‘Vou poder olhar para as pessoas e pedir o voto novamente’, afirma Fabiana Camarinha
Fabiana Camarinha foi eleita com 4.281 votos e toma posse no início de 2025 para um mandato de quatro anos como vereadora na Câmara de Marília. Sua campanha teve destaque por seu compromisso firmado com causas sociais, proteção a mulheres e crianças e a reativação de projetos na cidade.
Formada em Serviço Social, a vereadora eleita tem histórico de atuação na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e na Casa do Pequeno Cidadão, que diz pretender reativar.
Em sua primeira tentativa eleitoral, foi a vereadora mais votada da história de Marília, mas a política não é novidade em sua vida. Ela é casada com ex-prefeito, ex-deputado estadual e ex-deputado federal Abelardo Camarinha, com que está há mais de 20 anos. Fabiana acompanhou de perto a carreira política do marido e agora inicia a sua própria.
Ao Marília Notícia, Fabiana reforça a necessidade de melhorar o acesso à saúde, especialmente em exames preventivos para mulheres, uma área que apontou como crítica durante a campanha.
Outro ponto de destaque foi o aumento da representatividade feminina no Legislativo, um passo importante para Marília. Fabiana Camarinha diz que espera que sua atuação inspire outras mulheres a se interessarem pela política, um movimento que ela já percebe em ascensão.
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MN – Você é mesmo daqui de Marília?
Fabiana – Sou de Marília. Fui criada no bairro Alto Cafezal. Minha mãe é professora e meu pai é militar aposentado. Sou formada em Serviço Social.
MN – Como foi sua infância em Marília?
Fabiana – Frequentava as casas de tias e avó, pois era tudo perto. Foi uma infância muito boa, gostosa, com tias, avós, primos. Foi aquela infância que hoje a gente não vê mais. Brincando na rua de esconde-esconde, queima. Hoje é tudo bem mais diferente. Por exemplo, meu filho está sempre no apartamento. Não teve isso que a gente tinha de brincar na rua com os amigos. As crianças de hoje nem sabem o que é isso.
MN – Você estudou onde aqui em Marília?
Fabiana – Eu estudei no Abel Augusto Fragata. Eu também fiz Serviço Social, sou formada em assistente social.
MN – Você se formou e já começou a trabalhar?
Fabiana – Eu me formei e já trabalhei na Apae. Eu me formei em 2001. Me formei cedo. Trabalhei também na Casa do Pequeno Cidadão, que funcionava ali perto do Colégio Cristo Rei, mas que hoje infelizmente não existe mais. Na época que eu me formei, o Abelardo (Camarinha) foi o paraninfo, padrinho da nossa turma.
MN – Foi nessa época que vocês se conheceram?
Fabiana – Foi sim. Ele era prefeito e foi nessa época que a gente começou a namorar, por volta de 2001. Há mais de 20 anos, né? O Gabriel [filho] já tem 13 anos. Já faz bastante tempo.
MN – Como vocês se conheceram?
Fabiana – A gente se conheceu nessa época que eu fazia Serviço Social. Ele era prefeito e eu fui fazer estágio. Foi mais ou menos essa época aí que a gente se conheceu.
MN – Você está há mais de 20 anos ao lado de um político e como foi a experiência de participar como candidata de uma campanha?
Fabiana – Eu acompanho ele há mais de 20 anos. Eu o conheci quando ele era prefeito, numa eleição. Eu sempre gostei, participei, mas nunca como candidata. Agora foi a primeira vez e foi uma experiência boa, porque senti o carinho da população em todos os lugares que fui.
MN – Como foi a aceitação das pessoas durante a campanha?
Fabiana – Eu fui bem aceita e não tive rejeição, então foi muito gostoso. As pessoas que trabalhavam para mim, que me ajudavam, falavam que estavam gostando de trabalhar comigo. Foi muito gostoso de trabalhar esses 45 dias. Eu já venho há uns três meses, desde quando a gente sentou e decidi que seria candidata para vereadora. Sentei com o Abelardo e a gente já fez um plano de governo, com as coisas que eu achava importantes. Desde então eu já comecei a andar e já fui sentindo o carinho do povo.
MN – As pessoas queriam vereadores diferentes na Câmara?
Fabiana – Eu acho que a população estava querendo algo diferente, cansada de tudo que vinha acontecendo. Por ser mulher, a bandeira que eu trouxe também foi muito bem aceita.
MN – Você imaginava que ia ser tão bem votada assim?
Fabiana – Não. Eu imaginava que eu seria bem votada. Sempre quando a gente falava no candidato mais votado, estava na casa ali dos 3.500 ou 3.700 votos, mas não tinha uma ideia assim.
MN – Você acha que essa votação expressiva, a maior da história em Marília, aumenta a sua responsabilidade na Câmara?
Fabiana – Com certeza aumenta, mas eu quero fazer um bom trabalho. Vou fazer um bom trabalho. Tudo aquilo que eu levei de propostas para as pessoas, eu pretendo já ir atrás logo de início, trazendo para Marília tudo aquilo que foi falado, porque eu acho que é isso que o povo espera de um político. Que venha, que converse, que traga propostas e que depois cumpra. Eu tenho certeza que eu vou voltar daqui quatro anos e vou poder olhar para as pessoas e pedir o voto novamente. Pedir o voto com a certeza de que aquilo que eu falei, eu cumpri, eu fiz e eu trabalhei.
MN – Você pretende concorrer à presidência da Câmara?
Fabiana – Muita gente falava que eu seria a presidente. Na cabeça das pessoas, a mais votada é a presidente, mas mudou isso. A mais votada só preside a primeira sessão. De início, posso dizer para você que eu não me candidatei à presidência, pelo fato de que eu estou entrando agora. Eu quero conhecer o sistema todo. Aprender como as coisas funcionam. Quero ir atrás dos meus projetos. Não quero já chegar com essa ambição de ser a presidente. Eu acho que é o que o grupo decidir. O que o Vinicius decidir ali com o grupo, é o que a gente vai apoiar.
MN – Tem algum nome que está despontando?
Fabiana – Não tem nada confirmado ainda, porque não teve essa reunião. Eu acho que o pessoal ainda vai se preparar para anunciar um nome.
MN – Você está há mais de 20 anos com o Abelardo e acompanhando ele em toda a carreira política. Agora começando a sua, de que forma você acredita que ele poderá te ajudar?
Fabiana – Ele pode me ajudar como ele vem fazendo. Me auxiliando, me explicando como funciona isso, como funciona aquilo. Então ele vem auxiliando bastante. Eu acho que depois, o que eu espero dele é que ele me ajude com esse conhecimento que ele tem em São Paulo, Brasília, para que a gente possa, juntos, buscar recursos para Marília, para fazer todos esses projetos que eu tenho em mente. No início ele me auxiliou em tudo, então eu fui caminhando, fui aprendendo e me soltando. Mas eu acho que depois de eleita, ele vai me ajudar dessa forma, com esse conhecimento dele.
MN – Vai ser uma espécie de conselheiro seu?
Fabiana – Também. Ele tem uma experiência enorme. Ele conhece muita gente no mundo da política. Ele sabe o que é legal e o que não é bacana. Ele já vem me dando dicas e eu venho escutando, porque ele tem uma experiência enorme. Ele sabe como fazer e daqui dois anos será candidato para deputado. Vai ajudar muito nossa cidade.
MN – Um dos papéis do vereador é fiscalizar a administração municipal e o prefeito. Como fica essa situação para você?
Fabiana – Não sei dizer se isso aumenta a minha responsabilidade. Eu sei dizer que irei fiscalizar, independente de quem seja (o prefeito). Eu fui eleita para isso. Sempre disse que o que for para o bem do povo, eu irei fazer. O que não for, eu não irei fazer independente de quem seja prefeito. É o Vinicius, mas eu fui eleita pelo povo, para atender o povo. Eu espero, junto com o Vinicius, realizar projetos para o bem da população e acredito que será feito.
MN – Quais são as principais propostas que você apresentou durante a campanha e que você pretende realizar?
Fabiana – Uma delas é o retorno da Casa do Pequeno Cidadão, que é um projeto que eu conheci. Tive a oportunidade de conhecer e de trabalhar lá. Sei da importância desse projeto para a mulher que trabalha o dia inteiro, que sabe que o filho está protegido. A importância para a criança que não fica na rua, levando em conta que hoje é bem pior do que antes. Há 20 anos atrás, quando o Abelardo fez esse projeto, ele tirava as crianças das ruas. Hoje, infelizmente, acabam se envolvendo em coisas piores. Precisamos retomar as Casas do Pequeno Cidadão. A volta da Legião Mirim também é outra proposta minha, que protegia os jovens, adolescentes e dava oportunidade do primeiro emprego. Também é outra proposta que a gente quer resgatar, e ajudar as entidades que precisam.
MN – Você também pretende ajudar as entidades de Marília?
Fabiana – Marília está passando uma dificuldade enorme. Praticamente quase todas as entidades. O Cacam, o Educandário, Juventude Católica. Precisamos de um olhar melhor para o social. O social envolve crianças, adolescentes e as pessoas que mais precisam.
MN – Marília vem numa ascensão em relação à representatividade feminina no Legislativo. Como é que você encara isso?
Fabiana – Eu fico feliz com esse aumento. Porque a mulher tem mais sensibilidade para os problemas, principalmente para os problemas das mulheres. A mulher sabe o que outra mulher precisa, o que uma mãe precisa. Eu fico muito feliz. Olha que maravilha isso. A cidade só tem a ganhar. Na minha opinião, a cidade só tem a ganhar com mais mulheres no poder. E que venham mais mulheres ainda.
MN – Você acha que esse aumento de representatividade pode incentivar mais mulheres a se interessarem pela política?
Fabiana – Com certeza. Isso já vem acontecendo. Eu percebi que vem acontecendo. Há aumentou o número de mulheres interessadas na política. É que ainda tem toda essa questão de sempre acabar elegendo os homens, mas eu acho que com o tempo, isso vai melhorar. Nós mulheres temos que mostrar o porquê estamos lá, para que possa aumentar e sempre aumentando.
MN – Você está ansiosa pelo início do seu trabalho?
Fabiana – Um pouco. Eu já fui lá na Câmara e conversei com o pessoal. A partir do mês que vem já vão passar para mim mais ou menos como vai ser. Eu vou me preparar já pra isso, mas um pouco de ansiedade dá. Estou preparada e com bastante vontade de trabalhar.
MN – O que você acha que está faltando na cidade?
Fabiana – A população que está realmente abandonada. Andei nos quatro cantos da cidade e era triste de ver uma mulher esperando três anos por um exame, dois anos e meio em filas de exames. Elas não conseguem fazer exames de prevenção, exames simples, que é um direito da mulher. Elas deveriam conseguir isso em uma semana, mas ficam até três anos esperando. É muita coisa e é muito descaso. Esse tempo todo pode significar entre ela viver ou morrer, pois o câncer não espera. A mulher descobre um nódulo e ela já tem que fazer uma mamografia, já tem que fazer um exame. A gente vê casos de desespero. Eu vi vários e vários casos. Se a pessoa não consegue o dinheiro para fazer no particular, infelizmente pode até morrer.
MN – O que o eleitor pode esperar da Fabiana Camarinha como vereadora aqui em Marília?
Fabiana – Pode esperar que eu irei honrar todos os votos que eu tive. Serei uma vereadora que, como eu disse, o que for para o bem da população, eu vou fazer. Eu vou atrás dos projetos que eu ofereci para a população. As propostas que eu passei para a população, eu vou atrás para poder trazer para Marília. Eu vou lutar e vou trabalhar muito nestes quatro anos. Vou lutar pelas mulheres, pela saúde da mulher. Foi uma das minhas bandeiras também. Minha luta será para proteger as crianças e as mulheres. Eu sei que juntos, unidos, nós vamos conseguir fazer isso.