“O câncer não ia ganhar de mim”: relato de superação vira símbolo do Outubro Rosa

A biomédica Denise Barbosa Bianchini, de 43 anos, descobriu um nódulo nas mamas durante um autoexame em agosto de 2022. Tinha exames de rotina agendados para o mês seguinte, mas a médica do ultrassom foi direta: era preciso fazer uma biópsia imediatamente.
O diagnóstico veio sem rodeios — carcinoma triplo negativo, um dos subtipos mais agressivos do câncer de mama. “A casa caiu na hora. Entrei no carro e chorei bastante. Muito mesmo. Mas decidi enfrentar de frente. Eu brinco que sou competitiva. Como eu sou competitiva, ele não ia ganhar de mim”, conta.
O tratamento começou ainda no fim de outubro, passou por 16 sessões de quimioterapia e terminou com a cirurgia em maio de 2023, em São Paulo. Em janeiro deste ano, Denise concluiu o processo, mas segue com acompanhamento médico a cada quatro meses.
“Foi muito difícil. A quimioterapia é puxada, e a gente não pode romantizar isso. Mas eu tinha muita fé e esperança. A certeza da minha cura era muito grande”, diz ela, que hoje enxerga a vida com outros olhos. “Caminhar era algo que eu não conseguia fazer durante o tratamento. Agora, quando sinto o vento no rosto e vejo a luz do sol, percebo como Deus é maravilhoso nas coisas simples.”
Outubro Rosa e o impacto do câncer de mama
Histórias como a de Denise reforçam a importância do Outubro Rosa, campanha nacional de conscientização sobre o câncer de mama — o segundo tipo mais comum em Marília. Entre 2014 e 2025, o município registrou 1.143 casos da doença, segundo levantamento do Marília Notícia com base no DataSUS, sistema oficial do Ministério da Saúde.
No total, a cidade contabilizou 8.484 diagnósticos de câncer no período. O câncer de pele lidera as estatísticas locais, com 1.445 registros, seguido pelo de mama. O câncer de cólon aparece na sequência, com 512 casos.
Casos de câncer aumentam na última década
A análise ano a ano revela um crescimento expressivo dos diagnósticos em Marília. Em 2014, foram 380 casos — número que se manteve relativamente estável até 2017. A partir de 2018, houve um salto: 695 registros naquele ano, 1.046 em 2019 e 821 em 2020, período afetado pela pandemia de Covid-19.
Mesmo com as restrições sanitárias, os números voltaram a subir: 1.022 em 2021, 1.077 em 2022 e o recorde em 2023, com 1.082 diagnósticos. Em 2024, foram 925 novos casos e, até agora, em 2025, já são 349 — o que indica que os números podem se manter altos até o fim do ano.
Diagnóstico precoce salva vidas
A campanha Outubro Rosa tem como foco estimular o autocuidado, o autoexame e a realização da mamografia — principal exame para detecção precoce de tumores mamários. Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico em estágios iniciais aumenta significativamente as chances de cura.
Embora o aumento nos registros possa indicar maior acesso aos exames e à informação, os números reforçam a urgência de políticas públicas contínuas voltadas à prevenção, rastreamento e tratamento da doença.
Com quase 8,5 mil diagnósticos de câncer em 11 anos, Marília enfrenta um desafio crescente na área da saúde pública. Ao mesmo tempo, o cenário destaca a importância de campanhas como o Outubro Rosa — que não apenas informam, mas podem literalmente salvar vidas.
