No Agosto Lilás, falta de dados sobre feminicídios preocupa na região de Marília

Em pleno Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização e ao combate à violência contra a mulher, a ausência de informações oficiais sobre feminicídios entre 2023 e 2025 chama atenção na região de Marília. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) só disponibilizou números até 2022, deixando sem atualização três anos cruciais para compreender a evolução desse crime na região.
De acordo com os últimos dados disponíveis, entre 2015 e 2022 foram registrados 38 casos de feminicídio. As cidades de Marília e Lins lideram as estatísticas, com oito ocorrências cada, enquanto a Delegacia Seccional de Marília aparece como a que mais concentrou casos, somando 15 registros no período.
O levantamento aponta que 2021 foi o ano mais letal, com nove vítimas. Em seguida, aparecem 2019, 2020 e 2022, com seis ocorrências cada. Já 2016 e 2018 tiveram quatro feminicídios por ano; 2017, duas ocorrências; e 2015, apenas um.

Também houve registros em cidades como Ourinhos, Pompeia, Garça, Sabino, Bastos, Tupã, Vera Cruz, Júlio Mesquita, Quatá e Santa Cruz do Rio Pardo.
Apesar da lacuna estatística, a violência segue presente. O caso mais recente ocorreu em 2 de agosto deste ano, quando a cabeleireira Lucimara Nunes, de 55 anos, foi morta em Vera Cruz. O suspeito, Rodrigo Henrique de Souza, de 39 anos, foi preso em flagrante em Pompeia.

Programa de apoio às vítimas
Em meio a esse cenário, o Governo de São Paulo implantou neste ano um programa de auxílio-aluguel para mulheres vítimas de violência doméstica, administrado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Seds).
Criado em fevereiro, o benefício de R$ 500 mensais já contemplou 2.264 mulheres até agosto, totalizando mais de R$ 3,8 milhões em repasses. O objetivo é oferecer condições mínimas de independência habitacional e financeira, fatores que frequentemente dificultam a ruptura com agressores.
Na região de Marília, 59 mulheres foram beneficiadas até o momento, principalmente em Herculândia, Palmital, Ourinhos e Pompeia. Apesar de figurar entre os municípios com mais feminicídios, Marília não teve nenhuma beneficiária até agosto.
O auxílio é depositado diretamente na conta das mulheres, sem intermediação dos municípios. Para participar do programa, as cidades precisam garantir acompanhamento técnico por meio dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), responsáveis pelo apoio psicossocial e fortalecimento da autonomia feminina.