Hamas, Hezbollah e houthis bombardeiam Israel no 7 de outubro, aniversário do 1º ataque
O aniversário do primeiro ano desde o ataque do Hamas a Israel, que detonou a guerra ora em curso no Oriente Médio, foi marcado por luto e violência.
Enquanto cerimônias lembravam os 1.170 mortos e 251 reféns tomados na ação, o grupo terrorista palestino, o Hezbollah libanês e os houthis do Iêmen voltaram a golpear o Estado judeu.
Poderia ter sido pior, segundo o Exército de Israel. As forças divulgaram ter bombardeado diversas posições do Hamas em Gaza na madrugada, após identificar a movimentação de lançadores rudimentares de foguetes. Na véspera, haviam invadido o norte da região com tanques.
Tudo começou às 6h31 (0h31 em Brasília), quando o Hamas lançou foguetes contra o sul israelense. A horar coincidiu com o ataque original, dois minutos antes há um ano.
A primeira salva ao fim ficou restrita a meros quatro foguetes, um deles caindo num descampado e os outros três, interceptados. Há exato um ano, 4.300 projéteis voaram sobre cidades e kibutzim israelenses.
Mas o gosto do pesadelo de 7 de outubro de 2023 foi sentido em três comunidades em que sirenes soaram, junto à ponta sul de Gaza: Sufa, Holit e Pri Gan.
O ataque ocorreu no momento em que era realizada uma cerimônia no kibutz Kfar Aza, uma das 19 comunidades atacadas em 7 de outubro de 2023. Ela não foi interrompida, e uma tocha foi acesa ao lado de uma bandeira israelense a meio-pau.
Mais tarde, às 11h (5h em Brasília), foi a vez de o alerta ser dado na região sul de Tel Aviv, centro econômico de Israel o símbolo de sua face secular, por isso mesmo alvo preferencial dos adversários fundamentalistas.
Ao menos cinco foguetes voaram de Khan Yunis e as defesas do Domo de Ferro, acionadas. Os estilhaços de um dos projéteis abatidos atingiu duas mulheres ao lado do aeroporto Ben Gurion, sem gravidade. Uma hora depois, mais lançamentos, inócuos senão no susto.
Ao longo do dia, contudo, o regime de ataques do Hezbollah na fronteira norte da guerra, lançando mais de 140 foguetes e, raridade, um míssil balístico contra uma base militar ao sul de Haifa (norte israelense).
Às 17h43 (11h43 em Brasília), mais um momento de tensão, com toda a região de Tel Aviv entrando em alerta pelo lançamento de um míssil balístico de outro aliado do Hamas e do Hezbollah, igualmente bancado pelo Irã, o grupo rebelde iemenita houthi. O armamento acabou abatido pela Força Aérea israelense.
Na mão contrária, Israel manteve a pressão sobre posições do Hamas em Gaza e lançou uma das maiores ações aéreas contra o Líbano desde que, há duas semanas, escalou a guerra contra o Hezbollah. Foram 140 alvos atingidos por uma centena de aviões de ataque.
O saldo em vítimas, civis ou do grupo extremista, não é conhecido. Numa outra ação, ao menos dez bombeiros de uma vila no sul libanês foram mortos, segundo autoridades locais.
Já um ataque a uma posição do Exército de Israel no norte matou 1 militar e feriu outros 6. Outro soldado morreu em combate, elevando para 13 o número de fardados mortos desde que Tel Aviv invadiu o sul libanês, há uma semana.
O premiê Binyamin Netanyahu, por sua vez, repetiu palavras de incentivo aos israelenses ao longo do dia, dizendo que eles reagiram “como leões” ante a tragédia. No começo da noite, fez uma reunião não programada com seu conselho de segurança.
Isso levou a mais especulações acerca de quando e como será a retaliação israelense ao ataque com mísseis balísticos do Irã na terça passada (1). Com os fiadores israelenses, os EUA, pressionando contra alvejar o programa nuclear ou a indústria petrolífera do rival, bases militares subiram na cotação de bolsas de apostas geopolíticas.
O Estado judeu segue em estado de alerta. Em Tel Aviv em Jerusalém há reforço policial visível nas ruas – na véspera, uma policial de 19 anos morreu em um ataque a tiros contra uma lanchonete na rodoviária de Beersheva, no centro-sul do país.
O clima maculou as homenagens à memória dos mortos e os protestos por um acordo que liberte os talvez 64 reféns ainda vivos.
O principal evento previsto para o dia, em um parque de Tel Aviv, deixou de ser uma reunião para 40 mil pessoas e virou uma cerimônia para 2.000 convidados. Nela, falaram parentes de vítimas da barbárie do 7 de Outubro.
Em Jerusalém, cerca de 300 manifestantes fizeram vigília para protestar contra o que consideram falta de empenho do governo em libertar os 97 reféns em Gaza, dos quais acredita-se que 64 estão vivos. O ato ocorreu na frente da casa de Netanyahu, na popular rua Aza, não sem ironia o nome hebraico para Gaza.
“Só descanso quando isso acabar”, disse Masha, uma das manifestantes no lugar. Alguns quarteirões acima, sem o bloqueio policial, há uma acampamento permanente de protesto, em frente à residência oficial do premiê, que está em reforma.
Ao longo do dia, houve atos isolados em outras áreas afetadas pelo ataque, como o local em que ocorreu a rave Nova, onde morreram 384 pessoas – um nome foi adicionado nesta segunda.
Segundo o fórum das famílias de vítimas, que lidera pequenas manifestações em todo o país, anunciou que foi identificada uma vítima que estava na rave na manhã do ataque. Ele se chama Idan Shtivi, tinha 28 anos, e segundo a entidade morreu no dia do ataque, tendo seu corpo levado para Gaza.
Mundo afora, houve atos em homenagem à vítimas. Na Casa Branca, o presidente Joe Biden participou de uma cerimônia ritual de acendimento de vela aos mortos.
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POR IGOR GIELOW