Polícia Civil conclui inquérito sobre tiroteio que matou homem no rodeio
A Polícia Civil de Marília concluiu o inquérito sobre o tiroteio ocorrido no Marília Rodeo Music, na madrugada do último dia 31 de agosto, que resultou na morte de Hamilton Olímpio Ribeiro Júnior e deixou mais duas pessoas feridas.
O delegado Edner Rogério Ferreira, responsável pelo caso, apresentou o relatório final, no qual foram descartadas as alegações de legítima defesa apresentadas pelo policial militar Moroni Siqueira Rosa, autor dos disparos que mataram Hamilton.
Segundo a conclusão da investigação, Moroni agiu de maneira desproporcional durante a briga com Hamilton, utilizando sua arma de fogo em uma situação que não justificava o uso letal.
A BRIGA
Relatos de testemunhas indicam que a confusão que culminou no tiroteio teve início após Moroni, que estava à paisana no evento, interpretar que Hamilton se aproximou de sua esposa e filha de forma inapropriada.
Segundo os depoimentos colhidos, a namorada de Hamilton havia se aproximado da esposa de Moroni para pedir um cigarro, e as duas começaram a conversar. Nesse momento, Hamilton também se juntou a elas, o que aparentemente incomodou Moroni e deu início à escalada do conflito.
Testemunhas afirmaram que, sem que houvesse uma provocação direta, Moroni passou a encarar Hamilton de maneira agressiva. A situação rapidamente piorou quando Moroni, visivelmente alterado, desferiu um tapa no rosto de Hamilton, derrubando o chapéu da vítima. O rapaz, por sua vez, revidou a agressão com um soco. A troca de golpes gerou tumulto na área onde as pessoas assistiam ao show, mas a briga não parou por aí.
Nesse momento, Moroni sacou sua pistola e disparou pela primeira vez contra Hamilton, que tentou fugir em seguida. O policial alegou que o rapaz teria tentado tomar sua arma, mas, mesmo com a vítima em fuga, Moroni continuou a atirar, atingindo-a pelas costas, o que acabou sendo fatal.
MOTIVO FÚTIL
De acordo com o inquérito, não há indícios de que Hamilton estivesse armado ou representasse uma ameaça letal ao PM. A Polícia Civil enquadrou o caso como homicídio qualificado por motivo fútil e apontou que o comportamento do policial foi desproporcional à discussão.
O delegado destacou no relatório o perigo da ação, que ocorreu em um ambiente lotado, expondo ao risco muitas pessoas que estavam no evento. A qualificadora de “perigo comum” foi adicionada ao processo, devido aos disparos em uma área densamente ocupada.
Além de Hamilton, outras duas pessoas foram atingidas por disparos durante o tumulto, caracterizando o crime de tentativa de homicídio.
PRÓXIMOS PASSOS
Com a conclusão do inquérito, o caso segue para a Justiça, onde Moroni Siqueira Rosa responderá pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio.
A prisão preventiva do policial, que havia sido hospitalizado após ser linchado por populares no evento, foi mantida pela Justiça. Agora, caberá ao Ministério Público decidir se oferece a denúncia conforme as conclusões da investigação.
O laudo necroscópico de Hamilton Olímpio Ribeiro Júnior confirmou que a causa da morte foi hemorragia causada pelos disparos, incluindo um tiro fatal pelas costas. Laudos complementares e periciais, como o exame de confronto balístico e análises residuográficas, também foram anexados ao processo.