‘Eu tenho um sonho de fazer algo por essa cidade’, afirma Garcia da Hadassa
Há quase uma década residindo em Marília, o empresário Jean Patrick Garcia Baleche – proprietário do Grupo Hadassa – encontrou mais do que uma moradia, encontrou um lar. Sua conexão com o município foi tão grande, que decidiu trazer toda a família para compartilhar do sentimento.
Nascido em Tubarão/SC, desde muito cedo, “Garcia da Hadassa” revelou seu espírito empreendedor. Com apenas 11 anos começou a entregar panfletos. Aos 15 anos se mudou para Joinville, onde começou a trilhar pela vida missionária. O empreendedor também trabalhou como vendedor de produtos de limpeza e já pregou em centenas de lugares pelo Brasil e em vários países do mundo.
Se já gostava de Marília, após receber o título de cidadão mariliense em outubro de 2022, o amor só aumentou. Em contrapartida, o empresário sentiu que precisava dar uma contribuição maior para o município. Isso se tornou público com o anúncio de sua pré-candidatura pelo Novo para disputar à cadeira de prefeito no Paço Municipal.
O objetivo do empresário é transformar Marília, fazendo com que a cidade se torne um modelo em tecnologia, principalmente por seus contatos em Israel.
Garcia é o entrevistado da semana e recebeu o Marília Notícia na sede de sua empresa, que hoje se tornou uma holding, administrando várias empresas do grupo, em diversos setores. Ele contou um pouco de sua história, falou sobre seus planos políticos para os próximos anos e sobre o que espera para o futuro de Marília.
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MN – Você vai completar 10 anos aqui em Marília. Foi bem acolhido na cidade?
Garcia – Eu digo que eu fui tão bem acolhido que eu trouxe toda a minha família para cá. Todo mês chega um. Eu praticamente agora trouxe quase todos e eu falo que Marília é a cidade da minha vida. Trouxe porque eu adotei Marília como a minha casa e, quando eu me tornei cidadão mariliense, essa responsabilidade aumentou.
MN – Como começou sua trajetória profissional?
Garcia – Nasci em Tubarão, mas saí novo de lá e fui para Joinville. Minha história de crescimento foi lá em Joinville, onde segui os passos para construir o Grupo Hadassa, que hoje é um aglomerado de empresas. Fui crescendo, desenvolvendo, até chegar no Estado de São Paulo. Antes de me mudar para cá, comecei a enxergar a cidade e observar oportunidades. Quando eu trouxe a empresa para Marília, foi justamente por isso. É um local extremamente estratégico.
MN – Você acredita que Marília tem potencial de crescimento?
Garcia – Eu acho que a cidade é geograficamente muito bem localizada. Se a gente for ver, a gente está perto de grandes centros como São Paulo, como Mato Grosso do Sul. Estamos perto também da capital federal. Estamos perto de Curitiba. Marília tem um poder de escoamento muito grande. Eu acho que tem que haver um fortalecimento para trazer empresas para cá.
MN – Marília já não tem grandes empresas na área de alimentos?
Garcia – Eu acho que Marília tem muitas oportunidades. Essa cidade não pode estar presa a um segmento só. Marília é um local que pode ter muitas indústrias. Se você for em grandes cidades no Estado de São Paulo, você vai ver isso. Um setor industrial forte, um setor produtivo. Eu acho que um gestor que administra uma cidade, ele tem que abrir a cidade para trazer novas oportunidades.
MN – Teve oportunidade de ir para outras cidades?
Garcia – Na época, houve a possibilidade de ir para São Paulo, perto de aeroportos, mas eu queria um local tranquilo e seguro, e ainda assim perto dos grande centros. Fui estudando até decidir vir para Marília. Tive opção de Bauru, Campinas e outras cidades, eu troquei a capital paulista por Marília. Eu sabia que aqui era o lugar onde eu teria um grande crescimento. Eu olhei para Marília como uma grande oportunidade. Sabia que ia crescer. Acho que falta mais divulgação do que é essa cidade. Não temos hoje um setor industrial forte. Temos indústrias fortes em Marília, mas não em grande escala e nem em vários segmentos. Não é diversificado.
MN – Quais ramos você já atuava quando veio para Marília?
Garcia – No começo eu atuava no ramo de automóveis, ainda com pouco da tecnologia de Israel, que se expandiu muito agora, além da agência de viagens e assessoria de marketing. A empresa foi crescendo e ganhando tração aqui em Marília. Era uma empresa boa dentro dos padrões de mercado, mas estando em Marília, crescemos muito. Hoje atuamos em várias áreas.
MN – Quais principais atuações da Hadassa?
Garcia – Exportação, tecnologia e turismo. O que mais amo fazer é o turismo. Não gosto de classificar como o mais importante, mas eu sou apaixonado pelo turismo e por Israel, pelo avanço de Israel. Estudo muito as cidades inteligentes e tecnologias aplicadas. Tem uma cidade no Egito que se tornou totalmente, desde o poste, ponto de ônibus, tudo com energia solar. Comecei a estudar e verifiquei que desenvolveu muito fazendo isso. O turismo permite conhecer tudo isso. Conheci tecnologias avançadas de Israel e outros lugares do mundo.
MN – Tem algum exemplo que acha possível aplicar em Marília?
Garcia – Conheci uma tecnologia na Suécia. Você consegue em um ponto de ônibus colocar internet para as pessoas, disponibilizadas pelas empresas locais. Elas pagam a internet e cada ponto tem uma propaganda da empresa. Eu procuro estudar muito, desde a parte das cidades inteligentes, até as grandes tecnologias. Vamos supor que tem mil pontos de ônibus na cidade. Se você pegar 100 empresas, coloca 10 pontos para cada empresa. Ela vai pagar a internet e está expondo sua marca e liberando acesso para todos. São inovações que a gente vai vendo e eu gosto de estudar sobre. Também gosto de estudar as soluções que foram dadas para os municípios que tiveram problemas com água. Sou um estudioso de soluções.
MN – Você falou sobre água e como vê a concessão do Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem)?
Garcia – A concessão do Daem eu tenho tranquilidade para falar. Acho que essa briga é porque ainda não existe, não tive conhecimento, de um detalhadamente técnico. É preciso saber se o Daem traz problemas para o município ou se é um problema de gestão. Se for um problema de gestão, trocando você resolve. Agora, se existe um dado técnico indicando que isso prejudica o município, tudo aquilo que prejudica tem que ser vendido. Tenho pensamentos liberais. Não posso hoje afirmar porque não possuo dados técnicos, mas tendo os dados e vendo que é prejudicial para a saúde financeira de Marília, tem que tirar do caminho aquilo que atrapalhe o crescimento. Só que não se pode colocar na iniciativa privada e o valor aumentar de forma absurda. Deve ter uma margem prevista em contrato, com laudo técnico, com porcentagem base no salário mínimo, para não onerar a população. Não pode resolver o problema da gestão e transferir o problema para a população. Isso jamais.
MN – Como surgiu esse sentimento de disputar a eleição?
Garcia – Percebi que a direita em Marília me procurou de forma muito forte. Isso me fez repensar algumas coisas. Eu estou administrando as minhas empresas e eu não sou um político de carreira. Acho que o sentimento de fazer alguma coisa pela população nasceu na pandemia, quando a gente viu todo aquele caos. Eu resolvi fazer o programa “Hora do Povo”. O “Garcia do Povo” tem uma coisa curiosa nisso. Eu chamei o pessoal da TV, e perguntaram se já tinha apresentado alguma vez um programa na TV. Eu falei que não, mas queria fazer algo pela população. Eu acho que eu estava tão empenhado na causa, que me fez amar aquilo que eu estava fazendo. Só não dei sequência por conta de tempo. A minha vida é muito corrida, mas eu realmente me sentia muito bem ajudando a população.
MN – Ali começou a nascer a vontade de ajudar mais pessoas?
Garcia – Ultimamente eu tenho refletido em algumas coisas. Qual o legado que eu vou deixar? Eu sou um cara que já conquistei e viajei o mundo. Só para Israel eu fui mais de 60 vezes. Conheço praticamente 70% do mundo.
MN – Você tem noção de quantos países já visitou?
Garcia – Eu acho que já quase 100, tenho que fazer as contas. Mas eu já conheci tanta coisa, já vivi tanta coisa, sendo ainda tão novo. Então, eu decidi que estava na hora de fazer algo por um bem comum. E eu vendo a necessidade em Marília, essa falta de nome e de representatividade. Só para vocês terem uma ideia, nos últimos 10 dias, eu tenho dormido três ou quatro horas por dia. Eu estou atendendo cerca de 30 a 40 pessoas por dia. Percebi que posso fazer algo pela população e deixar um legado.
MN – Como sua família recebeu sua decisão?
Garcia – Minha família a princípio não queria, mas eu conversei com a minha esposa e eu disse, eu tenho um sonho de fazer algo por essa cidade. Retribuir o que a cidade já fez por mim e, mais do que isso, vejo que muitas coisas precisam ser resolvidas e não são por causa da politicagem. Eu sou um cara extremamente técnico. Tem muitas coisas aqui nessa cidade que a burocracia ou o modelo político impede de se fazer algo mais amplo.
MN – Tem algum exemplo?
Garcia – O comércio de Marília precisa de um socorro urgente. Tem muitas falácias, muitos projetos, mas o comerciante de Marília precisa de socorro. Nós precisamos que as pessoas não saiam daqui para comprar em outros lugares. Eu acho um absurdo, essa imensa rua São Luís com tantas portas fechadas. Algo precisa ser feito pelo Poder Público para o crescimento nessa área do comércio.
MN – Tem mais algum exemplo de algo que poderia ser melhorado em Marília?
Garcia – Outra coisa que eu percebo, mas isso é fácil de resolver. Não é porque eu estou do lado de fora, que eu estou falando que é fácil, pois vou dar a receita. A nossa cidade precisa ser arborizada. Vamos lançar um projeto. Nós temos quatro anos de mandato, um exemplo. Você pega cinco mil alunos e, de três em três meses, você ensina um aluno a plantar uma árvore. Em um ano você planta 20 mil árvores. Isso é a questão do futuro do comércio. São 80 mil árvores em quatro anos. Eu estou dando só uma métrica aqui de quantas árvores nós podemos levantar. As avenidas, muitas delas sem vidas, abandonadas. Precisamos fazer uma cidade educadora.
MN – Você acha que faltam opções de lazer em Marília?
Garcia – Eu acho que a Marília tem muita coisa bacana, mas alguma coisa tem que ser construída aqui. Você vai, por exemplo, em Garça. É uma cidade muito menor que Marília. Lá tem um local para as famílias fazerem um piquenique, tem qualidade de vida. Você pode sentar à beira de um lago, com acesso gratuito. Aqui nós temos uma área, que o Parque do Povo no Nova Marília, que usam casualmente. Por que não pegar aquela área e construir uma bela lagoa?
MN – Você acredita que vai conseguir o apoio político necessário para fazer as mudanças que pretende?
Garcia – Todo prefeito e toda pessoa que ocupa um cargo de executivo tem que governar com o Legislativo. Só que ninguém vai contra um projeto bem montado e uma comunicação perfeita com a população. Eu vou trazer a população para dentro da Câmara. Se for para aprovar pautas boas para o município, eu desafio algum vereador a trabalhar contra o município. Eu duvido algum outro pré-candidato falar isso, mas eu já falo. Eu vou ter um corpo técnico em todas as principais secretarias. Corpo técnico. Eu vou trazer um projeto de uma cidade diferente. Para cada problema existe uma solução, uma melhoria. Às vezes tem problemas que nós não vamos conseguir solucionar em quatro anos, mas nós podemos melhorar.
MN – Como você avalia a segurança pública em Marília?
Garcia – Tenho conversado com muitas pessoas sobre a segurança pública. Marília, e aqui quero ressaltar, um dos motivos de eu ter vindo para cá é que eu achava que essa cidade era uma cidade 100% segura. Hoje eu já não falo mais isso. A criminalidade aumentou bastante. É claro que, repito, tudo tem que ser feito um estudo técnico, ver se há viabilidade para isso, mas eu acho que a gente precisava ter uma Guarda Municipal aqui também. Efetiva, não cabide de emprego. Porque a cidade vai crescendo, vai desenvolvendo, e às vezes a segurança [pública] não dá conta.
MN – Além da criação de uma Guarda Municipal, pensa em algum projeto ou uso de tecnologia?
Garcia – Existem alguns projetos que precisam ser feitos na segurança, principalmente na experiência que eu tenho de tecnologia. Israel tem um programa, que eu tenho a felicidade de ser amigo do criador desse programa. Um programa que você consegue, nas escolas, por exemplo, através desse programa de inteligência, detectar bullying. Isso vai para um aplicativo que informa o diretor e o coordenador. Você consegue identificar o tráfico de drogas e tudo o que estiver acontecendo em volta do colégio ou na frente do colégio. Eu quero trazer essa ferramenta, mas eu vou trazer isso de forma gratuita, como uma cidade modelo para o Brasil. Eu vou em busca disso. E eu tenho já alguns projetos relacionados à segurança de Israel para fazer de Marília.
MN – Você fica preocupado com ataques que possa sofrer?
Garcia – Quem pode cobrar alguma coisa de mim é a população. Eu tenho que me preocupar com as pessoas que votam. Sei que vou receber ataques, vão mentir, inventar histórias, só que eu estou preparado. Vou pagar o preço que for. Tenho certeza que o mariliense, na hora que colocar na frente da sua mesa, os projetos dos candidatos, vão ter o melhor projeto e a melhor pessoa para governar. Vou fazer uma campanha propositiva. Não discuto pessoas, discuto ideias.
MN – Acha que esse é um momento de mudança?
Garcia – Chega dos mesmos. Não podemos seguir nessa de grupo A ou grupo B. Está na hora do grupo do povo. É importante ressaltar que Marília vai ter uma grande oportunidade de conhecer cada candidato. Vou fazer uma campanha forte e extraordinária na internet e nas ruas. Vai ser algo jamais visto antes. Não estou nem preocupado com o meu partido, pois eu vou bancar toda a campanha e vai ser a maior campanha que essa cidade já viu. Se depois a população escolher outro candidato, não vai poder dizer que foi por falta de opção.
MN – É verdade que você foi convidado pelo prefeito Daniel Alonso (PL) para ser vice em uma chapa?
Garcia – É importante falar a verdade sobre essa história. Nunca houve esse convite. Não quero desmentir jornalista. Existem rumores que um grupo ou outro queria conversar, mas nunca teve encontro do prefeito aqui comigo na empresa. Tenho câmeras aqui que podem provar isso. Ele nunca veio aqui. O prefeito Daniel não é candidato. Acho que ele tem que preparar a transição para o próximo governo. O PL é um partido de uma pessoa que admiro que é o presidente Bolsonaro. O PL não tendo um candidato que consiga emplacar, o Novo e o PL têm ideologias parecidas e podem caminhar, mas não sou candidato do Alonso e nem do grupo Camarinha. Sou a terceira via para essa campanha.
MN – Já foi realizada alguma pesquisa? Estão fazendo esse monitoramento?
Garcia – Nas pesquisas, a gente está bem avaliado. Existem outros candidatos. Acredito que vamos ter uma disputa muito forte com o Vinicius Camarinha, mas vou falar uma coisa. Para fazer um prefeito, a cidade não precisa perder um deputado. Marília não pode perder a representatividade na Assembleia Legislativa. É menos um deputado. O Vinicius devia ficar lá fazendo o trabalho dele. Com certeza vai fazer um bom trabalho para Marília na Alesp, por isso, não podemos perder essa representatividade.