SP contrata consultoria para analisar empresas de ônibus suspeitas de elo com PCC
Quase quatro meses após assumir o controle de duas empresas de ônibus suspeitas de ligação com a facção criminosa PCC, a Transwolff e a UPBus, a Prefeitura de São Paulo contratou uma organização privada para ajudar na gestão dessas concessões.
Conforme a gestão Ricardo Nunes (MDB), a Fundação Vanzolini foi contratada para serviços de “avaliação independente dos processos de operação e gestão nas concessionárias”, “com o objetivo de dar apoio ao trabalho das equipes dos comitês de intervenção nas duas empresas”.
“As empresas citadas seguem sob intervenção da gestão municipal, por deliberação da Justiça e determinação da prefeitura. As equipes de intervenção também já realizam as análises do cumprimento dos contratos de concessão pelas operadoras sob intervenção, priorizando a manutenção da prestação de serviço de transporte público à população.”
Conforme publicação do Diário Oficial, a Vanzolini vai receber um valor de R$ 1,5 milhão pelo serviço. O prazo para execução do contrato vai até o final de setembro.
Entre as análises a serem entregues está um “detalhamento da identificação de potenciais perigos e riscos ao negócio das empresas e à continuidade da prestação do serviço público”.
Dirigentes das duas empresas foram alvo de uma operação coordenada pelo Ministério Público de São Paulo em abril deste ano. A principal suspeita dos promotores é a suposta ligação desses empresários com a facção criminosa PCC.
O presidente da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, foi preso nessa operação, mas colocado em liberdade tempos depois por determinação da Justiça.
No último dia 16, Ubiratan Antônio da Cunha, presidente afastado da UPBus, foi preso por descumprimento de medidas cautelares.
Procurada, a defesa de Pandora informou que “todas essas ações que estão ocorrendo na empresa vêm causando a cada dia mais situações traumáticas para a presidência e diretoria”.
A Folha não localizou representantes da UPBus.
OPERAÇÃO FIM DA LINHA
A ação liderada pelo Ministério Público de São Paulo foi realizada em parceira com Polícia Militar, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Receita Federal. Os alvos, UPBus e a Transwolff, são responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros diariamente e receberam cerca de R$ 800 milhões da Prefeitura de São Paulo em 2023, em subsídios.
Segundo promotores do Gaeco, grupo especial de combate ao crime organizado, essas empresas seriam usadas em suposta lavagem de dinheiro do PCC.
A novidade da operação foi o envolvimento da Transwolff, uma das maiores empresas do setor. A UPBus já era suspeita de ligação com o crime após operação realizada pelo Denarc (Departamento de Combate ao Narcotráfico) em 2022.