Pecuaristas de Marília projetam prejuízos de até 30% com queda no preço em 2023
Os pecuaristas de Marília e região estão tentando equilibrar as contas para evitar prejuízos com a queda do preço da arroba do boi. O setor enfrenta dificuldades e todos são unânimes em revelar as perdas de até 30% neste ano de 2023. A situação é difícil e nem mesmo as reduções de commodities, como milho e soja, serão capazes de reverter o quadro negativo para os produtores.
No dia 26 de maio do ano passado, o preço da arroba do boi gordo custava R$ 319,10. Na mesma data deste ano, última em que foi divulgado o preço pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço estava custando R$ 253,30, queda de 25,98%.
Segundo dados do Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de Marília, a região conta com 2.400 propriedades e 398 mil cabeças de gado. Além de Marília, a regional conta com as cidades de Álvaro de Carvalho, Alvinlândia, Fernão, Gália, Garça, Lupércio, Ocauçu, Oriente, Oscar Bressane, Pompeia, Quintana e Vera Cruz.
De acordo com o pecuarista José Luiz Tavares Sebastião, o preço está caindo praticamente todos os dias. Ele lembra que o preço de 2022 bateu em R$ 350, mas desde então vem caindo gradativamente.
“Está muito difícil para o setor. Temos o problema da China, que está comprando em um volume menor. O consumo interno também não está muito bom. Começou a sobrar boi no mercado e o pessoal que vendeu por R$ 320 no ano passado não consegue R$ 250 agora. Caiu muito para o pecuarista, mas pouco para o consumidor. As perdas ficam em torno de 30%”, explica o pecuarista.
Sebastião conta que a perda é para todos os setores da pecuária, seja quem vende o boi gordo, boi magro ou bezerro. É que os preços estão atrelados e, com a redução do valor do boi gordo, os demais também sofrem significativa queda.
“O preço da soja e do milho caíram também, o que reduziu um pouco o custo, mas não chega ao patamar do preço da arroba do boi. Quem está ganhando é o vendedor da ponta. Os açougues e supermercados aumentaram a margem de lucro, pois o consumidor final não está recebendo a carne em preço tão mais baixo. Isso não ajuda a aumentar a demanda, que ainda é baixa”, pontua o pecuarista.
Com cerca de mil cabeças de gado em Marília, Fernando Vilela tem segurado a venda dos animais, na esperança do preço melhorar. Ele concorda que os insumos tiveram redução, mas também afirmou que o custo final caiu além do que conseguiu economizar.
“Com o preço caindo nesta época da seca, quem tem boi gordo, com o valor baixo, não sei como vai se virar. Estou segurando um pouco a venda, mas vamos ver como vai reagir. Quem tiver boi gordo tem que segurar um pouco, mas antes de começar a emagrecer, com a pastagem seca, vai ter que vender”, explica Vilela.
A queda no preço tem explicação em alguns fatores, como a safra recorde de grãos utilizados no complemento da alimentação do gado, bem como a queda nas exportações para a China e a falta de local para armazenamento para os insumos. “A chuva que está prevista para os próximos dias ajuda um pouco, mas o tempo frio e a luminosidade menor faz com que o pasto não cresça. Os juros altos também complicam quem pegou dinheiro emprestado de banco”, finaliza o pecuarista.