Jovem denuncia maus-tratos em parto na Gota de Leite
Uma jovem de 19 anos registrou um boletim de ocorrência contra o médico que fez seu parto na Maternidade Gota de Leite, em Marília, entre terça (2) e quarta-feira (3). O caso foi registrado como omissão de socorro, maus-tratos e lesão corporal culposa.
O registro policial foi feito na tarde de quinta-feira (4) pelo marido da jovem mãe. O filho do casal recém-nascido foi transferido para a Santa Casa onde está internado com pneumonia.
O bebê teria sofrido lesões na cabeça por conta de “manobras arriscadas” do médico acusado. A criança teria engolido sujeira durante o parto e ficado sem batimentos e respiração logo após nascer.
O pai do recém-nascido narrou no plantão policial os momentos traumáticos vividos por ele e sua esposa.
Na terça-feira, a mulher começou a ter fortes dores e procurou a maternidade, foi examinada e dispensada. Por volta das 9h30, ela retornou e passou novamente com um profissional da medicina, segundo o BO.
Já de noite, às 19h, as dores se tornaram insuportáveis e um terceiro médico – que é acusado das agressões – atendeu a gestante e “a forçou ter o parto normal”.
“Realizou diversos procedimentos com o objetivo de forçar um parto normal, inclusive usava o braço com anel e pulseira e luva somente em uma mão”, diz o BO.
Próximo da meia noite, a gestante já tinha dificuldades para respirar e a criança parou no canal do útero.
Um pediatra chegou a advertir o médico que fazia o parto, dizendo que teria que “ser cesárea”, pois a mulher não aguentava mais.
O marido disse ao médico que a esposa não iria conseguir ter o parto normal e a reposta, segundo o denunciante, foi: “Ela vai conseguir sim, o nenê é nosso e se você quiser cesariana deveria ir em médico particular, você veio no lugar errado”.
Depois disso a mulher teria perdido os sentidos. O médico acusado teria desaparecido depois disso e foi necessário chamar outras médicas para finalizarem o parto. A criança foi transferida com urgência para a Santa Casa.
O pai do recém-nascido disse que solicitou a ficha clínica, mas foi informado de que somente será liberada em 15 dias.
Outro lado
A reportagem do Marília Notícia procurou a assessoria de imprensa da Gota de Leite para comentar o caso.
“A Maternidade e Gota de Leite, através das Diretorias Clínica e Técnica, determinou a abertura de sindicância interna para apurar os fatos denunciados, ouvindo médicos, equipe de enfermagem e outros profissionais que estavam de plantão no dia da ocorrência”, disse a instituição em nota.
A Gota ressaltou ainda que incentiva o parto normal, possui toda uma estrutura multiprofissional para realizar o procedimento com foco na humanização do atendimento.
“No caso de cesáreas, a Gota de Leite possui um Centro Obstétrico e Ginecológico com salas equipadas para as cirurgias. Ao final da sindicância, serão anunciadas as medidas a serem tomadas pela Direção da maternidade”, finaliza a nota.