Ex-funcionários da Sasazaki reclamam de atraso nas rescisões
Em vias de um possível pedido de recuperação judicial pela Sasazaki, uma série de reclamações acerca do atraso ou até mesmo falta de pagamento das rescisões trabalhistas chegam ao Marília Notícia meses após as demissões.
Segundo ex-funcionários, acordos foram feitos para que a empresa pudesse realizar os pagamentos – que abrangem 13º salário, férias proporcionais, FGTS e multa de 40% – de forma parcelada. O problema, apontado em relatos, é que as parcelas não estariam sendo pagas.
Um colaborador de 43 anos, que prefere não ser identificado, conta que trabalhou durante 18 anos na Sasazaki. O desligamento teria ocorrido há cerca de sete meses, pouco antes da crise. Em seguida, outros profissionais teriam tido o mesmo destino.
“Pediram para pagar em parcelas e até começaram a enviar o dinheiro. Consegui receber as primeiras, mas depois pararam. Pelas minhas contas, ainda me devem cerca de 30 mil reais”, relata o ex-funcionário.
O profissional ainda afirma que é praticamente impossível um contato com a empresa. “Pode ligar um milhão de vezes, você não vai conseguir falar no RH”, lamenta. “Voltei a trabalhar como autônomo e só quero que eles paguem o que é meu”, desabafa.
Com 10 anos de casa, outro funcionário, de 38 anos, relata situação similar. “Fiquei uma década na empresa para sair sem nada. Dividiram meu acerto em 10 parcelas, mas já estou indo para o segundo mês sem receber”, afirma.
“Ainda tenho salário atrasado dos últimos meses que trabalhei e até agora não pagaram também. É nosso direito, nós trabalhamos e temos que receber”, reclama.
O ex-colaborador também se queixa sobre a dificuldade em manter contato com a indústria. “Você liga, eles nem atendem. Não respondem WhatsApp, não respondem nada. Não dão informação sobre quanto vai pagar, se vai pagar ou não. Tá uma situação complicada”, diz.
Dos 44 anos vividos, um terceiro ex-funcionário passou 23 anos dedicados à Sasazaki. Ele conta que, assim que os atrasos nos salários tiveram início, ele se colocou à disposição para demissão.
“Parcelaram meu acerto em 11 pagamentos. Nenhuma parcela foi paga até agora. Consegui pegar com o governo só o seguro-desemprego e meu FGTS, porém, a empresa precisa pagar ainda três anos que ficaram sem depósitos”, cobra.
De acordo com o ex-colaborador, conversas extraoficiais dariam conta de que os pagamentos só deveriam voltar a ocorrer no início do ano que vem. “Sabemos de amigos que estão passando necessidades e já pedem ajuda. Pior é para quem está trabalhando sem receber”, lamenta.
POSICIONAMENTOS
A reportagem pediu um posicionamento à Sasazaki. Em nota, a empresa reafirmou seu último posicionamento, sem emitir novas informações.
“Atualmente, a empresa está retomando suas atividades de forma gradual. As pendências financeiras com os colaboradores estão sendo solucionadas em etapas, com prioridade. Os ajustes serão feitos ao longo do mês de dezembro”, consta em comunicado.
A nota também confirma que a última reunião, realizada em 30 de novembro, discutiu as ações em andamento, incluindo o pedido de recuperação judicial. “A política de transparência nas comunicações com os colaboradores é parte integrante da cultura da Sasazaki, acompanhando todas as ações da empresa ao longo de sua história”.
O MN também solicitou que o Sindicato dos Metalúrgicos de Marília e Região comentasse sobre a situação. O texto será atualizado assim que houver uma resposta.
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