Madam Tattoo: “Queria ser bailarina, mas a tatuagem me escolheu”
Uma arte milenar encontrou solo fértil para florescer no Brasil. Ao longo da história, a tatuagem assumiu diferentes significados culturais, espirituais e sociais. Em Marília, a talentosa Vânia Mendes, também conhecida como ‘Madam Tattoo’, hoje com 57 anos, se tornou uma das mais renomadas, reconhecidas e respeitadas profissionais da área no país, uma verdadeira lenda na arte de tatuar corpos, com trajetória que acompanhou a evolução cultural brasileira.
O interesse de Vânia pela tatuagem surgiu muito cedo, ainda em Marília, quando estudava no antigo Anglo, que funcionava entre a rua Bahia e a avenida Pedro de Toledo. Ela queria ser bailarina e diz que não escolheu se tornar tatuadora, mas foi escolhida pela profissão.
Se hoje existem vários tatuadores e a arte deixou de ser vista com olhar tão preconceituoso, se tornando uma expressão cultural aceita pela sociedade, muito se deve ao incansável trabalho de Vânia Mendes, que começou a desbravar a área “quando tudo era mato”, enfrentando dificuldades e desafios, mas nunca desistindo de fazer o que gostava.
Ela tatuou muita gente nacionalmente conhecida, principalmente no meio artístico musical. Vânia presenciou o surgimento de estrelas do rock e cultivou muitas amizades nessa área, fazendo com que seu nome também ficasse conhecido em todo o Brasil pela sua arte.
Morou em São Paulo e um bom período na Bahia, viajando ainda para muitos países, onde conheceu culturas diferentes e teve a oportunidade de trabalhar.
Uma das primeiras tatuadoras profissionais do Brasil, sendo uma das mais importantes desta área no país, que se mantém na ativa até hoje, a Madam Tattoo encontrou um tempo em sua agenda, recebendo o Marília Notícia em seu novo espaço. Ela contou um pouco de sua história, que certamente renderia alguns livros de memórias, a preocupação com biossegurança, a popularização da tatuagem ao longo dos anos e o cenário atual desta arte que marca a pele e a vida de muitas pessoas.
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MN – Quando você começou a tatuar?
Vânia Mendes – Eu estou com 57 anos. Nasci em 1966. Então, eu comecei a tatuar por volta dos 15, 16 anos. Eu lembro que foi no primeiro colegial.
MN – Onde você estudava?
Vânia Mendes – Eu estudava no Anglo. Hoje é uma igreja ali na rua Bahia. Depois se tornou uma galeria, um shopping, o Alto Cafezal. A juventude de Marília estava ali. Era uma cidade bem menor. As pessoas se reuniam em poucos lugares. Não tinha muita opção. A gente não tinha internet. Mal tinha telefone fixo em casa. Era outro tipo de comunicação.
MN – Como você começou?
Vânia Mendes – Tinha uma novela na Globo, não me lembro o nome, em que o ator Mário Gomes tinha no peito um círculo com uma gaivota. Bem típico dos anos 70. Os meninos chegavam na escola falando que tinham feito a tatuagem do Nando (personagem), mas provocavam as meninas, falando que elas não podiam ter. Que mulher não tinha tatuagem. Que era só homem. Que mulher não ia aguentar fazer.
MN – E como era sua reação?
Vânia Mendes – Se falar que eu não consigo ou que eu não posso, vou querer. Por que a mulher não pode? A mulher não troca um pneu de carro. Mas por quê? Só homem pode? Eu tenho uma prima que o marido dela era viajante. Eu cheguei lá na casa dela um dia e ela estava trocando alguma coisa na tomada, que não tava funcionando. Eu olhei e me surpreendi, não era muito normal. Ela teve que aprender e eu coloquei aquilo na minha cabeça. Se ela consegue, eu também consigo. Se um homem faz, eu também posso fazer. Então eu sempre fui esse tipo de pessoa, sabe? Eu era diferente. Hoje os diferentes têm vários nomes. Na minha época você era só maluco mesmo. Com a tatuagem foi a mesma coisa. Quando falaram para mim que não podia, que mulher não tinha, eu quis fazer.
MN – Quando você escolheu ser tatuadora?
Vânia Mendes – Eu sempre achei que seria bailarina e minha amiga Carmen Doreto seria tatuadora. No final das contas, foi o inverso. Ela se tornou uma grande bailarina e educadora e na verdade eu não escolhi ser tatuadora. A tatuagem me escolheu, foi tomando conta. Não foi nada pensado, pesquisado. Não fui eu que escolhi. É realmente uma situação que eu fui escolhida. Já tentei sair disso, mas sempre voltei. Hoje estou com 40 anos de trabalho.
MN – Qual foi sua primeira tatuagem?
Vânia Mendes – A primeira foi essa minha amiga fez, a Carmen Doreto. Era horrível. Eu não sabia que existia máquina elétrica. Nós estávamos estudando para uma prova de biologia e pegamos duas agulhas de costura de bordado da mãe dela. Passava um álcool e eu fiz uma meia-lua nela, muito pequena, e ela fez em mim metade de uma borboleta. Mas não dá para explicar direito. Era uma coisa muito horrível. No outro dia na escola, cheguei mostrando a minha tatuagem. Tinha uns 16 anos de idade nessa época.
MN – Como foi a reação das pessoas na escola?
Vânia Mendes – Eu estava me achando. Os meninos gostaram e começaram a pedir para eu fazer neles. Foi quando eu comecei. Eu tenho uma amiga, cara, que era diabética, desde os sete anos de idade. Então ela aplicava insulina como rotina. Ela me deu uma tira de agulhinhas. Nessa agulha tem aquela parte que você acopla na seringa. Aquilo ali já melhorou a minha pegada. Ficava uma linha fininha usando. Então ficou bonito, ficou diferente, porque quando a gente faz com três agulhas com uma linha, você acaba dando um monte de ponto, ficava uma coisa bagunçada a linha. Então a minha ficava bonitinha.
MN – E qual foi o seu primeiro contato com a máquina de tatuar?
Vânia Mendes – Fui fazer uma viagem, antes de prestar o vestibular, com meu primo e meu irmão, para Porto Seguro. Lá tinha um tatuador com máquina. Eu já me achava o máximo com a minha seringa de insulina. Ele se chamava Marcos, era de Belo Horizonte. A minha primeira tatuagem na máquina já foi uma cobertura, para cobrir a que minha amiga tinha feito.
MN – Em seguida você vai para São Paulo?
Vânia Mendes – Na sequência eu passei no vestibular e fui para São Paulo. Fazer Belas Artes. Eu queria ser bailarina. Fazia artes cênicas. Foi quando o submundo da tatuagem me chamou de novo. Eu tinha visto a máquina, mas não cogitei ter uma, tatuar as pessoas, pois queria mesmo ser bailarina. Fiz balé estágio e aula com a Márcia Hideto. Estava na faculdade de manhã e balé no resto do dia. Mas logo que eu cheguei à São Paulo, fui conhecer a rua 13 de Maio. Eu entrei em um estúdio e o tatuador olhou para mim e falou, ‘você é de Marília?’ Ele se chamava Bruno e conhecia meu irmão. Acabou virando uma referência. Eu não conhecia ninguém de São Paulo, então quando eu saía, passava lá no estúdio. Foi ali que eu comecei a ter um pouco de amizade com o pessoal das tatuagens.
MN – Qual o motivo do preconceito com a tatuagem e ele ainda existe?
Vânia Mendes – Eu sou praticamente da segunda geração da máquina elétrica no Brasil. A máquina elétrica chegou em 1960. Com um dinamarquês. Ele era marinheiro. Naquela época, os marinheiros se tatuavam dentro dos navios. Eles aportavam em Santos, que hoje é a ‘capital nacional’ da tatuagem. Foi lá que ele montou o primeiro estúdio de tatuagem no país. Antes não tinha loja, estúdio, essas coisas. Eles se tatuavam em um boteco, dentro de um navio, em qualquer lugar. Ele montou esse estúdio no porto e só tatuava a marginalidade. As pessoas que viviam nas margens da sociedade. Os próprios portuários, os marinheiros e os que estavam naquele ambiente e ao seu redor. Ali rolava muita bebida, drogas, prostituição. Então a tatuagem chega ao Brasil e se dissemina nesse meio. Por isso o preconceito.
MN – Se tivesse outra origem no Brasil, acredita que a tatuagem seria vista com outros olhos?
Vânia Mendes – Se tivesse vindo com a realeza, eu seria uma condessa. Em outros países, a cultura é diferente. Então, esse preconceito vem daí. Se todo mundo entendesse isso, que é uma questão cultural, eu acho que a tatuagem seria vestida de outra maneira.
MN – Hoje existe menos preconceito?
Vânia Mendes – Não vou dizer que tem menos preconceito, vou dizer que a tatuagem se popularizou mais, sabe? Eu acho que a tatuagem está se expandindo cada vez mais. Essa nova geração, de quem hoje tem 25 anos, eles tatuam até o rosto. Os jovens começaram a tatuar locais que antes a gente não tatuava de jeito nenhum, como o rosto, as mãos e o pescoço. A gente queria tatuar, mas tinha que esconder. Porque as pessoas davam de dedo pra gente.
MN – Já viveu alguma situação de preconceito?
Vânia Mendes – Eu fui com uma amiga em uma loja ali perto de São Paulo, em Embu das Artes, mas ninguém atendia a gente. Eu perguntava as coisas, mas ninguém dava atenção. A gente foi se ligando que era por causa da religião das pessoas daquela loja. Então, ainda tem preconceito sim. Eu acho que por conta da religião, tem muito. Pela profissão muito menos.
MN – Quais profissões escondem ou escondiam as tatuagens?
Vânia Mendes – Os policiais sempre tiveram tatuagem, só não podia aparecer. O policial e psicólogo. A maioria dos psicólogos que eu conheço tem tatuagem. Eles gostam. Eu não sei que identificação é que eles têm. O policial não fazia porque havia regras por preconceito. Se você for ver a história, todos os guerreiros da história, os celtas, os vikings, os piratas. Todos esses guerreiros tinham a tatuagem.
MN – Como é a amizade entre vocês que começaram a desbravar a tatuagem no Brasil?
Vânia Mendes – Isso é pra poucos. Você manter amizades no seu meio profissional por 40 anos. Eu tenho amigos de 40 anos, que são minha família. Ainda mantemos contato e converso com esses amigos. Minha família mesmo ficou pequena. Minha mãe faleceu, meu pai faleceu, meu irmão faleceu, o pai da minha filha, porque a gente já estava separado, também faleceu.
MN – Qual foi o primeiro incentivo que você recebeu?
Vânia Mendes – O primeiro que me deu incentivo foi o Fradinho, que já está falecido. Depois veio o Hércule, que ainda está vivo e a gente tem contato, é meu amigo até hoje. Eu comecei em São Paulo. Fazia a faculdade de manhã, fazia balé de tarde. De noite eu ia muito ao Madame Satã, conhecendo o rock.
MN – Foi o início do seu contato com o pessoal do meio musical?
Vânia Mendes – Eu era jovem, não tinha muito rock and roll por aqui. Acabei conhecendo lá em São Paulo. Eu conheci um cara que era fotógrafo, chamado Sérgio Mancini. Hoje ele é famoso. A gente fez umas fotos e eu fui para alguma agência. Acabei selecionada para fazer o clipe do RPM. Ali naquele clipe eu conheci uma galera legal, inclusive o Paulo Ricardo. Tivemos um ‘rolinho’. Com ele eu conheci o Kiko Zambianchi e eu estive um pouco no meio dessa galera da música. Teve um dia que eu fui num show do RPM e quando terminou o show, o Paulo queria que a gente fosse para a casa de um amigo, mas estava inaugurando um bar na Bela Vista e eu queria curtir um negócio diferente, gostava das coisas diferentes, que não tinha aqui em Marília. Ali eu briguei com o Paulo e nessa noite eu conheci o Vitor, que era vocalista de uma banda também. Aí eu me misturei com os punks e me identifiquei. Eu venho da contracultura, sabe? E aí fiz amizade com João Gordo e com a galera dos Ratos de Porão. Fui muito próxima do Lobão. Bem depois tatuei os meninos dos Raimundos, o Rogério do Jota Quest e tantos outros.
MN – Esse já era um momento pós-ditadura militar?
Vânia Mendes – Essa fase que foi legal. Era uma época de muita revolução artística. A gente estava saindo de uma ditadura e as pessoas queriam se expressar, elas queriam criar, elas queriam falar, elas queriam mudar. Fizemos isso tudo e eu acho que a gente fez bem feito.
MN – Você já tatuava já?
Vânia Mendes – Eu comecei a tatuar muita galera de banda. Comecei com o João Gordo. Meu apartamento virou um QG. Era Ratos de Porão, Cólera, Inocentes, a banda do Edgard Scandurra, o Ira, o Sepultura. Eu frequentava esses locais e a tatuagem foi acompanhando.
MN – Como foi a relação com a sua família com você se tornando uma tatuadora?
Vânia Mendes – Como toda garota da minha época, fui criada para casar. Era bem da cultura local, mas o meu pai era sindicalista. Meu pai foi presidente de sindicatos bancários nesses anos. Os dois maiores sindicatos que tinham no Brasil era o dos metalúrgicos, com o Lula, e os sindicatos dos bancários, que meu pai era o presidente em um deles. Então era sempre essa história dos companheiros. Eles queriam ter um país governado pelos trabalhadores. Eu vivi isso dentro de casa. A primeira vez que ele viu que fiz uma tatuagem, falou pra eu não fazer mais isso. Minha mãe não gostava. Meu pai, a princípio, também não, mas depois ele entendeu que era a linguagem da rebeldia, sabe? Eu era igual a ele. Eu era rebelde igual meu pai.
MN – No começo seu pai não gostou?
Vânia Mendes – No começo, não. Depois, ele sempre estava no meio dos meus amigos. Foi conhecendo esses meus amigos e clientes e foi a pessoa que mais me ajudou. Eu não ganhava dinheiro com tatuagem, não conseguia nem me manter com a tatuagem no começo.
MN – Onde foi seu primeiro estúdio em Marília?
Vânia Mendes – Meu primeiro estúdio aqui em Marília foi na rua Sargento Ananias. Depois eu fui para a rua Quatro de Abril, quase esquina com a Dom Pedro, onde hoje é uma casa que está abandonada. Eu abri um estúdio na Álvares Cabral, que do outro lado era a loja do Marco Brasil. Ali era o point da cidade, na época do Todo Torto. Depois fui para a Bahia com o meu marido, pai da minha filha Agatha, que tinha vindo comigo de São Paulo para Marília. Moramos em Arraial d’ Ajuda. Ficamos quatro anos lá e tivemos uma barraca de praia. Era uma vida muito boa. De noite eu tinha meu estúdio de tatuagem. Voltei de lá quando minha filha tinha seis anos.
MN – Você sentiu saudades de Marília?
Vânia Mendes – O Colégio Interação e o Compacto eram da minha família. Meu pai implorava para eu não alfabetizar a minha filha no Nordeste. Era um preconceito bobo. Eu voltei na época que o mercado lançou o CD. Eu, meu irmão e meu marido montamos uma franquia da Planet Music na Galeria Atenas. Ficamos ali uns três anos. Eu que cedia todos os CDs, patrocinava também os eventos. Foi uma fase bacana.
MN – Você também viajou o mundo tatuando?
Vânia Mendes – Quando minha filha fez 15 anos eu separei do meu marido. Aí eu resgatei a Bahia. Comecei a ir uma vez no ano e ficava uma ou duas semanas, depois fiquei um mês e quando vi já estava mudando para lá de novo. Na Bahia eu conheci o Marco Gatto, que tem um estúdio maravilhoso hoje em Campinas. Na época ele morava em Roma e me convidou pra ir lá trabalhar com ele. Então foi a primeira vez que eu saí do Brasil. Foi naquela Copa do Mundo de 1994. Fase linda. Que gratidão que eu tenho pela tatuagem ter proporcionado tanta coisa boa na minha vida. Depois foram aparecendo os convites. Fui para o sul da França, em Cannes, pois tinha uma amiga que morava lá. Eu passei a ter amigos morando em vários países. Eu ia visitar o amigo, levava o meu material e tatuava os amigos dos amigos, mas sempre indo conhecer os estúdios por onde eu passava. Conhecia os profissionais, que acabavam no próximo ano me convidando para trabalhar. Fiquei em Paris, em Zurique e em Lisboa. Depois voltei para a Bahia e fiquei por ali até um ano antes da pandemia, quando retornei para Marília.
MN – Como você vê a nova geração de tatuadores?
Vânia Mendes – Eu faço parte da primeira geração de mulheres tatuadoras e comecei a ensinar também. Nunca tive problema em ensinar. Nunca. E sempre quis que meus alunos ficassem melhores do que eu. Hoje está tudo fácil. Você tem 76 cores. Quando eu comecei, eram cinco. Você tem agulha com a ponta. Eu soldava a minha agulha. Então hoje o cara tem ‘obrigação’ de ser melhor do que a minha geração. É obrigação. Muitos só querem saber da tatuagem em si, mas não é mais assim. Hoje pra você ser tatuador, precisa entender da biossegurança, de fisiologia, de um monte de coisa, sabe? Também faço micropigmentação, remoção de tatuagens e coloco piercings.
MN – Sua geração era diferente?
Vânia Mendes – Eu sou de uma geração que queria liberdade. A geração de hoje quer status, é muito diferente. Por isso fica esse conflito de tatuador velho com tatuador novo. A gente está passando por um momento que eu nunca imaginei que fosse acontecer. Um público muito jovem tatuando, uma quantidade grande de gente tatuando.
MN – A entrevista que o Rogério Flausino citou você no Jô Soares ajudou a te deixar mais conhecida?
Vânia Mendes – Em Marília, sim, porque a Vânia em Marília é uma pessoa e em São Paulo é outra. Em Marília eu sou conhecida, mas em São Paulo e outros lugares, sou reconhecida, o que é diferente. Na verdade, não é que eu não seja reconhecida aqui, mas é diferente como as pessoas lidam comigo. Aqui em Marília todo mundo é meio que meu amigo. Acho que tem certa intimidade. Já em São Paulo não. Lá a coisa é bem mais profissional, no sentido do reconhecimento. A reverência por tudo que você já fez pela tatuagem.
MN – Esse reconhecimento te rendeu um patrocínio?
Vânia Mendes – Hoje eu tenho um patrocínio da Creators, nas redes sociais da Ironworks. É um apoio em viagens, em eventos, em exposições também. Eu estou ficando meio dividida entre ir para São Paulo e ficar em Marília. Ainda vou desenvolver um trabalho no Museu da Tatuagem, mas nesse momento eu ainda não quero mudar para São Paulo.
MN – O que falta para os tatuadores?
Vânia Mendes – Hoje na tatuagem as pessoas estão se esquecendo da ética. A ética com o cliente, a ética entre profissionais. Ficar tatuando no ‘black’ é fácil. Tem muita gente que está tatuando o ‘black’. Você compra o equipamento e o material pela internet. Em um mês o cara acha que ele é o ‘fodão da bagaça’. O que eu acho é que, como ampliou demais, tem muitas pessoas que não estão capacitadas para fazer isso. Aí o tatuador que hoje tem um estúdio grande, com quatro, cinco tatuadores lá dentro, a conta não bate. Por melhor que sejam os tatuadores, por mais alto que sejam os valores, a conta não bate mais, porque nós não temos um órgão que regulamenta a profissão, que dita regras. Mas nós vamos ter. É uma questão de tempo. A profissão precisa ser realmente regulamentada, ter um órgão, ter um certificado, hoje o meu objetivo é esse.