Marília segue com ações intensas para evitar epidemia de dengue
Em meio ao risco de uma epidemia de dengue, a população de Marília tem um papel fundamental no combate ao mosquito Aedes aegypti, principal transmissor da doença. Com 118 casos confirmados neste ano, a cidade vive um momento desafiador, mas possível de ser revertido com a colaboração da população.
O Índice de Breteau, usado para medição, ficou em 6,9% no mês de janeiro, sendo que acima do 3,9% é considerado alto o risco de surto de dengue. Apesar disso, na comparação com o ano passado, houve queda de 77,7% nos casos confirmados de dengue nas dez primeiras semanas de 2023. Foram 118 neste ano, contra 528 registros positivos no mesmo período de 2022.
De acordo com o supervisor da Divisão de Zoonoses, Rafael Colombo Filho, com o fim do verão, as chuvas devem diminuir e a tendência é que o número de casos se torne menor nas próximas semanas. Mesmo assim, o profissional alerta para o risco de uma epidemia da doença.
“Hoje estamos vivendo o início do outono. Terminou o verão e existe uma tendência das chuvas diminuírem, mas seguimos em estado de alerta, pois o município ainda corre risco de ter uma epidemia de dengue com grande proporção”, alerta Colombo.
Sem o veneno utilizado no conhecido “fumacê”, que não é enviado pelo Ministério da Saúde desde o início do ano para Marília, a Secretaria Municipal da Saúde tem intensificado as ações dos agentes de endemias.
“Temos um trabalho ininterrupto, de segunda a sexta, com agentes de combate a endemia, cada um em sua unidade, fazendo o bloqueio em locais com suspeitos e positivos. É feito a visita na casa, identificando e eliminando os focos, com o uso do larvicida. Aos sábados, há um ano, concentramos as ações nos locais de maior incidência e vulnerabilidade da área. São cerca de 70 agentes em um trabalho gigantesco”, explica Colombo.
A eliminação dos criadouros do mosquito é a forma mais eficaz de prevenir a doença. O Aedes aegypti se reproduz em água parada, principalmente em recipientes como pneus, garrafas e vasos de plantas. Por isso, é essencial que a população adote medidas simples, mas que fazem toda a diferença, como manter as caixas d’água fechadas, não acumular lixo e entulho em quintais e terrenos baldios, e eliminar recipientes que possam acumular água.
Além disso, é importante que a população esteja atenta aos sintomas da dengue, como febre, dores de cabeça e no corpo, náuseas e vômitos, e procure imediatamente um serviço de saúde em caso de suspeita da doença. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações e óbitos.
“Além do rápido tratamento, quando é feita a notificação de um caso suspeito, logo de início, temos condições de realizar um bloqueio naquela localidade, impedindo que o mosquito transmita a doença para mais pessoas das redondezas”, conta o supervisor da Divisão de Zoonozes.
IMÓVEIS FECHADOS E RECUSAS
Um problema apontado por Colombo no combate ao mosquito é o alto índice de imóveis fechados ou de recusas. Colombo explica que quase metade dos imóveis se encontram fechados quando são visitados pelos agentes de endemias.
“Nossa sociedade mudou. Hoje o marido e a esposa trabalham fora e a casa fica fechada. Isso dificulta o nosso trabalho. Também temos enfrentado recusas de moradores, que não permitem a entrada nos imóveis. Essa situação sempre existiu, mas piorou desde o início da pandemia. É importante a visita dos agentes, pois eles possuem um olhar treinador e são especialistas em encontrar água parada em locais que o morador talvez não imaginasse”, diz.
Colombo diz que é feito um trabalho de controle ambiental em alguns imóveis, com alto risco de propagação de criadouros do mosquito que transmite a dengue, com borracharias e ferros-velhos.
“Temos um trabalho de controle ambiental em imóveis que são cadastrados como pontos estratégicos. São os casos de borracharias, ferros-velhos, que possuem forte potencial de mosquito. Uma equipe especial visita de 15 em 15 dias, colocando larvicida e passando orientações. Em ciclos bimestrais aplicamos um inseticida, com efeito residual. Depois que seca o veneno, o pernilongo pousa no local e ainda assim morre” explica Colombo.
De acordo com o prefeito de Marília, Daniel Alonso (sem partido), todos os esforços da Prefeitura e das secretarias diretamente envolvidas no enfrentamento da dengue, começando pela Saúde, passando pela pasta da Limpeza Pública e até mesmo a Educação, que auxilia na orientação das crianças e suas famílias, são constantes.
“O mosquito Aedes aegypti não ‘dorme em serviço’ e, por isso, autorizamos todas as estratégias de investimentos nesta política pública. Realizamos bloqueios e intensificações. Conferimos os espaços públicos e convidamos a população para que cooperem conosco, evite água parada e receba os nossos agentes”, salienta Alonso.
O secretário-adjunto municipal de Saúde, o médico Osvaldo Ferioli Pereira, contextualiza que o enfrentamento da dengue não consiste em algo sazonal ou esporádico da rede de atenção básica de saúde, mas sim em uma política permanente.
“O trabalho integrado de nossas equipes, a sintonia entre os servidores que estão na ponta, no atendimento às famílias, com os gestores e membros das coordenações faz toda a diferença. Isso porque assim que nos chega os casos suspeitos, imediatamente, a rede se articula e promove o enfrentamento”, conclui.