Juiz suspende Comissão Provisória do PSDB
O juiz Samir Dancuart Omar, da 3ª Vara Cível de Marília, suspendeu no final da tarde desta sexta-feira (1º) a comissão provisória do PSDB de Marília.
O magistrado atendeu pedido do ex-presidente tucano na cidade, Paulo Alves, que entrou na Justiça com uma ação anulatória sobre o ato que dissolveu o antigo diretório.
Esse é mais um capítulo da batalha entre Alves e o empresário Daniel Alonso, atual pré-candidato do partido para o cargo de prefeito.
Tudo começou quando Paulo Alves ainda era presidente do diretório municipal e foi seduzido pelo grupo político do prefeito Vinícius Camarinha (PSB).
Apesar de Alves negar publicamente, nos bastidores a informação ventilada era de que ele negociava com o atual prefeito para sair como vice nas eleições de outubro.
Os boatos cresceram quando Paulo anunciou sua saída do comando da Secretaria Estadual de Assistência Social na região, obedecendo, assim, a lei de descompatibilização que obriga servidores a se afastarem dos cargos para concorrer nas eleições municipais.
Em uma visita do secretário estadual da pasta, Floriano Pesaro, a crise explodiu, pois o dirigente estadual declarou apoio aberto a Camarinha e ainda disse que gostaria de ver a dobradinha com Alves, fato que implodiria a candidatura de Daniel Alonso.
Os tucanos aliados de Daniel não gostaram nada disso e decidiram dissolver o diretório municipal. Foram 37 votos a favor e 5 contra a dissolução.
A manobra tirou Paulo Alves da presidência e uma nova Executiva foi formada com Daniel à sua frente.
Com a decisão do juiz mariliense, o PSDB fica sem diretório na cidade e com as atividades suspensas.
“Considerando que se trata de ano de eleições municipais, há risco de dano irreparável ou de difícil reparação, caso haja continuidade das atividades de comissão partidária municipal instalada sem legitimidade estatutária. Por tais razões, com fundamento no artigo 300, do C.P.C., defiro a tutela de urgência pretendida para o fim de suspender as atividades da comissão provisória municipal do PSDB de Marília até ulterior deliberação nestes autos”, diz o juiz em seu despacho.
O advogado que representou Alves na ação, Samuel Castanheira, falou por telefone com a reportagem do Marília Notícia. “Segundo o estatuto do partido, para dissolução de um diretório, é necessário o aval da comissão estadual do PSDB, o que não ocorreu. A decisão foi apoiada somente pelo Pedro Tobias, presidente do partido no estado”, disse Castanheira.
Posição de Daniel Alonso
Já Daniel Alonso disse também ao telefone para a reportagem do MN, que a situação é normal quando há conflito e que o problema será resolvido rapidamente.
“Temos um novo estatuto nacional do PSDB assinado pelo Aécio Neves, que dá poderes ao presidente do partido estadual e local nomear uma executiva provisória sem que seja necessário a maioria do partido. O juiz acabou supervalorizando o depoimento de um membro do partido. Será simples, iremos mostrar esse novo estatuto e resolver a situação”, disse Daniel.
Para o tucano, na pior das hipóteses o PSDB de Marília pode convocar uma nova convenção. “Nesse caso temos maioria e a situação fica definida”, disse.
Mesmo demonstrando certeza quanto a resolução do imbróglio, Daniel disse que está irritado com Paulo Alves. “O grande interessado é o outro lado. É a única chance que eles tem de me tirar do páreo, estão com medo porque sabem que vão perder na urna. E existe um agravante nisso tudo. O Paulo Alves está atrapalhando o nosso projeto para a cidade. Eu tenho certeza que ele será expulso do PSDB quando for julgado na comissão de ética do partido”, finalizou.
Posição de Paulo Alves
Já para Paulo Alves, a ação combinada entre Pedro Tobias (presidente estadual do PSDB) e Daniel Alonso foi fraudulenta e ilegal. “Eles agiram na calada da noite. Infringiram o estatuto do partido”, disse para a reportagem do Marília Notícia.
Segundo Alves, a executiva estadual dos tucanos é quem deve decidir a situação de Marília. O caso precisaria necessariamente passar por esse processo.
“O Pedro Tobias fez uma baita confusão. Na última segunda-feira houve uma reunião em São Paulo, que iria decidir quem fica no comando do diretório municipal daqui, mas quando ele percebeu que não ia passar o grupo do Daniel goela abaixo, criou uma briga no local e interrompeu a reunião para não haver votação. Dessa vez ele não tem escolha e a situação precisa ser resolvida. A decisão da executiva estadual é soberana”, explicou.
O político disse também que a conta de Alonso não bate: “Se ele tem a maioria porque dissolveu o partido? Se eu voltar para a presidência do PSDB em Marília irei conduzir tudo como antes. A gente senta na mesa e discute as propostas. Se a maioria quiser o Daniel para prefeito ótimo, vamos adesivar o carro de ponta a ponta. Se a maioria decidir pelo apoio ao Vinícius beleza também. O processo tem que ser democrático, bom para o PSDB e para Marília”.
Questionado se pessoalmente tem o desejo de apoiar Camarinha, Paulo Alves se esquivou: “Não tenho esse desejo pessoal. Ouvi muita coisa de muita gente nos últimos dias. Só quero que as coisas aconteçam de maneira democrática”.
Por enquanto a legenda fica sem candidato a prefeito e vereadores em Marília.