Tubulações com amianto em Marília preocupam o Daem
Marília possui 90 mil metros de tubulações de amianto, de acordo com estimativa do presidente do Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília), José Carlos de Souza Bastos, o Beca.
O material é apontado como cancerígeno pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) e organizações internacionais como a OMS (Organização Mundial da Saúde). Seu uso é proibido em pelo menos 62 países.
Projeto de lei em tramitação no Congresso brasileiro quer proibir a “extração, industrialização, importação, transporte e armazenamento” material.
No Estado de São Paulo uma lei estadual proíbe a utilização do amianto. A constitucionalidade da legislação é debatida no STF (Supremo Tribunal Federal) há anos, sem conclusão.
Em entrevista ao Marília Notícia, Beca afirmou que adutoras com essa matéria prima estão espalhadas por toda a cidade, principalmente nos pontos mais antigos.
“Pretendemos fazer a troca de toda a tubulação com amianto até o final da gestão atual (em 2020). Teremos bastante trabalho pela frente”, afirma o presidente da autarquia municipal.
Entre os locais apontados por Beca como exemplo sobre a utilização do material cancerígeno está a rua Lima e Costa, no Alto Cafezal, que constantemente sofre rupturas na tubulação e provoca vazamentos, deixando partes da cidade sem água.
Apesar do perigo que o material representa, Beca afirma que a água de Marília passa por análises diárias e nunca foi constatada a presença de partículas de amianto.
O grande problema seria a exposição ao material quando ocorrem rupturas, por exemplo. “Mas os funcionários que fazem a manutenção utilizam equipamento de proteção”, afirma.
Em maio, o VI Encontro Regional de Saúde do Trabalhador realizado pelo Cerest (Centro de Referência à Saúde do Trabalhador) na Secretaria Municipal da Saúde de Marília reuniu profissionais de quase 50 municípios para discussão e combate ao amianto.
No município, além das tubulações utilizadas pelo Daem, a presença do material também ainda persiste em vasos, telhas e caixas d’água.
Doenças
De acordo com o Inca, o amianto é um tipo de minério que foi intensivamente utilizado na indústria pela sua abundância e baixo custo de exploração.
“Considerado, por muito tempo, matéria-prima essencial por suas propriedades físico-químicas, tais como: grande resistência mecânica e às altas temperaturas, ao ataque ácido, alcalino e de bactérias. É incombustível, durável, flexível, indestrutível, resistente, sedoso, facilmente tecido e tem boa qualidade isolante”.
Segundo a entidade, todas as formas de amianto são cancerígenas. Entre as principais doenças provocadas pelo mineral estão o câncer de pulmão, laringe, trato digestivo e de ovário.
Outro males derivados desse material seriam a asbestose – causada pela deposição de fibras nos alvéolos pulmonares, provocando uma reação inflamatória – e a mesotelioma – uma forma rara de tumor maligno, mais frequentemente atingindo a pleura, membrana que reveste o pulmão.
“Além das doenças descritas, o amianto pode causar espessamento na pleura e diafragma, derrames pleurais, placas pleurais e severos distúrbios respiratórios”, afirma o Inca.