El Niño preocupa agricultores e agrônomos de Marília e região
O Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) confirmou que o cenário climático atual indica a formação do El Niño e seu gradual fortalecimento entre o fim do outono e o inverno. A informação reforça o alerta emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em abril deste ano, que previa a possível chegada do fenômeno em poucos meses.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, que pode se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial.
Normalmente, o El Niño começa a se formar no segundo semestre do ano. Durante sua atuação, as águas ficam, em média, pelo menos 0,5°C acima do normal por um longo período de tempo, que varia geralmente de seis meses a dois anos.
Para o cafeicultor Pedro Losasso, a confirmação do El Niño é motivo de preocupação. Ele explica que o fenômeno pode trazer chuvas no período da colheita, o que pode atrapalhar o importante momento para a cultura do café. Além disso, uma estiagem no final do ano significaria prejuízo para a próxima safra.
“A seca que pode surgir no final do ano, se for prolongada, pode atrapalhar justamente na época da florada do café, dificultando o ‘pegamento’ e prejudicando a safra do ano que vem. O aumento de temperatura nessa época do ano não é um grande problema, mas se persistir a temperatura mais alta no verão, também vai atrapalhar”, afirma o cafeicultor.
O coordenador do curso de Engenharia Agronômica da Unimar, Ronan Gualberto, explica que ainda é cedo para ter uma certeza de como o clima se comportará daqui para frente, se vai prejudicar ou beneficiar as lavouras da região.
“É muito incerto ainda. Qualquer mudança sempre traz preocupação. O mais provável é a temperatura que tende a ser mais alta nesse ano. Nos próximos meses deve subir um grau, um grau e meio, mas eu acho que ainda é cedo para prever o que pode acontecer daqui para o final do ano”, contra Gualberto.
Algumas culturas podem se beneficiar de um clima mais úmido, enquanto outras podem ser prejudicadas por excesso de umidade. A diversidade agrícola de São Paulo, que inclui culturas como cana-de-açúcar, café, laranja, soja, milho, entre outras, significa que os impactos podem variar entre as diferentes culturas.
Mudanças nas temperaturas médias e extremas podem influenciar no desenvolvimento das plantas, afetar seu ciclo de crescimento, maturação e produtividade, podendo criar ainda um ambiente favorável ao surgimento de doenças e aumento de pragas nas plantações. Isso pode exigir medidas adicionais de manejo e controle para proteger as culturas, elevando os custos das produções.