Moradores da CDHU enfrentam discriminação na busca por novas moradias
A procura por moradias para alugar tem se tornado um desafio cada vez maior para os moradores do Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira, na zona sul de Marília. Além de não encontrar residências com o valor do auxílio de R$ 600 fornecido pela Prefeitura de Marília, há relatos de que muitos estariam sofrendo preconceito por parte dos proprietários de imóveis e até das imobiliárias da cidade.
De acordo com Suzana Félix da Silva, moradora de um apartamento da CDHU e uma das representantes das famílias do residencial, a discriminação e rejeição têm prejudicado ainda mais a vida, já difícil, de quem hoje mora no conjunto habitacional e busca a desocupação do imóvel. A queixa é de que muitos proprietários preferem deixar as casas vazias do que alugá-las para as famílias da CDHU.
Os moradores dos blocos A1 e A3, que já assinaram o termo de concordância na última segunda-feira (22), vão receberão os R$ 600 do auxílio-moradia e outros R$ 600 para auxiliar na mudança até essa próxima sexta-feira (26). As famílias devem deixar os apartamentos nos 15 dias seguintes após a entrega do dinheiro. Contudo, a realidade tem sido mais difícil.
“O prazo final para sair é dia 3 para essas pessoas que fizeram o cadastro. Só que está tendo muita rejeição. No condomínio São Bento tem apartamentos para alugar, só que eles falam que não vão alugar para o povo da CDHU. As imobiliárias também estão na mesma tese. Perguntam se é do CDHU e, se a pessoa falar que sim, eles não querem alugar. Acho que está tendo uma discriminação muito grande”, relata Suzana.
Uma reunião está marcada para esta quinta-feira (23) – entre representantes dos moradores e da Defensoria Pública – para tratar a situação.
Outro problema relatado pelos moradores é que poucos até conseguiram achar casas para alugar. Porém, como existe um cronograma de saída a ser cumprido, estes estão perdendo a oportunidade de alugar o imóvel por não corresponder o período estipulado para eles para a entrega do apartamento.
Segundo Suzana, a maioria dos moradores do Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira é formada por pessoas boas, trabalhadoras e honestas, mas estes sofrem por causa da parcela mínima que não segue as regras do convívio em sociedade, e são discriminados como se fossem bandidos ou vândalos.
“Tem muita gente trabalhadora e honesta aqui. É uma situação complicada, principalmente vindo do São Bento [residencial também localizado na zona sul], que é aqui do lado e tem apartamentos para alugar. Até falaram para o morador de lá que vai tomar multa e que não é para receber ninguém da CDHU”, afirma a Suzana.
Outra moradora relata que se deparou com aumento nos preços de imóveis para alugar. “Você quer que as pessoas vão para onde? Morar na rua? Acha que está fácil achar casa assim? Fora que estão achando que Marília virou Alphaville, colocando preços lá em cima. Muitas das pessoas estão vendo o que está acontecendo e se aproveitando da situação para se beneficiar, colocando aluguéis nas alturas, cobrando 2/3 de caução para poder entrar no imóvel. Isso não existe. Tem gente aqui que não tem nem o que comer, como vão fazer?”, desabafa a moradora.
Vale lembrar que o valor do pagamento de auxílio-moradia e auxílio-mudança foi acordado pela Prefeitura em audiência com a Justiça. A administração municipal tem feito o cadastramento das famílias para o pagamento do benefício desde a última segunda-feira (22). Um plantão permanente para esclarecimento de dúvidas foi montado na Emef Antonio Moral.