Dólar abre em queda nesta terça-feira com mercado à espera de inflação nos EUA
O dólar abriu em leve queda nesta terça-feira (13), em linha com a fraqueza da moeda norte-americana em alguns mercados emergentes.
Os investidores aguardam dados de inflação nos Estados Unidos e comentários de membros do Banco Central ao longo da sessão.
Às 9h04, o dólar caía 0,24%, cotado a R$ 5,485. Na segunda-feira, a moeda fechou em queda de 0,28%, aos R$ 5,498, e a Bolsa subiu 0,38%, aos 131.115 pontos.
A divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos será feita na quarta-feira, medidos pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês). A expectativa é para saber como os novos números poderão afetar a trajetória dos juros norte-americanos.
Agentes financeiros dão como certo o início do afrouxamento na taxa de 5,25% e 5% pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) na próxima reunião de política monetária, em setembro, ainda que a magnitude do corte seja incerta. As apostas medidas pela ferramenta CME Group FedWatch projetam que há chances iguais de corte de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.
Na semana passada, o de maior tamanho chegou a ser consenso entre os investidores em meio a temores de recessão na maior economia do mundo, após a divulgação de dados de emprego mais fracos do que o esperado em julho. Essa perspectiva arrefeceu com números mais favoráveis e falas apaziguadoras de autoridades do Fed.
Na cena doméstica, os olhos estavam voltados para falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do favorito à sucessão do cargo, Gabriel Galípolo, também diretor de política monetária da autarquia.
Em inauguração do novo campus da FGV (Fundação Getulio Vargas), em São Paulo, Campos Neto reforçou que o compromisso de fazer a inflação convergir à meta será cumprido, independentemente de quem for o próximo presidente do BC.
“Temos emitido mensagem inequívoca e consensual, isso está sedimentado.”
Na análise de Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, a fala do presidente do BC abre espaço para a interpretação de que o BC pode aumentar novamente os juros do país, mesmo que signifique desagradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Isso demonstra que a situação fiscal do país está sendo gerida de perto e com muita cautela, tanto pelo BC, quanto pelo governo que está se empenhando para entregar os cortes de gastos prometidos.”
Galípolo, que afastou a percepção de interferência política em decisões de diretores indicados por Lula, em evento na quinta-feira (8), esteve em uma palestra da Warren Investimentos na segunda.
Ele reforçou que o atual cenário é desconfortável para o cumprimento da meta de inflação e apontou que dados mais recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) levantaram alertas e pontos de preocupação.
Na sexta-feira, o indicador oficial da inflação no país acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, o maior patamar para o mês desde 2021. O resultado ficou acima da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35%.
No acumulado de 12 meses, IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. É justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue uma inflação em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. Na ata da última reunião de política monetária da autarquia, os dirigentes deixaram claro que não hesitarão em aumentar os juros caso necessário.
O mercado tenta antever os próximos passos do BC. De um lado, há quem aposte em uma nova alta na Selic; de outro, alguns agentes esperam manutenção.
No Boletim Focus desta semana, especialistas consultados pelo BC mantiveram a projeção de que a Selic continuará em 10,50% ao ano até o final de 2024. Eles também subiram as expectativas de inflação após os dados do IPCA, a 4,20%, ante 4,12% na semana passada.
Quanto mais o Fed reduzir os juros e menos o BC afrouxar a Selic, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.
Com Reuters