‘Setembro Amarelo’ faz alerta em meio ao aumento de suicídios em Marília
Marília registra todos os anos um grande número de pessoas que tiram a própria vida, em uma triste estatística que deixa marca em familiares e amigos. Somente no ano passado, 27 pessoas perderam a vida. Para evitar novas mortes, todo ano é realizada a campanha ‘Setembro Amarelo’, de conscientização sobre os sinais que podem ser identificados para que os suicídios sejam evitados.
De acordo com o médico psiquiatra Alceu Coqueiro, o número de suicídios no Brasil cresceu 11,8% em 2022 na comparação com 2021. Em Marília, o aumento foi ainda maior, totalizando 17,4%, passando de 23 para 27 casos.
“Esse aumento deve-se, em muito, pelos efeitos da pandemia de Covid-19. O acúmulo com outros fatores de risco para a saúde mental da população, como ansiedade, solidão, estresse são decorrentes tanto do isolamento social, quanto dos lutos e perdas de amigos e familiares”, explica o médico.
O psiquiatra explicou que existem sinais que devem servir de alerta para todos. Mudanças de comportamento, isolamento social, sinais de tristeza e falta de esperança, sinais de automutilação e uso abusivo de álcool e drogas podem significar que a pessoa está em depressão.
“Sempre que alguém diz que não aguenta mais viver, que está cansada de tudo, que só quer dormir ou que afirma que todos ficarão melhores sem ela, pode estar passando por uma depressão. É importante não julgar, apenas demonstrar o seu apoio e tentar compreendê-la”, diz o médico.
Segundo dados divulgados no início do ano pela Prefeitura de Marília, foram 20 suicídios em 2020, 23 em 2021 e 27 no ano passado.
Para evitar as mortes, a Secretaria Municipal da Saúde prepara uma série ações para divulgação, debate e conscientização da campanha de prevenção ‘Setembro Amarelo’. Todas as Unidades de Saúde da Atenção Primária (UBSs e USFs), bem como os Centros de Atenção Psicossocial do Município (CAPS II Com-Viver e CAPS I Catavento) participam da mobilização, que é coordenada pela equipe técnica de Saúde Mental de Marília.
A psicóloga Liliane Moma destacou a importância da prevenção. Para ela, a primeira medida é a educação sobre o tema.
“Durante muito tempo falar sobre o suicídio era um tabu. Havia um medo de se falar sobre o assunto e de uns tempos para cá, especialmente com a campanha ‘Setembro Amarelo’, essa barreira foi derrubada. Informações ligadas ao tempo passaram a ser compartilhadas, possibilitando que as pessoas possam ter acesso aos recursos de prevenção”, diz a psicóloga.
Ela esclarece que é importante buscar ajuda, que pode vir de alguém da família, um amigo, colega de trabalho ou da escola, ou ainda um profissional capacitado.
“Temos os voluntários do CVV, mas as pessoas também podem procurar ajuda em um Caps do município”, diz Liliane.
A Secretaria da Saúde realizará rodas de conversa com a comunidade, para conscientização sobre saúde mental nas unidades Novo Horizonte, no dia 12 de setembro, às 8h30; Altaneira, no dia 13, às 9h; Aeroporto, no dia 14, às 8h30; e Santa Helena, no dia 25, às 9h30.
SETEMBRO AMARELO
O mês de setembro e a cor amarela foram escolhidos por causa do jovem Mike Emme. Em 1994, aos 17 anos, ele tirou a vida conduzindo o seu veículo Ford Mustang, de carroceria amarela brilhante, que ele próprio pintou. Ele sofria de depressão, mas não conseguiu pedir ajuda para ninguém. Infelizmente, o adolescente perdeu a vida no dia 8 de setembro.
Mike era um menino muito querido por todos, que sentiram muito com sua partida precoce e decidiram realizar uma ação marcante para prevenir que outras pessoas cometessem o mesmo ato. No funeral de Mike foram distribuídos 500 cartões com fitas amarelas com os seguintes dizeres: “Se você está passando por algum problema, peça ajuda”.
A ideia era ajudar jovens que pensavam em suicídio a expor o que sentiam. De lá pra cá essa ideia se espalhou e se tornou uma ação de prevenção ao suicídio.
GRUPO DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO
A cidade conta com o Grupo de Prevenção ao Suicídio de Marília, que oferece palestras, rodas de conversas e atendimento psicológico social. São 40 profissionais voluntários, a maior parte psicólogos.
Por conta da pandemia, o serviço – que era oferecido em grupo – agora funciona de forma individual (ou on-line).
O número é o (14) 9 8173-8246 [clique aqui para iniciar uma conversa].
VALORIZAÇÃO DA VIDA
O Centro de Valorização da Vida (CVV) conta com voluntários 24 horas por dia, para conversar com pessoas que têm a necessidade de serem ouvidas com respeito e sem julgamentos.
O contato pode ser feito pelo telefone 188 ou pelos outros canais disponíveis no site, que pode ser acessado [aqui].
SERVIÇOS PÚBLICOS SOBRE A VALORIZAÇÃO DA VIDA
Caps Com-Viver – (14) 3451-4028
Caps-i (Infantil) Catavento – (14) 3451-1660
Caps AD (Álcool e outras drogas) – (14) 3433-8606
Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família e UBSs)
Emergência: SAMU 192, UPA Norte, PA Sul, Pronto Socorro e Hospitais no HEM