Preso por esquartejar menino diz à polícia que ‘vozes o levaram a matar’
A Polícia Civil de Assis – que ainda tenta localizar partes dos restos mortais do menino Mateus Bernardo Valim de Oliveira, de dez anos – apresentou durante coletiva de imprensa no início da noite desta quarta-feira (18), um retrato mais detalhado do caso que tem chocado a região.
A prisão e confissão de Luís Fernando Silla de Almeida, de 46 anos, vizinho e conhecido da família, revela detalhes perturbadores e cruéis do crime, que resultou com o menino esquartejado.
Depois de ter negado envolvimento na morte do garoto, o homem acabou confessando o homicídio, mas com contradições que permanecem. A polícia revelou que, durante o interrogatório, Luís Fernando afirmou não ter premeditado, alegou que ele e Mateus estavam estava atirando pedras um no outro [sugerindo um acidente], também disse ter “ouvido vozes” que o incentivaram ao crime e revelou “sentir inveja” das crianças.
CAVALO DE TRÓIA
Luís Fernando, descrito pelos moradores como uma figura tranquila, costumava ajudar crianças do bairro, incluindo Mateus, com consertos de bicicletas em sua casa. Essa rotina de gentilezas fez com que ele fosse bem visto pela vizinhança, inclusive por familiares da vítima, que nunca imaginaram que ele pudesse representar perigo.
O delegado Tiago Bergamo, responsável pelo caso, comparou a relação entre Luís Fernando e a família da vítima a um “cavalo de Tróia”. Ele explicou que o suspeito usava essa proximidade para se infiltrar na confiança das pessoas.
“Ele se apresentava como alguém prestativo e confiável, mas, na realidade, escondia intenções malignas”, afirmou. “Ele [homicida] nos disse foi que as vozes o levaram a esse ato bárbaro. Também mencionou uma espécie de ciúme ou inveja da alegria das crianças, incluindo Mateus”, detalhou o delegado.
De acordo com o depoimento do suspeito, ele convidou Mateus para ir até um rio na região. No local, os dois teriam discutido por motivos ainda desconhecidos.
Luís Fernando alegou que ambos começaram a arremessar pedras um no outro e, em determinado momento, ele atingiu o garoto, percebendo em seguida que Mateus estava sem vida.
Após cometer o crime, Luis Fernando voltou para casa, pegou uma serra e retornou ao local. Ele desmembrou o corpo do menino e o abandonou na mata.
Com a região consternada e a cidade abalada, o criminoso não foi mantido em Assis nem mesmo para a conclusão das buscas pelos restos mortais.
Luís Fernando foi transferido para um presídio em Presidente Venceslau. Ele responderá por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, com possibilidade de novos crimes e agravantes, com o avanço das investigações.
A polícia realizou novas buscas na residência do suspeito. Durante as diligências, foram encontrados animais mortos, o que pode indicar comportamentos violentos prévios. Estes elementos estão sendo analisados para entender o perfil psicológico e se há conexão com outros possíveis crimes.