Preço da carne segue tendência de queda da arroba e cai até 10% em Marília
A queda no preço da arroba do boi já chegou aos açougues e supermercados de Marília. A redução nos valores praticados aos consumidores gira em torno de 10%, mas alguns pecuaristas começam a segurar o gado nas propriedades, na expectativa de uma melhora nos preços para tentar evitar prejuízos.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os valores de toda a cadeia pecuária nacional – desde o bezerro (de oito a 12 meses) até o boi gordo para abate e carne (carcaça casada) – recuaram com certa força ao longo de maio.
O empresário Gilton Cezar Antônio, que trabalha no setor há mais de 30 anos e é proprietário de um açougue no bairro Quarto Centenário, zona Oeste de Marília, afirma que o preço caiu aproximadamente 10%. Ele está apreensivo com a atual situação do mercado.
“Tudo é uma corrente. Se você dispensar as matrizes, vai subir de novo o preço, pois vai faltar carne. Até engrenar novamente, levaria três ou quatro anos. Está difícil para todo mundo. As vendas não aumentam quando o preço da carne cai. O que você gasta para produzir continua da mesma forma e o consumo também é o mesmo”, conta o empresário.
Antônio diz que já ouviu do fornecedor que deve segurar a venda da carne, na esperança de preços melhores.
“Em outra época, quando girava mais dinheiro no comércio, as vendas poderiam aumentar, mas hoje em dia não. Quando você pode, você gasta. Quando não pode, começa a cortar. Vamos esperar que essa situação melhore para todo mundo”, espera Antônio.
Os pesquisadores do Cepea apontam que este cenário está atrelado, sobretudo, à maior oferta de animais neste final de safra. A maior disponibilidade de gado em 2023 – especialmente de fêmeas –, por sua vez, é resultado de investimentos realizados pelo setor pecuário nos últimos anos.
A grande oferta também é fruto da desaceleração de compras da China. Com volume menor de exportações, sobra gado no mercado brasileiro. Com isso, os pecuaristas estão registrando prejuízos, já que engordaram o gado quando os insumos estavam mais caros e estão vendendo agora com preço reduzido.
Silvana Aparecida Meira Gouveia é responsável por uma casa de carnes no Jardim Parati, zona Sul de Marília. A comerciante conta que os preços caíram na última semana e que recebeu informações que deve cair ainda mais nos próximos dias.
“Temos muitos restaurantes que são nossos clientes e nessa parte não teve mudança significativa, mas no balcão sentimos um aumento de clientes. O pessoal acaba levando um pouquinho mais. Quando o preço apresenta queda, vendemos uma quantidade maior”, afirma.
Com a chegada do inverno, a tendência é aumentarem os custos para o produtor alimentar o rebanho. Neste momento, o pecuarista terá duas opções. A primeira é vender o gado enquanto ainda está em um peso bom – mesmo com prejuízo pelo valor mais baixo – ou manter a boiada aguardando a melhora nos valores de venda, mas tendo que gastar mais com alimentação, pois no período de seca há redução de pasto.