‘Estamos lutando errado contra o feminicídio’, afirma Dani Alonso na tribuna da Alesp

A deputada estadual Dani Alonso (PL) fez um discurso contundente sobre a forma com que a sociedade vem enfrentando os casos de feminicídio e a violência contra as mulheres, de modo geral. A fala se deu nesta semana na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp).
“Acredito, firmemente, que nós estamos lutando errado contra o feminicídio no Brasil e também no nosso Estado de São Paulo”, declarou Dani. Para a deputada, nunca se fez tanta campanha sobre o assunto e as leis relacionadas ao tema jamais foram tão severas quanto agora, mas os casos persistem.
A parlamentar acompanha de perto o problema, já que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres na Alesp.

Dados
Segundo a ONU Mulheres, no ano passado, em todo o mundo, 50 mil mulheres e meninas foram mortas por parceiros íntimos ou familiares – 137 ocorrências por dia ou uma a cada 10 minutos.
A maior taxa de feminicídio, de acordo com o órgão das Nações Unidas, ocorreu na África (três por 100 mil mulheres), seguida pelas Américas (1,5), Oceânia (1,4), Ásia (0,7) e Europa (0,5).
Dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero, mantido pelo Senado, apontam 2.278 feminicídios no Brasil em 2024, ante 1.962 no ano anterior – crescimento superior a 16%.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, o Estado registrou 253 feminicídios em 2024 e 221 em 2023 – aumento de quase 14,5%.

Diagnóstico
“Por que ainda todos os dias nós ligamos a TV e vemos mulheres vítimas, o tempo todo, de maridos, namorados, violências domésticas que começam dentro das suas casas, dentro dos seus lares, onde deveria ser o lugar de maior proteção, de maior refúgio, de maior cuidado das nossas mulheres?”, questionou Dani Alonso.
Para a deputada, as mulheres estão fazendo sua parte, que é lutar contra a violência direcionada a elas, se posicionar sobre o assunto e se organizar no enfrentamento ao problema. “Mas essa virou uma luta de mulheres com mulheres para se proteger. Enquanto a raiz desse problema, a raiz do feminicídio, são os homens. Por que os homens não estão abraçando essa luta com a gente? Por que os homens não estão se posicionando?”, perguntou.
Na constatação da parlamentar, não se vê homens usando a tribuna para abordar o problema, nem lutando por políticas públicas na área. Isso é um agravante, segundo Dani Alonso, pois a solução para a questão passa justamente por repensar a essência masculina, que deve se basear na proteção e cuidado.

Solução
“E quando essa identidade é distorcida, o que nós estamos vendo? É justamente a violência contra aquela que ele deveria prover, proteger e cuidar. E quando existe essa distorção de identidade, de realidade, o caos é estabelecido. E é o que nós vemos hoje quando se fala em feminicídio”, analisou Dani Alonso.
A deputada entende que a busca das mulheres pela liberdade em fazer suas próprias escolhas muitas vezes provoca frustração nos homens, que não conseguem lidar com limites – uma transformação social que precisa ser feita com urgência. “Em vez de proteger, ao invés de cuidar, o que ele faz? Ele machuca aquela que ele deveria proteger”, concluiu.
“Essa é uma luta para proteger a sua mãe, a sua filha, a sua sobrinha, a sua irmã, a companheira do seu trabalho, a sua amiga”, apontou a presidente da Comissão de Direitos das Mulheres da Alesp. “Essa é uma luta na qual os homens precisam se posicionar dentro da política, dentro das igrejas, dentro do trabalho, dentro da comunidade, dentro das mentorias.”
No fechamento de seu discurso, Dani Alonso clamou pelo “resgate da verdadeira identidade masculina” e para que eles formem um coro por mudança. “Hoje o meu apelo é para que homens se posicionem, para que homens se levantem, vozes masculinas comecem a se posicionar para proteger as nossas mulheres do nosso Brasil.”