Com exemplo de vida saudável, padre fitness inspira para uma vida com Deus em Marília
Um religioso de muita fé e vocação para servir ao próximo, com o dom da comunicação e mais recentemente se tornando também um exemplo de vida saudável. Esse pode ser um breve resumo sobre o padre Tiago Barbosa, que atua na Paróquia Santa Rita de Cássia, na zona sul de Marília.
Ele é o responsável por transformar a comunicação da Igreja Católica na Diocese de Marília, que conta com 37 cidades e 66 paróquias.
Natural de Tupã, onde é muito conhecido por todos, cursou jornalismo antes de entrar no seminário. Querido por todos durante o período de graduação em comunicação, sua trajetória profissional incluía passagens pela assessoria da Prefeitura de Tupã e pela Universidade de Marília.
No entanto, a decisão de entrar no seminário, mesmo faltando apenas um ano para a sua formatura, surpreendeu muitos, incluindo seus familiares.
Com sucesso na comunicação da Diocese de Marília, foi chamado para ser o assessor de comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em São Paulo.
Hoje em dia, além de ser referência religiosa e na comunicação, também tem se tornado inspiração para muitos que desejam levar uma vida mais saudável, já que conseguiu perder 54 quilos, apenas com reeducação alimentar e mediante atividades físicas.
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MN – Como foi sua infância em Tupã?
Padre Tiago – Tive uma infância normal, como qualquer outra criança. Uma família tranquila, católica e estabilizada. Nós éramos feirantes. Eu ia para o colégio, brincava na rua, como qualquer outra criança. Foi uma infância cheia de sonhos, uma adolescência muito feliz. Eu julgo que foi uma infância boa. Eu pude aprender muito e viver bem.
MN – Sua família trabalhava na feira?
Padre Tiago – A infância toda. Eu cresci na feira. Era meio assim o meu cotidiano. Porque a gente sempre foi muito unido à família da minha mãe. Pela manhã eu ia para o colégio, a minha mãe ficava em casa, meu pai ia trabalhar. Ele dava aula de manhã.
MN – Seu pai era professor?
Padre Tiago – De Educação Física. Pela manhã ele dava aula de Educação Física. Aí o meu avô pegava a minha mãe, me pegava no colégio e o meu pai já ia para a casa da minha avó e a gente almoçava lá. À tarde e à noite meu pai trabalhava de segurança na faculdade e a minha mãe ia para a feira ajudar o meu avô. Então pela tarde eu ficava com a minha avó. Assim foi a minha infância toda. Eu ficava à tarde com a minha avó, minha mãe ia para a feira com o meu avô, sobretudo nos dias que a feira era grande.
MN – Que comunidade que você frequentava em Tupã?
Padre Tiago – A minha paróquia de origem se chama São José Operário e a comunidade que eu participava era a comunidade São Marcos, que é a comunidade do meu bairro. Fiz catequese desde muito criança, mas eu aprendi a fé com os meus pais. Eles sempre me ensinaram a rezar e nós sempre fomos nas missas, mas duas tias que me ajudaram também a entrar nessa vida de comunidade. A primeira e talvez mais marcante, hoje não é mais católica, é minha tia Cida, irmã do meu pai, que era catequista. Ela era super atuante e hoje ela é evangélica. Ela me levava. Eu me recordo que de sábado, eu ia com ela para ela dar catequese e eu amava aquilo, eu achava o máximo. Então ela foi a grande referência, quando eu era criança, de atuação na igreja. Eu me recordo que eu ia com ela para as missas. Ela era catequista, era do grupo de jovens e me levava para tudo quanto é canto.
MN – E a sua outra tia que também foi importante nessa sua infância?
Padre Tiago – Uma irmã da minha mãe, tia Fátima, que continua católica. Hoje ela é a grande companheira da minha mãe. Eu ia com ela para rezar terço, dia de semana, de noite, nas novenas de Natal, participando da campanha da fraternidade. Então nesses grandes momentos, da vida litúrgica da Igreja, eu também tenho referência a essa minha tia Fátima.
MN – Tem algum padre daquela época que hoje trabalha com você?
Padre Tiago – O padre Padula. Hoje é padre em Pompeia, mas até o ano retrasado ele era padre na Igreja Nossa Senhora da Glória, no Centro de Marília. Ele fala que lembra quando eu participava de teatros na Igreja, participando de tudo que eu era chamado. Eu acho que não tem como distinguir a minha infância sem a vida de Igreja, porque sempre era uma coisa bem misturada.
MN – Nessa época você nunca imaginava ou pensava em se tornar um padre?
Padre Tiago – Não. Na verdade, ali era o meu mundo, como era o mundo das crianças que frequentavam a Igreja, mas nenhuma delas se tornaram padres.
MN – O que sua família vendia na feira?
Padre Tiago – Na feira de domingo, todos trabalhavam. Só não ia minha avó. Mas de resto, todos. Até meu pai, que de semana tinha o trabalho, de domingo ele tinha que ajudar na feira, porque era uma feira grande. Nós vendíamos batata, feijão, farinha e alho. Mas feijão e batata eram o carro-chefe.
MN – Alguém da família plantava ou o seu avô comprava?
Padre Tiago – O meu avô buscava de fornecedores ali da região de São João da Boa Vista, Caconde. E ele fazia em toda a região. Tupã e região ali.
MN – O trabalho do seu pai começou a dar certo e ele foi trabalhar com uma grande dupla sertaneja? Como foi isso para vocês?
Padre Tiago – Foi no finalzinho da infância para minha adolescência. Foi em 1999. Eu estava na quarta série. Meu pai viajava bastante e isso foi bacana. Acho que uniu mais a minha família. No final de semana que ele não estava mais lá. Normalmente, entre quarta ou no máximo quinta, ele viajava e só voltava na segunda. Isso fez com que a minha mãe se unisse mais à família dela. As nossas festas, normalmente, eram de domingo no almoço, domingo à tarde. Porque a gente ia para a feira de madrugada. Três horas já estava todo mundo em pé. E com meu pai não estando em final de semana, a gente tinha festa, de segunda-feira, terça-feira. Os aniversários a gente comemorava sempre no início da semana.
MN – Como que era para você?
Padre Tiago – Eu era muito bravo com isso. Antes do meu pai trabalhar com o Rick Renner, na escola, eu não tinha nome. Ou eu era o neto do ‘Zezão’ da feira, ou sobrinho da Fátima da Secretaria da Educação. Tupã é uma cidade que não é uma cidade grande, mas também não é uma cidade tão pequena, mas todos que estudavam na rede municipal, o primeiro contato da família era com a minha tia. E eu ficava muito bravo, porque eu falava que eu era o Tiago. E aí, depois que o meu pai começou a trabalhar com o Rick Renner, eu não era mais nem o neto do ‘Zezão’ da feira, nem o sobrinho da Fátima da Educação, mas o filho do ‘Barbosão Segurança’. Eu ficava muito bravo, muito bravo mesmo. Eu sempre corrigia e falava que era o Tiago.
MN – Você foi em muitos shows? Conseguiu acompanhar vários? Ou alguns?
Padre Tiago – Quando eu era adolescente, sim. Porque, como era uma novidade, a minha mãe ia bastante. O meu avô ia para levar a minha mãe. Eu tinha uma prima que, na época, era adolescente e ela sempre foi muito parceira da minha mãe. Então, a minha mãe ia com ela. Imagina que em 1999, 2000, foi o auge dos shows sertanejos, das festas de peão.
MN – Seu pai ficava muito tempo longe de casa?
Padre Tiago – Tinha temporadas. Sobretudo ali entre maio e agosto, que não dava para o meu pai voltar. Então, às vezes, pegava shows mais perto de Tupã. Ia ter um show ali em Botucatu, em Ribeirão Preto. Para matar saudades e também para o meu pai poder trocar as roupas, a minha mãe ia com uma mala de roupas limpas e pegava as sujas para lavar. Depois, quando eu comecei a ter um pouco mais de autonomia, de sair, de ter o meu grupo de amigos, naturalmente eu fui indo menos em shows, porque eu nunca fui muito fã. Eu gosto de música, mas não gosto de tietagem. Eu ia mais quando era perto de casa, até pra levar meus amigos, porque isso para todo mundo sempre foi algo incrível, mas depois, para mim, depois de um tempo, ficou algo normal.
MN – E então você decidiu pelo jornalismo?
Padre Tiago – Nos primeiros anos eu viajava todos os dias. Depois comecei a trabalhar e sempre gostei dessa área de comunicação.
MN – Você trabalhou onde?
Padre Tiago – Em Tupã, a princípio, na Prefeitura. Em Marília, na Universidade de Marília, onde eu estudei. Eu fiquei três anos completos na faculdade de jornalismo em Marília.
MN – E você gostava? Como que era pra você?
Padre Tiago – Eu sempre gostei de comunicação. A turma era boa, eu gostava muito. Eu me lembro com muita saudade. Lembro dos estudos, dos professores, da fraternidade que a gente fazia, das aulas da professora Linda Bulik, da Maria Cecília Guirado. Eu ainda tenho os livros dela. Eu passei a morar em Marília, trabalhava com a Fernanda na reitoria da Unimar. Ela foi super gente boa, me ajudou muito.
MN – Mas quando chegou no final do terceiro ano você decidiu abandonar tudo e ir para o Seminário. Como foi contar isso para sua família?
Padre Tiago – Foi isso um choque para a minha família na época. Estava tudo tranquilo, mas eu decidi entrar no seminário e foi uma reviravolta na minha vida.
MN – E não dava para terminar o último ano e terminar a graduação antes de ir para o seminário?
Padre Tiago – Eu não tenho explicações racionais para dizer o que me tocou. Hoje eu acho que eu deveria ter pensado mais, só que tenho a consciência de que foi o momento certo. Eu acho que tudo foi convergindo para o bem.
MN – Depois você concluiu o curso de jornalismo?
Padre Tiago – Eu comecei numa instituição lá em São Paulo, mas não deu certo e terminei na Faculdade Católica. Depois isso me ajudou no trabalho que eu faço hoje de comunicação.
MN – Foi muito diferente quando você entrou no seminário?
Padre Tiago – Foi totalmente diferente. Porque eu já tinha liberdade, eu já tinha uma certa estabilidade, no sentido de fazer o que eu queria, no horário que eu queria. Aí de repente, um reitor define se você pode sair ou não, por exemplo. Eu morava sozinho, com os meus próprios hábitos, e então tive que dividir uma casa com mais 12 pessoas. Então foi bem desafiador.
MN – Primeiro é a faculdade de filosofia que vocês fazem?
Padre Tiago – Primeiro é um ano chamado propedêutico, que é um ano. É um ano de mais reclusão, que eu fiz em 2010. Neste ano a gente tem uma introdução à vida de fé, à vida de oração, uma introdução também aos estudos acadêmicos. Esse primeiro ano que a gente se chama propedêutico, como o próprio nome diz, preparação, ele quer nos nivelar para aquilo que vai chegar. Temos matérias de introdução ao mundo acadêmico e também momentos de vida de oração. Foi bem difícil.
MN – É uma forma de filtrar quem vai seguir ou desistir?
Padre Tiago – É uma forma assim de mostrar disciplina. O primeiro ano vai nos mostrar a disciplina da nossa vida. Nem todos conseguem. Tanto é que, do primeiro para o segundo ano, sempre existem desistências.
MN – Quantos se formaram da sua turma?
Padre Tiago – Na minha turma nós começamos com 12 e terminamos com seis. Só que foi uma turma atípica. Normalmente não se termina com seis. Nós fomos a primeira grande turma da Diocese de Marília. Nunca, em 70 anos da Diocese de Marília, teve uma turma grande assim. O máximo foram quatro que acabaram. Normalmente um se forma, ou dois, ou tem ano que nenhum. Então eu mudei para outra casa, onde eu morei três anos, fazendo a faculdade de Filosofia na Faculdade João Paulo II (Fajopa). Fiz licenciatura em filosofia. Fiz o estágio da filosofia ali na escola Baltazar.
MN – Depois disso você fez Teologia?
Padre Tiago – Foram quatro anos e me tornei bacharel em Teologia. Nesses sete anos, aos finais de semana, a gente passa pelo estágio pastoral. Aos finais de semana, a gente vai para as paróquias. Para entender como é o dia a dia do padre, como é o cuidado com o povo.
MN – E os padres vão nos ajudando, como num estágio?
Padre Tiago – Comecei os estágios pastorais em duas paróquias. Paróquia Santana de Herculândia e Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Queiroz. Eu trabalhei nas duas paróquias em 2011 e 2012. Depois, em 2013 e 2014, vim para Marília, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Em 2015 e 2016 eu fui para Adamantina, na Paróquia Santo Antônio. Depois em 2017 eu voltei para Marília, para a Paróquia Maria Mãe da Igreja. Nessa época eu já fui designado para acompanhar a comunicação da Diocese de Marília.
MN – Você fazia dois estágios?
Padre Tiago – Eu fazia dois estágios. Numa paróquia, que era pequena e não exigia muito, e na comunicação pastoral da Diocese de Marília, que ainda não tinha uma estrutura. Eu fui designado para começar a criar um departamento de comunicação.
MN – E quando terminou sua formação?
Padre Tiago – Minha formação acabou em novembro de 2017. Terminou meu tempo de seminário e então o bispo nos enviou, cada qual pra uma paróquia, para gente já morar. Em fevereiro eu fui para a paróquia que eu estou ainda hoje, que o bispo me designou, que é a Santa Rita de Cássia. Cheguei no dia 11 de fevereiro e esse ano vou completar sete anos.
MN – Você chega como seminarista mesmo?
Padre Tiago – Seminarista ainda. Eu morei como seminarista lá de fevereiro até abril. No dia 30 de abril eu fui ordenado diácono. Depois disso, no dia 3 de novembro, fui ordenado padre. Estou lá desde então. Da minha turma eu sou o único que está no mesmo lugar.
MN – Por conta da questão do trabalho que você realiza na comunicação?
Padre Tiago – Eu acredito que sim. A primeira é que deu certo, foi muito tranquilo. De início eu já me identifiquei com a paróquia. E acredito que a paróquia se identificou comigo. Por conta do trabalho de comunicação, eu estou em Marília. Então é mais fácil. Eu acho que foram essas duas coisas.
MN – E como que está sendo esse trabalho de comunicação da Diocese?
Padre Tiago – É bem desafiador, pois a Diocese de Marília é grande. Nós somos 37 cidades. Então é muito exigente. Preciso cuidar da comunicação pastoral, que é aquilo que acontece nas paróquias, toda aquela motivação da evangelização. Ao mesmo tempo, preciso cuidar da comunicação institucional, que isso dá um certo trabalho. Mas está acontecendo bem, graças a Deus. Naturalmente eu não trabalho sozinho. Eu só estou na ponta e sou o responsável. Mas tem muita gente boa que trabalha comigo. É por eles e com eles, que o trabalho acontece. Na verdade eu só sou o motivador. Quem faz a comunicação pastoral acontecer são os nossos agentes da Pastoral da Comunicação, que estão nas 66 paróquias.
MN – Como era quando você começou o trabalho de comunicação da Diocese de Marília?
Padre Tiago – Tinha o trabalho de comunicação pastoral, mas não tinha o trabalho de comunicação institucional. O pedido do bispo Luiz Antônio Cipolini era que eu começasse isso. Hoje temos um departamento institucional, temos uma sala, outro profissional contratado, um publicitário. Ele como publicitário e eu como jornalista e vamos organizando as coisas.
MN – Vocês ainda contam com um jornal?
Padre Tiago – Temos o nosso informativo ‘No meio de nós’, temos o site da Diocese de Marília, as redes sociais e temos esse trabalho de motivação. Gravamos alguns programas de rádio do bispo, fornecendo para as rádios que queiram. Além disso, tenho uma função na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Sou assessor da Pascom do Estado de São Paulo. Todas as seis arquidioceses e as 36 dioceses, o trabalho motivacional é feito por mim. Eu dou formações, conduzo reuniões.
MN – Existem mais padres jornalistas?
Padre Tiago – Tem vários no Brasil. Na nossa Diocese de Marília, não, mas existem vários no Brasil.
MN – Como você explica para um padre que a imprensa precisa de uma resposta sobre determinado?
Padre Tiago – É um desafio, pois os nossos gestores não pensam com a cabeça do mundo da comunicação. Temos na cabeça o mundo da Igreja. Muitas vezes, uma Igreja de antigamente, que não é mais a de hoje em um mundo ‘acelerado’. Como assessor preciso sentar e explicar. O meu papel é orientar para que a Igreja se utilize dos meios de comunicação e tudo que é necessário para a evangelização e o anúncio de Jesus.
MN – A Diocese de Marília foi uma das que fizeram questão de manifestar apoio ao padre Júlio Lancellotti. Você o conhece e já esteve algumas vezes em sua companhia.
Padre Tiago – O padre Júlio é um grande amigo. Tenho bastante contato com ele. Eu motivo esse trabalho com pessoas em situação de rua aqui em Marília. Tenho na minha paróquia e em alguns momentos que fazemos em conjunto com outras paróquias e eu sempre me inspiro no padre Júlio. A gente faz um almoço de Páscoa e um almoço de Natal. Eu leciono as disciplinas de história e geografia no seminário. A CNBB pede uma viagem cultural e eu levo a turma para São Paulo, vamos nos pontos históricos e achei por bem, neste ano, incluir o padre Júlio na agenda. Para que os meninos pudessem ver na prática o que é uma ‘Igreja em saída’.
MN – E como foi esse contato desses jovens com o padre Júlio?
Padre Tiago – Foi bem legal. O padre Júlio é uma personalidade e os seminaristas gostaram muito do contato. A vida do padre Júlio é essa. Ele vive em favor das pessoas em situação de rua. A gente sabe que, infelizmente, quando a gente escolhe os excluídos, também o somos. Vemos tanta coisa que tem acontecido com ele. Não é a primeira vez e certamente não será a última, mas ele, como toda a Igreja, se une nessas causas por amor a Jesus, que também foi crucificado por isso, mas foi fiel a vocação e a missão. Rogamos a Deus para que o padre Júlio não desanime diante das adversidades.
MN – Ele é uma inspiração?
Padre Tiago – É sim. Você vê um idoso com mais de 70 anos, com um passado consolidado, que poderia estar descansando, mas está ali trabalhando em favor dos excluídos e levando pedrada. É um testemunho de fé. O forte da nossa paróquia, historicamente, sempre foram as pastorais sociais. Nossa paróquia começou junto com o início do bairro. Sempre foi uma referência social da zona sul.
MN – Você sempre esteve acima do peso durante sua infância, adolescência e início da vida adulta, mas isso ficou no passado há vários anos. Quando começou essa mudança na sua vida?
Padre Tiago – A reeducação alimentar foi mais por um motivo de saúde. Quando eu fui para a ordenação diaconal, eu fui fazer vários exames para a ordenação e por causa do plano de saúde e eu fiz em Tupã. O médico era um grande amigo da minha família. Na minha família a maioria é obesa e temos alguns problemas de saúde. Esse médico me falou que eu ainda não tinha 30 anos, meu metabolismo respondia bem e seria importante fazer uma reeducação alimentar para eu viver melhor. Eu comecei a fazer uma semana antes da minha ordenação diaconal e continuei.
MN – Você perdeu quantos quilos?
Padre Tiago – Eu perdi 54 quilos. Busco ter uma vida mais saudável. Eu cheguei a pesar 137 quilos. Foi o peso que eu tive na primeira consulta que fui para fazer essa reeducação alimentar. Tem vez que nem eu mesmo acredito.
MN – Você sempre foi ‘gordinho’ na sua infância?
Padre Tiago – A vida toda.
MN – E sofria bullying por isso?
Padre Tiago – Não consigo me lembrar de algum episódio, mas acredito que sim, como todo gordinho.
MN – E você não fazia atividade física nenhuma. Como foi essa transformação?
Padre Tiago – Eu nunca gostei de atividade física. Hoje é um prazer, mas nunca gostei. Sempre fui extremamente sedentário, mas hoje eu gosto. Faço academia, crossfit e corro. Academia faço de quatro a cinco vezes na semana, crossfit três vezes e corro duas vezes, com acompanhamento médico.
MN – E você sofreu algum tipo de preconceito na sua vida?
Padre Tiago – Não sofri nenhum preconceito explícito, contudo, sempre estudei em escola particular e sempre fui o único negro da turma. O único negro que fazia curso de línguas da minha turma. Isso em tudo, mas nunca foi um empecilho. Sempre gostei de estar à frente das coisas, de ajudar. Não sei se não sentia ou se fingia que não via, mas nunca tive problema com isso.
MN – O que você deixa de mensagem para a população de toda a Diocese de Marília?
Padre Tiago – Todo começo de ano é oportunidade de refazermos nossa vida. Que consigamos trilhar 2024 com Deus. Uma sociedade que se esquece de Deus, se desconecta da realidade. Deus é o nosso Criador. Ele pede que sejamos mais Dele. Quem é de Deus é bondoso e respeita. Nunca quer ficar sozinho. Se desenvolve e leva consigo aqueles que estão ao lado. Que a gente construa 2024 com o amor de Deus, alegria do Evangelho e com a coerência da nossa vida. Os problemas sempre existirão, mas muito maior é o amor de Deus que nos envolve e nos dá força e coragem para encará-los e assim vivermos com mais tranquilidade.