Médico formado em Marília segue internado após ser baleado no Rio
Boletim médico divulgado na tarde desta sexta-feira (6) pelo Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro, informa que o médico Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, formado pela Faculdade de Medicina de Marília (Famema), será submetido a avaliações da equipe de cirurgia, e passará por novos exames de imagem. “O paciente permanece lúcido, orientado e seu quadro clínico segue estável”, diz o boletim distribuído à imprensa.
Proença foi o único sobrevivente no ataque que deixou três médicos mortos em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste, na madrugada da última quinta-feira (5).
Em entrevista coletiva ontem, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que está “completamente” descartada a motivação política nos assassinatos.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a hipótese de que os ortopedistas tenham sido mortos por engano. Os suspeitos dos assassinatos dos médicos seriam integrantes de um grupo criminoso que controla negócios ilícitos em comunidades da zona oeste do Rio.
Segundo o governador, não se trata de uma simples briga de milicianos e traficantes. Ele deu a declaração após reunião com o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, no Palácio Guanabara, sede do executivo estadual.
“Nós estamos falando de uma verdadeira máfia. Uma máfia que hoje é mais do que foi o tráfico de drogas ou de armas. Uma máfia que verdadeiramente tem entrado nas instituições, nos poderes, no comércio, nos serviços, inclusive no sistema financeiro nacional, que infelizmente tem seus próprios tribunais, ampliando esse poder nas mais diversas esferas. É uma máfia que vem se expandindo em todo o território nacional”, afirma Castro.
A polícia acredita ainda que o engano e a grande repercussão da notícia desagradaram lideranças do Comando Vermelho (CV), facção à qual o grupo criminoso – suspeito de matar os médicos – estaria vinculado. As lideranças da facção teriam ordenado a morte dos assassinos dos ortopedistas.
A hipótese foi levantada depois que a Polícia Civil encontrou, na madrugada desta sexta-feira, os corpos de quatro pessoas em dois carros. Dois dos mortos foram identificados como suspeitos de envolvimento nos assassinatos dos médicos. Outros dois ainda não foram identificados.
Castro destacou que as investigações continuam. “Nós não iremos parar por aqui. Não é porque se acharam corpos que as investigações vão terminar. Elas serão ampliadas. Iremos até o fim para que a gente possa combater essa máfia e a guerra que eles estão provocando”.
VELÓRIO EM PRUDENTE
O corpo do médico Diego Ralf Bomfim está sendo velado na Casa de Velório Athia, no Jardim Bela Dária, na cidade de Presidente Prudente, interior de São Paulo. O enterro será no Cemitério Municipal Campal, no Residencial Anita Tiezzi, informou a prefeitura do município, que também manifestou profundo pesar pela morte do médico.
“Ele também foi servidor municipal no período de julho de 2015 a janeiro de 2016, quando atuou como clínico geral na Unidade Básica de Saúde da Cohab (Cohabão)”, destacou a administração municipal em nota.
Diego, que é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), é um dos quatro médicos atingidos por tiros na madrugada de quinta-feira (5). Também morreram Perseu Ribeiro e Marcos de Andrade Corsato.
Segundo informações publicadas em uma rede social pela irmã de Corsato, ainda não há data nem local para o velório e sepultamento do médico.
O grupo estava hospedado em hotel em frente ao quiosque e participava do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo (Mifas), iniciado nesta quinta-feira (5). Por conta do crime, a organização cancelou a cerimônia de abertura.