Casos de Leishmaniose batem recorde em Marília
Oficialmente os casos de leishmaniose em humanos em 2016 já são quase o dobro do total verificado nos últimos cinco anos.
Em Marília já são sete casos confirmados da doença em humanos neste ano, segundo informação da Secretaria de Saúde do município ao Marília Notícia.
Nessa conta entra a morte – ainda considerada suspeita – de uma idosa de 81 anos, moradora da zona Sul no dia 21 de novembro. Ela teve o quadro agravado por hipertensão e diabetes.
O óbito está sendo investigado pela Secretaria da Saúde e pelo Hospital das Clínicas, mas a quantidade de casos já confirmados deixa população e especialistas em alerta.
Em 2011 foi confirmado o primeiro caso da doença em humanos no município. Três anos depois, novas ocorrências – em 2014 foram dois registros oficiais. Em 2015 mais um caso.
Entre o primeiro diagnóstico, quase seis anos atrás, e o ano passado haviam sido quatro casos confirmados.
Apesar de o primeiro caso de transmissão para humanos do parasita que desencadeia a leishmaniose visceral em 2011, o mosquito-palha – vetor do parasita – foi identificado pela primeira vez em Marília no ano de 2009.
MORTE
A assessoria de imprensa da Saúde garante, porém, que “desde então, investiga-se apenas um óbito suspeito de ter sido por leishmaniose visceral”.
Segundo nota enviada ao MN, a administração municipal aguarda a contraprova de alguns exames para confirmar a morte pela doença. “Acreditamos que, na próxima semana, certamente estes resultados estarão disponíveis para a Secretaria Municipal da Saúde de Marília”.
No entanto, parte da imprensa local veiculou reportagens na última semana trazendo denúncias de que o problema pode ser maior.
O Jornal da Manhã, em edição que circulou no feriado (8) e na sexta-feira (9), trouxe uma matéria com depoimento de funcionário público da área da Saúde que fala em 13 casos confirmados e quatro mortes suspeitas. Só foram reveladas as iniciais do personagem ouvido pela reportagem.
LIXO
A reportagem do MN ouviu de especialistas que a proliferação do mosquito que transmite a doença se reproduz principalmente onde existe lixo em decomposição.
Coincidência ou não, Marília vive um caos na coleta de lixo nos últimos meses.
MEDIDAS
De acordo com nota enviada, conforme estabelece o protocolo de enfrentamento do parasita da leishmaniose visceral preconizado pelo protocolo do Ministério da Saúde, “cães soropositivos para leishmaniose necessitam, obrigatoriamente, serem eutanasiados. Não há outra alternativa para o enfrentamento do hospedeiro em cães”.
Sobre as medidas para combater a doença, a nota diz:
“Recentemente, equipe multiprofissional, incluindo médicos e enfermeiros da Secretaria Municipal da Saúde, participou de capacitação ministrada pela médica veterinária e pesquisadora científica Mary Marcondes Feitosa, considerada uma das principais especialistas no combate à leishmaniose visceral. O Município informa que os técnicos da Secretaria Municipal da Saúde estão buscando a expertise e estratégias de trabalho adotadas por equipes multiprofissionais de municípios onde a leishmaniose é endêmica e acabou sendo vencida e controlada.
O município está totalmente articulado no enfrentamento do mosquito-palha. O grupo de trabalho de leishmaniose, montado no começo deste ano, conta com o envolvimento estratégico de profissionais da atenção básica, da Vigilância Epidemiológica e da Divisão de Zoonoses. São médicos, médicos veterinários, enfermeiros, auxiliares de Enfermagem, cirurgiões-dentistas e agentes de endemias que, de forma periódica e sistemática, desenvolvem ações e avaliam a situação do município no que se refere às medidas de controle da leishmaniose visceral. Outra ação de prevenção e controle consiste na elaboração de inquéritos caninos e bloqueios em áreas onde foram registradas transmissões em humanos”.