Mulheres são 31% das candidaturas em Marília
Das 257 candidaturas à Câmara, prefeitura e vice de Marília, 80 são de mulheres, ou 31% do total. Por outro lado, a Justiça Eleitoral mostra que as mulheres são 53% dos 169.074 eleitores no município.
Com esses dados, um Infográfico feito pela Carta Capital mostra que Marília é a 765ª cidade mais desigual nesse quesito entre os 5.568 municípios do Brasil.
Atualmente, a Câmara de Marília possui 13 cadeiras. Apenas uma é ocupada por uma mulher. Hoje, Prefeito e vice também são homens.
E são homens todos os candidatos aos próximos mandatos de Prefeito e vice. Portanto, todas as candidatas disputam vagas como vereadoras.
ANÁLISE
A militante feminista Flávia Foresto, em entrevista ao Marília Notícia, avalia que em nossa sociedade a mulher sempre foi condicionada ao espaço privado, “por conta do próprio sistema patriarcal, do machismo mesmo”.
De acordo com ela, desde criança as mulheres são desencorajadas a assumirem posições de liderança. “Ao contrário do homem, cujas brincadeiras desde pequenos estão relacionadas à liderança, força, as mulheres são ensinadas a cuidarem da beleza, ao cuidado com o outro”, diz.
Para ela, as mulheres acabam se sentido mais inseguras para falar em público por conta dessa coerção social. Flávia também avalia que, não fosse a cota de participação das mulheres entre as candidaturas, a presença das mulheres seria ainda menor.
“Sei de casos onde a mulher só é chamada para cumprir a lei. Não existe preocupação se ela vai ser eleita, se vão pensar em políticas públicas para as mulheres. É mera formalidade, para vender um discurso”, fala.
MULHERES NAS COLIGAÇÕES
Em relação à participação das mulheres nas coligações, levantamento do Marília Notícia junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostra que a coligação Avança Marília (Vinícius Camarinha) possui 172 candidatos, dos quais 55 são mulheres; Desenvolvimento Sem Corrupção (Daniel Alonso), 41 candidatos, dos quais 12 são mulheres; Marília Tem Jeito (Juliano Ferreira) possui 21 candidatos, dos quais sete são mulheres.
Pelo Psol (Barba Pintor), são 17 candidatos, dos quais uma mulher. O PCO, apesar de não ter ninguém concorrendo à Prefeitura, tem apenas um candidato à Câmara. No caso, uma mulher.
Em Marília, o PR e o Psol são os partido com mais pessoas do sexo feminino na disputa, com seis candidatas cada. O Solidariedade vem em seguida, com 5 candidatas.
TSE
Nas eleições municipais deste ano em todo o país o percentual geral de mulheres que disputam os cargos eletivos ultrapassou 30%.
A primeira vez que isso aconteceu foi nas eleições municipais de 2012, quando partidos políticos e coligações atingiram o percentual de 32,57% de candidatas do sexo feminino.
Segundo dados do TSE, do total de candidatos destas eleições, 155.587 (31,60%) são do sexo feminino, e 336.819 (68,40%) são homens.
Na disputa para os cargos de vereador em todo o país, essa proporção é ainda maior: 32,79% são candidatas. Na disputa majoritária (para prefeito), 12,57% dos candidatos são do sexo feminino.
COTA
Apesar de numa visão geral o percentual de mulheres candidatas ter ultrapassado 30%, ainda há uma dificuldade dos partidos e coligações nos municípios atenderem o que diz a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), que estabelece, em seu art. 10, que, nas eleições proporcionais, “(…) cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”.
Isso significa que, nestas eleições, cada partido ou coligação de cada um dos 5.568 municípios do país deverá lançar candidatas ao cargo de vereador no percentual mínimo de 30%.
A Justiça Eleitoral também está atenta a eventuais fraudes no lançamento de candidaturas femininas apenas para preencher o quantitativo determinado pela Lei Eleitoral, sem dar suporte a essa participação com direito de acesso ao horário eleitoral gratuito na rádio e na televisão e aos recursos do Fundo Partidário.
As mulheres ocupam hoje baixos percentuais de vagas nos cargos eletivos no Brasil. São 10% dos deputados federais e 14% dos senadores, embora sejam metade da população e da força de trabalho na economia.
O percentual é idêntico nas Assembleias Estaduais e menor ainda nas Câmaras de Vereadores e no Poder Executivo, afirma o TSE.