MN Logo

11 anos. Mais de 100 mil artigos.

  • Capa
  • Polícia
  • Marília
  • Regional
  • Entrevista da Semana
  • Brasil e Mundo
  • Esportes
  • Colunas
  • Anuncie
Brasil e Mundo
sáb. 22 jun. 2024
Medicação

Pais de criança com doença rara acionam Justiça para que União compre remédio de R$ 15 mi

Medicamento não é comercializado no Brasil; farmacêutica Roche submeteu o pedido de registro do Elevidys à Anvisa.
por Folhapress

A família de Murilo Gabriel Costa Nascimento, 4, de Sumaré (a 118 km de São Paulo), entrou na Justiça para que o governo federal compre o medicamento Elevidys, da Sarepta Therapeutics.

A terapia –indicada para o tratamento de pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que provoca a fraqueza progressiva dos músculos- custa mais de R$ 15 milhões e não é comercializada no Brasil.

Em primeira instância, a Justiça deu causa favorável à União. A família recorreu e ganhou. Na quinta-feira (20), a advogada da família, Letícia Novo, disse à reportagem que o governo recorreu.

“É de praxe eles recorrerem. Recorrem, mas não vão ganhar. Vai se manter a decisão do juiz que determinou que a União custeie o Elevidys. Eles têm a expectativa de que vai ser reformada a decisão, mas não vai. Toda vez que a União recorre ela sempre perde. É só um tempinho a mais para o Elevidys estar com o Murilo”, afirma.

Quando a decisão se tornar definitiva, a advogada pretende, ainda, fazer uma petição na Justiça para que a Amil Assistência Médica Internacional S.A. custeie o procedimento.

Aplicado em dose única, o Elevidys foi aprovado em 2023 nos Estados Unidos pela FDA (agência americana reguladora de medicamentos e alimentos) para pacientes de 4 e 5 anos. A autorização foi concedida com base nos ensaios clínicos de fase 1 e 2, que indicaram um aumento da proteína microdistrofina em crianças dessa faixa etária submetidas à terapia.

A farmacêutica Roche Farma Brasil submeteu o pedido de registro à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em outubro de 2023.

Em uma audiência pública ocorrida em abril, na Comissão de Saúde da Câmara, um representante da Anvisa afirmou que o processo de registro seria finalizado neste mês.

À reportagem, o Ministério da Saúde e a Anvisa disseram que a solicitação está em análise de forma prioritária. O objetivo da avaliação é verificar se a relação de benefício e risco para a indicação pretendida está comprovada pelos dados disponíveis.

Segundo a farmacêutica, no Brasil, o pedido de registro regulatório está alinhado com a população do estudo clínico fase 3 – EMBARK, que avalia o tratamento de pacientes com distrofia muscular de Duchenne de 4 a 7 anos -a Anvisa também precisa aprovar a indicação pleiteada.

Após a obtenção do registro, caberá à CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) aprovar o preço de comercialização. Somente a partir daí se inicia o processo de disponibilização da terapia, em embalagem comercial pelos sites responsáveis, bem como o trâmite de importação.

Como Murilo descobriu a doença?

Com 1 ano e 2 meses, Murilo sofreu uma crise convulsiva devido a uma febre. Os médicos iniciaram investigação. Após exames, descobriram que o bebê tinha uma alteração na enzima do fígado. O diagnóstico de distrofia muscular de Duchenne foi revelado oito meses depois.

“Foi desesperador, porque a gente jamais imaginava que ele poderia ter uma doença tão séria assim. A gente nunca tinha nem ouvido falar, não sabia nada dela. Aí você vai para a internet e entende qual é a gravidade da doença. Eu não sabia que ele tinha herdado de mim. Pelo fato de ser mulher não desenvolvo os sintomas da doença. A gente ficou sem chão”, relata a auxiliar administrativa Tamys Mayara da Costa, 30, mãe da criança.

Com a ajuda da internet, os pais do menino chegaram à uma especialista no assunto, em São Paulo – a neurologista Infantil Maria Bernadete Dutra Resende, especialista em doenças neuromusculares e pesquisadora de estudos clínicos para novas medicações para distrofia muscular de Duchenne no Brasil, através da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), ligada ao Ministério da Saúde. Graças a ela, a família soube do Elevidys. A terapia gênica tem o objetivo de controlar e bloquear a evolução degenerativa da doença.

Hoje, além das consultas médicas, Murilo é acompanhado pelo fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, e faz uso de corticoides –o único tratamento disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).

O que é distrofia muscular de Duchenne?

É uma doença genética rara, neurodegenerativa que tem como base a ausência da proteína distrofina. É de herança materna, ligada ao cromossomo X, ou seja, as mutações são transmitidas através da carga genética da mãe. Acomete crianças do sexo masculino.

De acordo com a literatura médica mundial, acomete um a cada 2.500 a 3.200 meninos nascidos vivos. Não há cura. O uso de alguns corticoides é o único tratamento disponível no Brasil.

“A distrofina é codificada por um gene que, até o momento, é o maior já classificado na espécie humana. Ele tem uma função muito importante de estabilidade da membrana que envolve cada célula muscular. Então, a ausência dessa proteína, progressivamente, favorece a instabilidade e a ruptura da membrana celular, e provoca de forma continuada e irreversível a destruição do tecido muscular”, explica a neurologista Infantil.

A doença leva à morte?

Sim. As manifestações clínicas da distrofia surgem a partir de três ou quatro anos, quando há uma sucessão de quedas. Há dificuldade para subir escadas, correr e levantar do chão, por exemplo.

“Pela história natural da doença, as crianças entre 10 e até 12 anos perdem a marcha. Depois vêm as contraturas dos membros inferiores e superiores, e deformidades da coluna –onde se desenvolve a escoliose”, explica a especialista.

Segundo a neurologista, associado à piora, há o enfraquecimento da musculatura da respiração e acessória do tórax. Essas crianças, principalmente a partir da segunda década de vida, iniciam um processo de restrição da caixa torácica, o que compromete a qualidade da respiração e culmina com a necessidade de suporte ventilatório através da ventilação não invasiva (equipamento chamado bipap). Inicialmente, é prescrito para o período noturno, quando o processo é mais intenso. Com o tempo, é necessário usar o equipamento também durante o dia.

Outro comprometimento é o da musculatura cardíaca, que pode ocorrer já na primeira década de vida. O controle é feito com o uso de medicamentos cardioprotetores, a partir da segunda década.

“A progressão do acometimento respiratório e cardíaco é um marco que vai determinar a finitude, a mortalidade desses indivíduos, que ocorre por volta de 18 a 20 anos. Na atualidade, com a corticoterapia e os cuidados clínicos adequados, a sobrevida tem aumentado até os 30, 40 anos”, diz a médica.

No dia 21 de março, foi aberta a campanha “Salve o Mumu”, na internet. Até a quinta-feira (20), havia sido arrecadado pouco mais de R$ 96 mil. As informações estão no site salveomumu.com.br.

Por PATRÍCIA PASQUINI

Compartilhar

Mais lidas

  • 1
    Homem morre baleado pela PM na madrugada em Marília
  • 2
    Destruição na Fazenda do Estado gera multa à moradora, após derrubada de árvores
  • 3
    Marília lidera ranking nacional de demanda por profissionais do sexo
  • 4
    Dupla armada invade casa, rende irmãos e foge com R$ 10 mil e relógio na zona norte

Escolhas do editor

HABEAS CORPUS
Defesa de ex-PM acusado de morte no rodeio de Marília recorre ao STJDefesa de ex-PM acusado de morte no rodeio de Marília recorre ao STJ
Defesa de ex-PM acusado de morte no rodeio de Marília recorre ao STJ
EDUCAÇÃO
Marília cria programa que garante exame de vista a alunos do ensino fundamentalMarília cria programa que garante exame de vista a alunos do ensino fundamental
Marília cria programa que garante exame de vista a alunos do ensino fundamental
ZONA NORTE
Homem morre baleado pela PM na madrugada em MaríliaHomem morre baleado pela PM na madrugada em Marília
Homem morre baleado pela PM na madrugada em Marília
CENTRO DE COMPRAS
Marília Shopping anuncia 4ª expansão e confirma chegada das redes Soneda e Daiso em 2026Marília Shopping anuncia 4ª expansão e confirma chegada das redes Soneda e Daiso em 2026
Marília Shopping anuncia 4ª expansão e confirma chegada das redes Soneda e Daiso em 2026

Últimas notícias

Resultados do Enamed e do Revalida serão divulgados na próxima semana
Saques na poupança superam depósitos em R$ 2,85 bilhões em novembro
Quase 20% da população de favelas vivem em vias onde não passam carros
Defesa de ex-PM acusado de morte no rodeio de Marília recorre ao STJ

Notícias no seu celular

Receba as notícias mais interessantes por e-mail e fique sempre atualizado.

Cadastre seu email

Cadastre-se em nossos grupos do WhatsApp e Telegram

Cadastre-se em nossos grupos

  • WhatsApp
  • Telegram

Editorias

  • Capa
  • Polícia
  • Marília
  • Regional
  • Entrevista da Semana
  • Brasil e Mundo
  • Esportes

Vozes do MN

  • Adriano de Oliveira Martins
  • Brian Pieroni
  • Carol Altizani
  • Décio Mazeto
  • Fernanda Serva
  • Dra. Fernanda Simines Nascimento
  • Fernando Rodrigues
  • Gabriel Tedde
  • Isabela Wargaftig
  • Jefferson Dias
  • Marcos Boldrin
  • Mariana Saroa
  • Natália Figueiredo
  • Paulo Moreira
  • Ramon Franco
  • Robson Silva
  • Vanessa Lheti

MN

  • O MN
  • Expediente
  • Contato
  • Anuncie

Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial.
MN, Marília Notícia © 2014 - 2025

MN - Marília NotíciaMN Logo

Editorias

  • Capa
  • Polícia
  • Marília
  • Regional
  • Entrevista da Semana
  • Brasil e Mundo
  • Esportes

Vozes do MN

  • Adriano de Oliveira Martins
  • Brian Pieroni
  • Carol Altizani
  • Décio Mazeto
  • Fernanda Serva
  • Dra. Fernanda Simines Nascimento
  • Fernando Rodrigues
  • Gabriel Tedde
  • Isabela Wargaftig
  • Jefferson Dias
  • Marcos Boldrin
  • Mariana Saroa
  • Natália Figueiredo
  • Paulo Moreira
  • Ramon Franco
  • Robson Silva
  • Vanessa Lheti

MN

  • O MN
  • Expediente
  • Contato
  • Anuncie