Empreendedorismo é caminho para estrangeiros em Marília
Disparou o número de estrangeiros registrados como Microempreendedor Individual (MEI) no Brasil nos últimos anos. Assim, na semana em que é lembrado o Dia Mundial do Refugiado e o Dia do Imigrante, anotados em 20 e 25 de junho, respectivamente, os motivos para comemorar são muitos.
Segundo levantamento feito pelo Sebrae com base em dados da Receita Federal, no país, o número ultrapassou os 74 mil. Em Marília, atualmente, 90 estrangeiros estão formalizados.
O município conta com um total de 24.774 MEIs, sendo 32 colombianos, sete libaneses, seis peruanos, seis venezuelanos, cinco chineses, quatro chilenos, quatro japoneses, três italianos, dois argentinos, dois bengalis, dois egípcios, dois haitianos, dois paraguaios e dois portugueses; além de um angolano, um argelino, um congolês, um irlandês, um marroquino, um mexicano, um dominicano, um senegalês, um sírio e um uruguaio.
Há seis anos em Marília, o egípcio Bishoy Sadek se formalizou como Microempreendedor Individual em 2020. Ele é proprietário de um Food Truck de comida árabe chamado Egifood nas imediações da Santa Casa de Marília. O estrangeiro vende um lanche árabe, alguns doces e, aos fins de semana, costuma fazer esfirras.
“Quando me formalizei comecei a trabalhar com um aplicativo de entregas. Também consegui um capital de giro com o banco para aumentar os produtos e equipamentos para a minha cozinha. Valeu a pena”, conta o egípcio.
Para estrangeiros, empreender tem sido uma fonte de renda mais acessível. O MEI viabiliza a inclusão dos imigrantes na economia brasileira de forma mais simples e rápida. Muitos estrangeiros, entre eles refugiados, enxergam no empreendedorismo uma forma de inclusão social e econômica.
Casada com um brasileiro e morando no país há dez anos, a angolana Rita Magnani trabalha com artesanato. Ela conta que começou a trabalhar com empreendedorismo social, ensinando arte nas periferias da cidade.
“Resgatamos mulheres das periferias da zona Sul de Marília e trabalhamos com elas na questão do empreendedorismo, autoestima e suporte emocional em bairros como Vila Real, Toffoli e na região do Nova Marília. Usamos o pátio da Igreja Batista e ali ajudamos muitas mulheres”, conta a angolana.
Além do trabalho social voluntário, a Microempreendedora Individual ministra cursos, e a formalização dos negócios foi importante.
“A formalização foi interessante para passar nota fiscal. Vou dar aula de artesanato e antes não tinha como receber, apenas se estivesse formalizada. Já faz cinco anos e isso também me ajuda na minha futura aposentadoria”, relata Rita.
A formalização como MEI é feita pela internet, no portal gov.br. Para virar MEI, o estrangeiro precisa ter Carteira Nacional de Registro Migratório, Documento Provisório de Registro Nacional Migratório ou Protocolo de Solicitação de Refúgio. Todos os documentos podem ser solicitados na Polícia Federal.
Os que possuem apenas visto temporário só podem se tornar MEI se forem cidadãos do Mercosul, de nacionalidade da Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador, Guiana, Peru, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia ou Suriname. Também é preciso ter visto de residência temporária de dois anos.
No Brasil, segundo o Sebrae, existiam 74,2 mil MEIs ativos de outras nacionalidades até maio deste ano. Em 2019, eram 42,9 mil. O país conta com 1,3 milhão de estrangeiros, segundo o último levantamento do Ministério da Justiça feito em 2021.