Fiscalização força traficantes buscarem alternativas para a ‘Rota Caipira’
Traficantes estão usando rotas alternativas para o transporte de drogas e armas, devido ao aumento da fiscalização policial. Um novo mapeamento feito pela Polícia Federal (PF) aponta que um dos principais caminhos usados pelo tráfico para o escoamento de drogas para a Europa, a chamada ‘Rota Caipira’, que passa pelas rodovias da região de Marília e é amplamente dominada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), já não tem a mesma importância de anos atrás.
Historicamente, Marília sempre foi rota de passagem para o tráfico de drogas, que trazia os entorpecentes do Paraguai e Bolívia, pela fronteira com o Panará e Mato Grosso do Sul, com destino ao porto de Santos, de onde eram levados para países da Europa.
As rodovias que contornam o município – Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), Dona Leonor Mendes de Barros (SP-333) e Rachid Rayes (SP-333) – eram foram amplamente utilizadas para transporte dos entorpecentes.
Segundo o delegado Júlio Danilo Souza Ferreira, coordenador-geral de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas da Polícia Federal (PF), a mudança nas rotas foi motivada pelo aumento na fiscalização. No porto de Santos, 100% dos contêineres estão sendo escaneados, o que tem dificultado o envio de drogas.
Investigações da PF apontaram que as novas rotas, mais longas, estão sendo utilizadas para evitar o rigor da fiscalização, que trazem prejuízos para as organizações criminosas, que perdem muito dinheiro com as apreensões.
Uma destas novas rotas passou a usar o Equador para escoamento da droga. Até então, os principais produtores, Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia traziam os entorpecentes para o Brasil.
Além da ‘Rota Caipira’, outra muito usada no Brasil era na região norte, com drogas do Peru e Colômbia, por rios da região amazônica, até portos de estados como o Ceará e Rio Grande do Norte, sob domínio do Comando Vermelho.
Portos na região Sul do Brasil, como Rio Grande-RS, Florianópolis e Itajaí-SC, foram identificados como destino dos entorpecentes, para posteriormente serem levados para a Europa.
Para descapitalizar as organizações criminosas e suas lideranças, segundo dados da PF, foram apreendidos pelo menos R$ 2 bilhões dos grupos em 2023, contra R$ 602 milhões no ano anterior, alta de 232% no montante apreendido de um ano para o outro.
“O Ministério da Justiça investiu recursos nisso, recrutamos e selecionamos policiais para trabalhar nessas unidades para fazer o enfrentamento das facções. Também fomentamos a diretriz para focar facções, principalmente as envolvidas ou que desencadeiam criminalidade violenta”, conclui Ferreira, em entrevista para a Folha de S. Paulo.