Casos de sífilis disparam em Marília e doença atinge inclusive grávidas
O aumento dos casos de sífilis no Brasil acendeu um alerta para o Ministério da Saúde e algumas autoridades sanitárias já tratam o assunto como uma epidemia. Em Marília, os casos dispararam desde 2020 e chegaram a 400 novas contaminações em 2023, sendo 99 delas em mulheres gestantes.
Os dados são Vigilância Epidemiológica de Marília, que apresenta ainda um outro dado alarmante no balanço do ano passado, em relação à sífilis congênita – quando a mãe passa a doença para o bebê na gestação. Dos 400 casos registrados em 2023, 31 deles são referentes ao tipo de transmissão.
O balanço também foi o primeiro a apresentar em destaque o número da sífilis congênita. Esse novo modelo de apresentação dos dados faz parte de um esforço do município em realizar o tratamento precoce em gestantes com a doença e impedir a transmissão para o feto.
O serviço é realizado com base em programas do Sistema Único de Saúde (SUS). Em dezembro de 2023, Marília foi reconhecida pelo Ministério da Saúde e pelo Governo Federal com a Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e ou Sífilis.
No entanto, o prêmio com Selo Prata foi apenas para o controle da transmissão congênita do HIV. A certificação pelo o controle da sífilis congênita ainda não aconteceu.
AUMENTO DOS CASOS
Em números brutos, somando os casos congênitos que não eram notificados antes, houve um crescimento de 34% dos casos totais de sífilis no ano passado em comparação a 2022. Há dois anos, foram registrados 205 casos adquiridos (não gestantes, homem ou mulher) e 92 em gestantes, totalizando 297.
O crescimento é maior ainda se for comparar 2022 com 2021. De um ano para o outro, a elevação dos casos foi de 46%, considerando que em 2021 o registro é de 146 casos adquiridos e 58 em gestantes, um total de 203.
Em 2020, ano da primeira grande onda da pandemia da Covid-19, foram registrados menos casos, sendo 99 no total, sendo 71 adquiridos e 28 em mulheres grávidas. Esses dados, no entanto, podem conter subnotificação, uma vez que o atendimento geral foi prejudicado devido às medidas restritivas.
Um ano antes da pandemia, em 2019, eram registrados 165 casos, sendo 121 casos adquiridos e 44 em gestantes.
BRASIL
De janeiro a junho de 2022, o Brasil registrou 122 mil novos casos de sífilis. Nesse período, foram identificados 79,5 mil casos de sífilis adquirida, 31 mil casos em gestantes e 12 mil ocorrências de sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê.
De 2016 a 2021, o aumento dos casos foi considerável. Enquanto em 2016 foram registrados 91.506 casos, com taxa de detecção de 44,6 para cada 1.000 habitantes. Em 2021 foram 167.523, com taxa de detecção de 78,5 para cada 1.000. O número de gestantes infectadas pulou de 38.305 para 74,095, com a taxa de detecção passando de 13,4 para 27,1. A sífilis congênita passou de 21.547 casos para 27.019, com a taxa de detecção aumentando de 7,5 para 9,9 para cada 1.000 habitantes.
COMO EVITAR A TRANSMISSÃO VERTICAL
A transmissão vertical ocorre quando a mãe que vive com HIV ou sífilis, mas não é diagnosticada ou tratada adequadamente, transmite a infecção para o bebê durante a gestação ou parto e, no caso do HIV, pode acontecer também durante a amamentação.
A taxa estimada de transmissão vertical do HIV pode chegar a 30% quando não é utilizada a terapia antirretroviral (Tarv), mas, se adotada a Tarv e demais medidas preventivas, essa taxa se reduz para menos de 2%, principalmente quando não ocorre a amamentação.
Na rotina, todas as gestantes que realizam o pré-natal nas unidades de saúde são testadas para HIV, sífilis e hepatites, ainda no primeiro trimestre de gestação.
Caso haja o diagnóstico da infecção, o tratamento antirretroviral é ofertado pelo Serviços de Assistência Especializada (SAE), serviço de especialidade que atende a gestante e depois o bebê, com atendimento especializado de infectologia, ginecologista, pediatria e assistência farmacêutica.