Pimenta chama bolsonaristas de covardes, cita ‘rachadinha’ e é cobrado em comissão na Câmara
O ministro da Secretaria Extraordinária de Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, participou da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara nesta terça-feira (11) e entrou em discussões com parlamentares bolsonaristas sobre a ação do governo Lula (PT) na crise que atingiu a população gaúcha.
Pimenta afirmou que o deputado Marcos Pollon (PL-MS) é “covarde”, mencionou a prática de “rachadinha” ao debater com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e disse que já foi vítima de notícias fraudulentas disseminadas pelas deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP).
O ministro foi convocado para esclarecer por que solicitou à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar a distribuição de fake news sobre a atuação do governo federal na crise no RS.
O ministro citou as medidas do governo federal para reconstruir o estado e foi cobrado pela oposição.
Deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) citaram as menções a Pimenta na colaboração premiada da Odebrecht. O ministro afirmou que não tem nenhuma condenação e que tem uma vida limpa.
Logo no início, o responsável pelo convite, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-PR), fez ataques ao ministro e questionou o fato de ele ter se deslocado de helicóptero no Rio Grande do Sul em uma das idas ao estado. O deputado entregou um boleto de R$ 160 mil para o ministro pagar, que seria o custo da viagem.
Pimenta disse que usou a aeronave de acordo com os parâmetros legais. O parlamentar rebateu e disse que o ministro tem “uma moral de esgoto”.
“Ele [Pimenta] insinuou de alguma forma que o meu relacionamento com a minha esposa é violento. Isso, ministro, é para o senhor aprender o que é fake news, o que é falso e mentiroso”, afirmou Bilynskyj.
Em 2020, Bilynskyj foi internado em um hospital no estado de São Paulo após ser baleado pela modelo Priscila Delgado de Bairros, que era sua namorada. Segundo a Polícia Civil, Priscila tentou matar Bilynskyj por ciúmes e depois cometeu suicídio.
O ministro foi cobrado por ter afirmado que pessoas que disseminam fake news em meio à crise no RS devem ser tratadas como traidores.
À época, ele afirmou que as mentiras “contra nós” deveriam ser combatidas. “Quando eu disse ‘contra nós’ não era contra o governo, era contra o povo gaúcho. Quem faz isso na hora mais aguda da crise tem que ser tratado como quinta-coluna sim”, disse Pimenta, em referência a grupos clandestinos em tempos de guerra.
O ministro listou conteúdos da internet que foram retirados do ar por decisão judicial. “O que leva o indivíduo no momento de salvar vidas se dedicar a produzir mentira desinformação e fake news?”
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, criticou o pedido de Pimenta para a PF investigar fake news ligadas à atuação do governo federal na crise gaúcha.
Pimenta mandou no início da crise um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pedindo que fossem tomadas “providências cabíveis” em relação à apuração de ilícitos ou eventuais crimes relacionados com a disseminação de desinformação.
A representação do ministro apresentava postagens feitas na internet com casos de informações que buscavam, segundo ele, tirar a credibilidade das entidades envolvidas nas ações de enfrentamento às inundações no Rio Grande do Sul.
O deputado Eduardo Bolsonaro foi mencionado por ter reproduzido em rede social uma reportagem da Folha de S.Paulo sobre a União ter enviado a Força Nacional ao RS quatro dias após o início da crise.
O ofício lista conteúdos que afirmam que o governo federal não estaria ajudando a população e diz que a “propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado”.
No item número 6, cita publicação de Eduardo Bolsonaro com uma imagem montada com foto de Lula e uma reportagem da Folha de S.Paulo.
“Eduardo Bolsonaro criticou a ajuda do Governo Federal ao Rio Grande do Sul, ao mencionar que o governo levou quatro (4) dias para enviar reforços à região. (Interações: 4,8 mil | Inscritos: 2,8 milhões)”, diz o ofício.
O filho do ex-presidente questionou Pimenta sobre a menção à Folha de S.Paulo, mas Pimenta não comentou esse caso específico.
***
POR MATHEUS TEIXEIRA