Dívida bilionária de Marília deve tornar promessas inviáveis para candidatos
No próximo governo municipal, o mariliense supostamente poderá andar de graça no transporte coletivo urbano, levar seu pet a uma UPA Animal e passear por um parque linear inspirado em Nova York com a proteção de uma Guarda Municipal.
Esta é a Marília prometida a partir de 2025 pelos candidatos à Prefeitura, segundo as promessas que constam dos planos de governos divulgados oficialmente e promovidos nas ruas e pelas redes sociais.
As chamadas “obras de expectativa” têm em comum a falta de previsibilidade de aporte financeiro dos cofres municipais para que possam sair do papel, e dos discursos das campanhas eleitorais para a realidade.
DÍVIDA BILIONÁRIA
Com orçamento previsto de R$ 1,7 bilhão para 2025, Marília já tem R$ 1,6 bilhão comprometido para o pagamento de servidores (58%) e os investimentos mínimos obrigatórios em Educação (25%) e Saúde (15%).
Com os 2% restantes – cerca de R$ 340 milhões –, o gestor municipal precisa investir em todo o resto para manter a máquina pública funcionando, em todas as suas obrigações, sejam em investimentos ou pagamento de dívidas.
Apenas as dívidas da cidade, aliás, somam R$ 1,3 bilhão, segundo dados atuais do Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios (Sadipem) do Tesouro Nacional. Ou seja, 76% do próximo orçamento.
PROMESSA X REALIDADE
A gratuidade no transporte coletivo urbano é proposta por Nayara Mazini (Psol) e Lilian Miranda (PCO), que vai além: sugere a estatização do serviço. Apenas redução da tarifa já demandaria repasse de subsídios de milhões de reais mensais à Prefeitura.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Animal é ideia de João Pinheiro (PRTB). A unidade, já existente na cidade de São Paulo, demanda investimento em infraestrutura indisponível no apertado orçamento da cidade.
Vinicius Camarinha (PSDB), por sua vez, já admitiu depender de repasses de emendas parlamentares para realizar obras como novas UPAs e o parque linear lateral à ferrovia, citado no início deste texto, cuja estimativa de custo sequer foi divulgada.
Apesar da atuação no atual governo, Ricardinho Mustafá (PL) incluiu no seu plano de governo a criação de uma guarda municipal ciente do acréscimo de custo para instalação e manutenção que este tipo de serviço público acarretará às contas do município.
E Garcia da Hadassa (Novo), quando cita a instalação de uma cidade administrativa, sabe que terá que levantar recursos de centenas de milhares de reais para construir um prédio público ante a cobrança da população por outras obras em uma cidade inteira.
Estas são apenas algumas das propostas apresentadas pelos candidatos nos planos de governo para os próximos quatro anos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os documentos na íntegra compõem o acervo protocolado na Corte Eleitoral [clique aqui].