De jogador a ‘palhaço político’, José Maria Marín fez passagens por Marília

Falecido no domingo (20), aos 93 anos, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marín, construiu sua trajetória em Marília nos dois principais campos de sua conturbada biografia: o futebol e a política.
Nos gramados, sua passagem foi breve. Após atuar pelo São Paulo Futebol Clube, sua equipe do coração, transferiu-se para o São Bento de Marília – o primeiro clube profissional da cidade, fundado em 1928 e atualmente desativado.
Em Marília, Marín foi ponta-direita do Leão alvirrubro em sua penúltima temporada como jogador, em 1953, antes de encerrar a carreira no Jabaquara, de Santos. Foram os últimos anos de dificuldades no futebol.
“Dividimos o mesmo quarto no hotel São Bento”, relembrou o ex-goleiro João de Almeida, conhecido como João Louco, em entrevista ao livro O Circo, uma homenagem à chácara que reconectaria Marín à cidade em diversas ocasiões. João faleceu em 2019, aos 93 anos.
Depois da carreira como atleta, Marín voltou a Marília pela via política. Entre 1982 e 1983, quando era governador de São Paulo, participou das festividades da agremiação mariliense onde “jogou, festejou, bebeu e tocou bumbo”, segundo o mesmo livro.

Embora fosse a maior autoridade política do Estado, José Maria Marín juntou-se aos “palhaços”, como são chamados os frequentadores da chácara O Circo. Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, ele presenteou a “chácara”entidade” com uma camisa da seleção brasileira.
Governista nos anos da ditadura militar no Brasil, José Maria Marín perderia espaço no jogo político após a redemocratização do país, e só reocuparia um cargo de comando em 2012 ao presidir a CBF até o fiasco do Mundial de 2014.
Preso no ano seguinte sob a acusação de fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, Marín foi condenado pela Justiça dos Estados Unidos, em 2018, depois de ser banido do futebol pela Fifa, em 2015. Ficou preso até 2020, quando foi solto por motivos de saúde.

Em 2007, enquanto persistia no banco de reservas das eleições legislativas, José Maria Marín recebeu votos de congratulações de seu novo colega de PTB, o vereador Mário Coraíni Junior pela “intenção de ajudar na modernização e no crescimento da agremiação partidária.”
Enquanto Marin foi o principal cartola do futebol paulista, entre 1982 e 1988, o futebol mariliense sofreu dois grandes reveses: o primeiro rebaixamento da elite estadual com o Marília Atlético Clube (MAC), em 1985, e a desativação profissional do São Bento onde jogou, em 1987.
O mesmo alvirrubro por onde brilhariam, após a inexpressiva passagem de Marín, o mestre Ziza, ídolo de Pelé, em 1957, e o zagueiro mariliense Jurandir de Freitas, ex-São Paulo e campeão do mundo pela seleção brasileira, em 1962.
