Desperdício ainda é problema no Dia da Água em Marília
Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, o Dia Mundial da Água é comemorado nesta quarta-feira (22) para conscientizar a população sobre a importância desse recurso vital para a vida no planeta e para o desenvolvimento sustentável.
Segundo um levantamento feito pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, por meio de georreferenciamento, foram identificadas 1.448 nascentes em Marília, sendo 113 delas na área urbana. Apesar disso, conforme os dados do Instituto Trata Brasil, disponíveis do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), a cidade apresentava 47,6% da água tratada desperdiçada.
O levantamento é com base em informações de 2019 e foi divulgado no estudo de 2021. O desperdício estudado leva em consideração o “volume de água disponibilizado, que não foi contabilizado como utilizado pelos consumidores”. O problema pode ser por vazamentos, falhas nos sistemas de medição ou mesmo por ligações clandestinas.
Essa perda de água representa um desperdício significativo de um recurso natural cada vez mais escasso e valioso, além de gerar prejuízos financeiros para o Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem) – atual responsável pelo abastecimento do município – e para os consumidores que pagam por uma bem que não chega a ser efetivamente utilizado.
Para o ambientalista Rodrigo Más, a cidade conta com uma infraestrutura defasada abaixo do solo, com um sistema de abastecimento antigo, que ainda possui muitos vazamentos. Além disso, o especialista ressalta a questão comportamental das pessoas, apontada como inadequada.
“Ainda vejo muita gente lavando calçada. A arquitetura nas construções também deveria prever o reuso da água. Isso precisa ser incentivado e colocado efetivamente em prática”, salienta o ambientalista.
O Instituto Trata Brasil divulgou um relatório no ano passado, feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento em 2020, que apontou que o volume de água tratada perdida nos sistemas de distribuição no Brasil equivale a 7,8 mil piscinas olímpicas diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira – maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo.
Mesmo considerando apenas os 60% deste volume que são de perdas físicas, ou seja, de vazamentos, trata-se de uma quantidade suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, equivalente a um pouco mais de 30% da população brasileira em 2020.
No país, aproximadamente 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada sequer para lavar as mãos. Enquanto isso, 40,1% do líquido é perdido antes mesmo de chegar à casa das pessoas.
“Houve avanço no país. Podemos dizer que melhorou, mas é um avanço pífio. Hoje 100 milhões de brasileiros não possuem esgoto e 35 milhões não contam com acesso à água potável. É algo alarmante. Estamos caminhando com passos de formiga. Não dá para dizer que tivemos muitos avanços em Marília, já que o Daem será privatizado. É assinar um recibo de incompetência”, critica Más.
Nesta quarta-feira (22), a partir das 8h30, alunos do Colégio Esmeraldas e da Escola Municipal de Educação Fundamental (Emef) Professora Nicácia Garcia Gil estarão presentes na represa Cascata, zona Leste de Marília, para o plantio de 50 mudas de árvores. O objetivo é o resgate da mata ciliar e principalmente a conscientização dos estudantes sobre a importância do tema. O evento também vai contar com a presença da Polícia Militar Ambiental.
Além dos investimentos no combate às perdas, com troca de tubulações antigas, instalação de equipamentos de medição e controle de vazamentos, é preciso promover a conscientização da população sobre o uso responsável da água.
Cada cidadão precisa fazer a sua parte para evitar o desperdício de água nas próprias residências e empresas, adotando práticas como o reuso de água de chuva, o conserto de vazamentos e a redução do tempo de banho. Neste Dia Mundial da Água, é fundamental que todos reflitam sobre a importância desse recurso vital para a vida e para o futuro do planeta.