Mãe é presa acusada de obrigar filha a abortar
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul investiga se uma mãe obrigou a filha de 17 anos a fazer um aborto. O caso também deu início a uma investigação sobre a existência de uma suposta organização especializada em abortos no Estado. A mãe, de 39 anos, e mais duas pessoas que a teriam ajudado foram presas nesta terça-feira, 16.
A jovem teria abortado em 15 de março, na 21ª semana de gravidez. Na época, ela contou à polícia que havia tomado chá de buchinho – que não é abortivo – e que, sozinha, cavara um buraco no quintal de casa, onde enterrou o feto.
Investigadores não acreditaram na história e deram início à investigação. Dois detalhes chamaram atenção: a condição física da adolescente, que não teria forças para abrir cova de 1,20 de comprimento por 60 centímetros de profundidade, em função de fraqueza e perda de sangue, e o fato de o namorado da jovem ter encaminhado à polícia áudio em que a mãe dela exigia que ela fizesse o aborto.
Depois de colhidos mais detalhes, os policiais chegaram a um pedreiro de 39 anos que teria sido contatado pela mãe da adolescente para comprar um medicamento que tem caráter abortivo como efeito colateral. Ele teria consigo medicamento com uma enfermeira de 38 anos, que também foi presa.
A adolescente teria tomado dois comprimidos e inserido outros dois na vagina, no dia 13 de março. Sem o efeito esperado e em jejum, ela teria repetido o procedimento um dia depois, vindo abortar no dia 15. Ela chegou a ser hospitalizada duas vezes por causa da perda de sangue. Cada comprimido foi comprado por R$ 200, totalizando gasto de R$ 1,6 mil para realizar o aborto.
O próximo passo da polícia é verificar quem fornece o medicamento abortivo cuja venda é proibida no Brasil e descobrir se há mais casos de aborto ocorridos por meio da suposta organização.
De acordo com a Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude (Deaij), a mãe da adolescente responde por aborto provocado sem consentimento, formação de quadrilha, corrupção de menor e ocultação de cadáver, pois o feto foi enterrado no quintal da casa. O pedreiro de 39 anos foi indiciado por ocultação – pois teria feito a cova -, tráfico de drogas e associação para o tráfico, já que obteve o medicamento com a enfermeira. Esta também está envolvida com tráfico e associação.