deve terminar em dezembro. A obra foi a melhor decisão?
Mário Rui – Quando nós optamos por tirar do Terminal Urbano a operação dos ônibus para as ruas ao lado igreja São Bento, foi uma decisão que me custou muita coragem. Não foi fácil, ainda mais no início de governo. Eu não vim para brincar. É um problema que nós tínhamos que resolver. Toda solução pensamos que seria traumática. Precisávamos tomar uma decisão dentro das ferramentas que nós tínhamos. Toda estrutura que foi montada tinha oito toneladas cada uma. Não tinha menor condição de fazer isso com o terminal operando, certo? Graças a Deus nós não tivemos nenhum acidente ou incidente. Mas nós podíamos ter tido. E outra, para montar aquela estrutura não tinha como ter ônibus circulando entro do terminal. Eu penso que hoje a população reconhece que foi o melhor que nós poderíamos ter feito. Ainda estamos finalizando a instalação do elevador para a acessibilidade das pessoas. A reforma do terminal ainda não foi finalizada, mas já está com outra cara. A previsão de entrega é para 1º de dezembro.
MN – De assessor parlamentar a secretário, qual será o próximo passo político do Mário?
Mário Rui – Olha, eu vou te dizer uma coisa que as pessoas respondem como se fosse, vamos dizer, um clichê. Mas é verdade. Eu não tenho pretensão política de cargo eletivo, nunca tive. Eu penso que a minha contribuição, enquanto bastidor da política, é valiosa. Eu comecei na política através do nosso vice-prefeito Rogerinho, pelo contato que eu tenho, ajudando na política. E fui trabalhando. Eu vou te confessar uma coisa. Quando o prefeito me chamou, eu tinha proposta de ser chefe de gabinete na Câmara, além de algumas outras coisas. Mas o prefeito me convocou para uma missão à frente da Secretaria do Meio Ambiente e Serviços Públicos. Eu fiquei feliz e depois eu fiquei cinco noites sem dormir (risos). Se amanhã ele precisar que eu assuma uma outra posição, eu estou para contribuir com ele o que ele precisar. Se falar, Mário, não preciso mais de seu serviço, tudo bem. Estou procurando dar o meu melhor. Eu costumo dizer que na política o vento muda constantemente. Hoje o que é bom pode ser que amanhã não seja bom, é assim que funciona. Mas eu acredito que pelo trabalho que o prefeito tem feito, pelo comando que ele tem dado no município, nós temos um futuro promissor e eu espero estar ao lado dele até o fim da gestão.